As prevalências de excesso de peso e obesidade infantil diminuíram entre 2008 e 2016, ano em que 11,7% das crianças eram obesas e 30,7% tinham peso a mais. Hoje assinala-se o Dia Nacional e Europeu da Obesidade.
Os dados foram cecolhidos no relatório COSI Portugal 2016 (Childhood obesity surveillance initiative – Iniciativa de vigilância da obesidade infantil), que descreve detalhadamente a evolução do estado nutricional da população escolar portuguesa entre os 6 e os 8 anos de idade, nos períodos de 2007/2008 e 2015/2016.
Trata-se de uma colaboração entre o Instituto Ricardo Jorge, a Direção-Geral da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) Europa, que o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) tem acompanhado, com a recolha de informação realizada por equipas de todas as Administrações Regionais de Saúde do país e Regiões Autónomas da Madeira e Açores.
Para este estudo foram propostas 8.412 crianças do ensino básico, tendo sido avaliadas 6.745 crianças, daas quais 50,4 % do sexo feminino, entre os 6 e os 8 anos de idade, de 230 escolas do 1º ciclo.
No período em análise, registou-se uma redução de 3,6% de obesidade – de 15,3% em 2008 para 11,7% em 2016. Houver ainda uma queda de 7,2% do excesso de peso – de 37,9% em 2008 para 30,7% em 2016.
“Os dados do COSI Portugal 2016 revelam um decréscimo na obesidade infantil, nos últimos oito anos, fruto de muito fatores, entre os quais o trabalho realizado pelos profissionais de saúde e educação. No entanto, o excesso de peso em Portugal continua ainda extremamente elevado, no contexto europeu, atingindo 30,7 % das crianças analisadas”, elertam os responsáveis pelo relatório.
De acordo com o estudo, no período entre 2008 e 2016, todas as regiões portuguesas tiveram um decréscimo na prevalência de excesso de peso, incluindo obesidade. O decréscimo foi mais acentuado nas regiões dos Açores (-15,6 %), de Lisboa e Vale do Tejo (-9,0 %) e do Centro (-8,1 %).
A obesidade infantil foi mais prevalente nas crianças com oito anos (13,9%) e na região norte do país (33,9%), na Madeira (31,6%) e nos Açores (31%). O Algarve foi a região com menor prevalência de obesidade infantil (21,1%).
Meninos mais propensos à obesidade
A prevalência da obesidade nas crianças com sete anos situava-se nos 11,4% e nas de seis anos nos 10,4%, refere o COSI, que produz dados comparáveis entre países da Europa e permite a monitorização da obesidade infantil a cada três anos.
O estudo indica que os meninos tinham uma maior prevalência de obesidade (12,6%) do que as meninas (10,9%), enquanto nas raparigas verificou-se uma maior prevalência de excesso de peso (31,6%), contra 29,8% dos rapazes.
Relativamente ao baixo peso, a percentagem é igual nas meninas e nos meninos: 0,9%.
Analisando os hábitos alimentares, o estudo verificou que as crianças consomem diariamente fruta (63,3%), sopa (56,6%), legumes (37,7%), carne (17,3%) e peixe (9,8%).
A maioria (88,7%) das crianças consome até três vezes por semana pizas, batatas fritas, hambúrgueres, enchidos, 86,8% comem rebuçados, gomas ou chocolate, 83,3% batatas fritas de pacote, folhados e pipocas, 75,1% biscoitos, bolachas doces, bolos e donuts e 65,3% refrigerantes açucarados.
Dois terços das crianças praticavam atividade física três ou mais horas por dia durante o fim de semana e 76,6% eram transportados de automóvel para a escola.
Analisando os comportamentos sedentários, o estudo revelou que 54% jogavam jogos eletrónicos uma a duas horas por dia durante o fim de semana e 75,5% uma a duas horas por dia durante a semana.
O COSI Portugal está integrado no sistema europeu de vigilância nutricional infantil, no qual participam 40 países da Região Europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS).