“Fechado um ciclo de 8 anos de gestão do Instituto Politécnico do Porto, entre Março de 2010 e Março de 2018, no qual fui Vice-Presidente para as áreas de Investigação, Inovação e Internacionalização, merece realce o processo de Internacionalização do IPP com o Brasil, um país onde tínhamos escassas ligações em 2010 e no qual usámos uma abordagem transversal de atuação, com projetos, duplas-titulações, mobilidades, estudantes internacionais e acordos com Ministérios e Conselho de Reitores do Brasil”.
Passamos, em poucos anos, de uma instituição pouco conhecida para uma instituição internacional de referência no Brasil, com a qual os Ministérios do Brasil (MEC e MCTIC) assinaram acordos diretos porque quiseram estar connosco, e com capacidade de atrair várias centenas de estudantes internacionais por ano. Mesmo incluindo os estudantes em mobilidade Erasmus temos mais estudantes do Brasil do que de qualquer outro país.

Reunião entre Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação do Brasil com presidente e vice-presidente do IPP em 2014 para assinatura de acordo de cooperação
Muito importante neste processo foi o facto de termos coordenado grandes projetos de pesquisa e de internacionalização entre a Europa e o Brasil, como por exemplo os projetos do Programas-Quadro Europeus de pesquisa (FP7, H2020) ELECON, na área da Eficiência Energética, e GMOsensor, na área dos Alimentos Geneticamente Modificados, ou ainda do Programa Erasmus+ Capacity Building, como os projetos VISIR+, na área dos Laboratórios Remotos, e LAPASSION, na área dos Projetos Multidisciplinares para estudantes.
Nestes projetos tivemos a participação de Universidades como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), do Piauí (UFPI), Universidade de Pernambuco (UPE) e Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Tivemos também uma articulação muito forte com o Conselho dos Reitores dos Institutos Federais do Brasil (CONIF) e com os Institutos Federais de Santa Catarina (IFSC), do Sul Rio-Grandense (IFSUL), do Triângulo Mineiro (IFTM), de Goiás (IFG), do Maranhão (IFMA) e do Amazonas (IFAM).

Alunos de 13 instituições de Ensino Superior de seis países arrancam projetos Multidisciplinares LAPASSION em Santiago do Chile – 2018
Estes projetos permitiram não só a ligação entre Portugal e o Brasil mas também o envolvimento de vários outros países da Europa (Espanha, França, Alemanha, Áustria, Suécia e Finlândia) e da América Latina (Argentina, Chile e Uruguai). Por exemplo, neste momento, no âmbito do projeto LAPASSION, estão 39 estudantes de 6 países (Portugal, Espanha, Finlândia, Brasil, Chile e Uruguai) a desenvolver 6 projetos multidisciplinares em Santiago do Chile, vocacionados para o apoio à população sénior.
Ao nível das colaborações entre cursos merece também destaque os acordos assinados com a Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Destaque ainda para a formação de dezenas de funcionários (servidores) do IFTM, IFG, IFSUL e dos Institutos Federais Farroupilha (IFFarroupilha), de Mato Grosso (IFMT), Mato Grosso do Sul (IFMS) e Rondônia (IFRO). A vinda de cerca de 130 alunos do IFSC para estágios em grupos de pesquisa do IPP tem sido um grande sucesso, que começa a ser replicada agora por outros Institutos Federais como o de Minas Gerais (IFMG), Sudeste de Minas (IFSudesteMG), Rondônia (IFRO) e Rio de Janeiro (IFRJ).
Pessoalmente, e até pelo facto de ter nascido no Brasil, tenciono continuar a cooperar com o Brasil, é algo que é decidido com o coração, talvez difícil de explicar para quem não tenha nascido e vivido por aqueles lados.
Nesse contexto poderá ser importante o convite que recebi do Conselho de Reitores dos Institutos Federais do Brasil, que carinhosamente me chama ‘Embaixador dos Institutos Federais na Europa’, para cooperar nas áreas de Internacionalização, Pesquisa e Inovação, além dos diversos convites que tenho recebido ultimamente para efetuar palestras no Brasil, sobretudo pelo modo único como conseguimos articular a Investigação e a Inovação com a Internacionalização, modelo que algumas Instituições de Ensino Superior do Brasil pretendem adaptar.
Carlos Ramos