Em 2016, a cada 50 minutos morreu uma pessoa em Portugal por doenças atribuíveis ao tabaco, revela o relatório «Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo 2017», apresentado pela Direção-Geral da Saúde.
Em Portugal, o tabaco é uma das principais causas evitáveis de morte prematura por cancro, por doenças respiratórias e por doenças cérebro-cardiovasculares.
Esta é uma das conclusões do relatório do programa Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo 2017, da Direção-Geral da Saúde (DGS), que faz um ponto de situação sobre a prevenção e o controlo do tabagismo em Portugal.
O documento revela ainda que o tabaco contribui para uma morte a cada 50 minutos, que uma em cada quatro mortes no grupo dos 50-59 anos é devida ao tabaco e que há cada vez menos homens e cada vez mais mulheres a fumar.
O relatório do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo compilou dados de 2016, com base em estimativas do ‘Institute of Health Metrics and Evaluation’ sobre o consumo de tabaco e as suas consequências em Portugal. Naquele ano, morreram no país mais de 11.800 pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco.
“Apesar dos esforços e das medidas de prevenção e controlo que vêm sendo adotadas desde a década de 80 do século passado, o tabagismo continua a ser, em Portugal e no mundo, um dos mais importantes fatores evitáveis de doenças crónicas não transmissíveis e de mortalidade prematura”, refere o relatório do programa Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo 2017.
Consequências do tabaco
O relatório da DGS é arrasador quanto às consequências do consumo de tabaco. “Fumar diminui a imunidade, aumentando o risco de infeções respiratórias e de morte por tuberculose. Fumar diminui a fertilidade. Fumar durante a gravidez é lesivo para o desenvolvimento fetal e agrava o risco de complicações perinatais. Fumar provoca envelhecimento prematuro”, alerta.
Afetados são também aqueles que estão constantemente expostos ao fumo, por proximidade com quem consuma tabaco, já que essa mesma exposição “pode causar irritação ocular e das vias respiratórias, é fator de agravamento da asma e aumenta o risco de cancro do pulmão e de doenças cardiovasculares”, lê-se no relatório.
“Embora o tabaco represente uma forte ameaça à saúde pública”, a falta de conhecimento sobre as suas consequências para a saúde, os interesses económicos associados à indústria tabaqueira, o lobbying e o marketing comercial e a aceitação social do consumo são “fortes entraves à adoção de medidas de prevenção e controlo de reconhecida eficácia”, lamenta a DGS.
Mas há, por outro lado, boas notícias, de acordo com documento. Reduziu a experimentação do tabaco nos alunos do ensino público dos 13 aos 18 anos, há cada vez mais pessoas a deixar de fumar e aumentou o número de consultas de apoio à cessação tabágica realizadas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), assim como o número de locais de consulta.
Em 2017, e pela primeira vez, foi implementada a comparticipação dos medicamentos antitabágicos sujeitos a receita médica.
Até 2020, o programa Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo 2017 da DGS espera ainda reduzir a prevalência de fumadores na população com 15 ou mais anos para um valor inferior a 17%, travar o aumento do consumo de tabaco nas mulheres, eliminar a exposição ao fumo ambiental do tabaco e reduzir as desigualdades na proporção de fumadores entre regiões do país, na população com 15 ou mais anos.
Ana Grácio Pinto
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