Dois despistes de tratores agrícolas fizeram, um morto e um ferido grave, no concelho da Sertã. O despiste do trator que provocou a vítima mortal aconteceu em Viseu Fundeiro, freguesia do Carvalhal e vitimou um homem de 80 anos. De acordo com o Comando Distrital de Operações de Socorro de Castelo Branco, o óbito foi declarado no local pelo médico do INEM. No que respeita ao outro acidente, envolvendo também um trator agrícola, aconteceu em Venda da Pedra, freguesia da Sertã, e provocou um ferido grave. Trata-se de um homem de 45 anos que foi transportado para o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Por que morrem tantas pessoas com tractores agrícolas em Portugal?
Acidentes continuam a aumentar e com consequências cada vez mais trágicas. Agricultores idosos, falta de formação dos condutores, de manutenção dos veículos, e características dos terrenos são algumas das causas, depois as mortes a maior parte das vezes, acontecem por rebaixamento do arco de segurança “ vulgo Stª António” que uma vez rebaixado, para não tocar nas árvores, quando se passa por debaixo, leva que o trator capote e o condutor fique debaixo do mesmo. A exigência de limpar os terrenos, leva que muitos proprietários de máquinas, com roça matos, avancem, às cegas e sejam traídos pelos socalcos. Ninguem nunca deu formação a estas pessoas, e quando se fala em cursos ou certificações obrigatórias, podem não vir a resolver coisa nenhuma, já que quando estiver em vigor, os formadores, como é norma em Portugal, não tem experiencia para dar cursos ou normas de segurança ativas e em prática no campo, especialmente em terrenos acidentados e pinhais inclinados. Hoje os tractores tem um centro de gravidade demasiado alto, são mais estreitos e ao mais pequeno declive tombam. Mas quem morre acima de tudo são homens de de idade avançada, com pouca instrução, traído pelo cansaço. São três características a ter em conta para traçar o perfil da maioria das vítimas de acidentes com tratores agrícolas, uma realidade em que Portugal ocupa lugar de destaque, infelizmente. Só nos últimos cinco anos, morreram 358 pessoas nesta situação. Os acidentes com tratores em Portugal são, infelizmente, demasiado regulares. Mais de 50% dos acidentes com vítimas mortais surge com operadores do sexo masculino, com uma idade superior a 65 anos, com baixo nível de qualificações e sinais de fadiga de horas a fio a trabalhar, e por vezes a ingestão de um “copito” que lhe condiciona os reflexos. Apesar de estar só na 12ª posição em termos de dimensão de superfície agrícola, Portugal é o terceiro país da União Europeia que regista mais mortes em acidentes com tratores, sendo apenas ultrapassado pela Grécia e pela Polónia. Os acidentes com tratores assumem-se determinantemente como a principal causa de morte no trabalho agrícola.
A maioria dos acidentes com tratores ocorre em propriedades agrícolas e são muitas vezes semelhantes: o veículo despista-se, capota e apanha o condutor, esmagando-o.
Entre as causas, o envelhecimento dos condutores e o facilitar, ou ter demasiado confiança, quando já não há destreza. “Portugal tem os agricultores mais velhos da União Europeia, cuja média de idades passou dos 63 anos em 2009 para os 65 anos em 2016. Ao envelhecimento encontram-se ainda associados reduzidos conhecimentos sobre os riscos dos equipamentos e uma quase total ausência de formação. A antiguidade e a falta de manutenção dos veículos e a não utilização das estruturas de segurança são outros perigos a ter em conta. O arco impede que o tratr fique de rodas para o ar!
Aproximadamente 50% dos tratores têm mais de 30 anos.
Ou seja, tratores para os quais ainda não existia a obrigatoriedade de possuírem estruturas de segurança anti capotamento. Nos novos isso já vem de origem, mas não impede que se rebata o arco. É preciso sangue novo, com a atração de mais jovens para a agricultura mas pos jovens não estão para aí virados.
O Governo introduziu recentemente algumas medidas para tentar reduzir os níveis de sinistralidade com tratores e máquinas agrícolas, como a obrigatoriedade da inspeção aos tratores e da participação dos condutores em ações de formação. Com as recentes alterações ao Código da Estrada, a formação passou a ser obrigatória para os condutores de veículos agrícolas da categoria II (tratores agrícolas ou florestais, simples ou com equipamentos montados, bem como os tratores agrícolas ou florestais com reboque ou máquina rebocada) e da categoria III (tratores agrícolas ou florestais com ou sem reboque e as máquinas agrícolas ou florestais pesadas, com peso superior a 3,5 toneladas). Será que isso vai ajudar a reduzir os acidentes? O ideal seria haver subs+idos para a compra de máquinas novas, pois temos tratores a trabalhar nos campos com mais de 30 e 40 anos
ANTÓNIO FREITAS