As invasões francesas no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1811, vão ser recriadas entre dias 25-26 e 27 de Maio (sexta-feira e domingo por cerca de uma centena de figurantes), segundo o presidente do município, Nuno Moita.
A recriação, que se realiza pelo terceiro ano consecutivo, terá este ano “uma dimensão muito maior”, a todos os níveis, do que nas duas edições anteriores, que envolveram apenas alguns figurantes e decorreram num só dia, salientou, o presidente da Câmara da vila vizinha de Coimbra.
Na sua retirada de Portugal, a retaguarda do exército francês, comandado pelo general Massena, foi atacado pelas tropas luso inglesas, em 14 de março de 1811, na localidade de Casal Novo, confronto que voltará a ser encenado, mas por mais pessoas e com mais meios do que nas duas edições anteriores.
O rasto de destruição de parte do território que as tropas francesas deixaram no concelho, saqueando e lançando fogo, designadamente a edifícios, como o palácio onde hoje estão os Paços do Concelho de Condeixa-a-Nova, no centro da vila, também será evocado na III edição das Invasões Francesas em Condeixa, que conta com a colaboração de diversas associações de recriação histórico-militar portuguesas e estrangeiras, particularmente do Grupo de Recriação Histórico-Militar de Almeida (no distrito da Guarda) e da Associação Napoleónica.
As vivências daquela época no ‘mercado oitocentista’, com a participação de diversos artesãos, com destaque para os ceramistas das louças de Conímbriga, e vários momentos culturais e de recreio e lazer fazem igualmente parte do evento, que pretende “reafirmar Condeixa como uma terra com História e histórias marcantes” e promover o turismo, sublinha Nuno Moita.
No sábado, haverá marchas e parada militar (10:30), e exercícios militares e exposição de maquetes nos Paços do Concelho (17:00), combates de rua e expulsão dos franceses (22:00) e uma serenata futrica coimbrã (na Praça da República, às 23:00).
A recriação da batalha do Casal Novo (local para onde será assegurado transporte e para o qual já estão inscritas cerca de duas centenas de pessoas), “com armas de fogo da época disparando pólvora seca”, em resultado de uma parceria com Associação Portuguesa de Recriações Históricas, está agendada para as 09:00 de domingo, dia em que se manterá em funcionamento o mercado oitocentista e para o qual também estão previstas animação com gaiteiros e poetas e, às 16:00, um concerto da banda filarmónica oitocentista de Vila Nova de Anços (Soure).
Combate de Casal Novo
O Combate de Casal Novo foi travado no dia 14 de Março de 1811 durante a retirada de Massena, no final da terceira invasão francesa de Portugal.
Durante a terceira invasão francesa de Portugal, o exército de Massena foi detido pelo sistema defensivo conhecido como Linhas de Torres Vedras. Por não ter recebido reforços que lhe permitissem atacar as Linhas de Torres e perante as grandes dificuldades em abastecer o seu exército, Massena decidiu retirar em direcção ao Vale do Mondego A partir de Condeixa, Massena compreendeu que não tinha condições para se estabelecer no Vale do Mondego e, por isso, decidiu seguir em direcção à fronteira espanhola. O primeiro objectivo era Celorico onde o deveria aguardar a Divisão Conroux do Nono Corpo de Exército (IX CE). Enquanto o VIII CE seguia pela estrada Condeixa – Casal Novo – Miranda de Corvo e escoltava os trens, o VI CE continuou a ter a missão de constituir a Guarda de Retaguarda do exército de Massena. Foi nesta missão que se registou o Combate de Casal Novo. Por Casal Novo passava (e passa) a estrada que ligava Condeixa a Miranda do Corvo ficando estas povoações a cerca de 6 Km e 15 Km respectivamente. Aquele lugar fica situado numa posição dominante sobre o planalto do lado de Condeixa e por onde a estrada faz a aproximação da povoação. Esta estava rodeada de cercados e muros de pedra que conferiam, a quem ocupasse o terreno, boa protecção contra o fogo dos mosquetes. A seguir a Casal Novo, o terreno é montanhoso até Miranda do Corvo.