O comunicado foi divulgado pela Assembleia de Representantes da Ordem dos Médicos, o órgão máximo de representação dos médicos, que agrega 118 clínicos em representação dos médicos de todos os distritos de Portugal.
O documento aprovado na reunião de ontem da Assembleia de Representantes da Ordem dos Médicos, começa por referir que “os nossos concidadãos e os médicos estão indignados com a situação que se vive atualmente na Saúde”.
Afirmam ainda que os médicos “sentem-se frustrados e revoltados” por não conseguirem muitas vezes dar a resposta “adequada e desejada” às necessidades das pessoas, “preservando a dignidade do ato médico e a segurança clínica, dado existirem falhas graves nas condições de trabalho, a vários níveis”.
A falta de capital humano, ausência de estruturas físicas minimamente adequadas ao exercício da profissão, a existência de equipamentos “fora de prazo” e sem manutenção, a falta de dispositivos médicos e materiais clínicos adequados, são as falhas apontadas no comunicado.
Os subscritortes do documento queixam-se ainda da “pressão excessiva e a interferência, por parte da tutela, nas boas práticas médicas e, consequentemente, na qualidade da medicina” afirmando que tal “ultrapassou o limite do aceitável”.
Para os mais de 60 médicos presentes no encontro é que aprovaram o texto, “o estado da Saúde já não permite qualquer atitude expectante”.
“A partir deste momento justificam-se plenamente todas as formas de protesto e de intervenção construtiva que os médicos entendam levar a cabo”, referem.
O bastonário Miguel Guimarães lança também um apelo à “união de todos os médicos e a uma participação robusta” de todos os profissionais numa “onda de contestação positiva”.
Para o bastonário, a tomada de posição da Assembleia de Representantes é histórica, uma vez que este órgão não se pronuncia habitualmente sobre matérias de cariz tão político.
Em declarações à Lusa, o bastonário disse que o movimento de contestação à atual política “já não é só da Ordem ou dos sindicatos”, mas da esmagadora maioria dos profissionais.
Miguel Guimarães vai promover reuniões com todas as direções das associações e sociedades científicas e com os colégios de especialidade para debater a atual situação da saúde e para incentivar à “contestação positiva”.
A Assembleia de Representantes aprovou ainda uma referência à greve dos médicos, responsabilizando o ministro da Saúde e o Governo “por todos os atrasos e constrangimentos que afectaram” os doentes durante os três dias de paralisação na semana passada.