La Lys: “um vazio” na historiografia francesa

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A presença de soldados portugueses nas trincheiras da Flandres durante a I Guerra Mundial constitui “um vazio” na historiografia francesa, refere o historiador Georges Viaud, sublinhando que há um século essa presença era “bem conhecida”.
Espera-se que nesta comemoração do centenário da Batalha da Lys essa presença fique, dadas as comemorações, bem vincada.
As forças portuguesas perderam, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, 327 oficiais e cerca de 7.500 soldados, dos 721 e 20.359, respectivamente, que haviam entrado em combate.
“A presença portuguesa na Grande Guerra era bem conhecida naquela época. O ‘Le Figaro’, o ‘Le Matin’, o ‘L’Express du Midi’ de Toulouse são jornais que falaram da presença portuguesa na guerra.
Mais tarde há um vazio que se instala porque deixa de se falar da presença portuguesa e agora os historiadores franceses não estudaram essa presença”, indicou o presidente da Sociedade de História e Arqueologia do 14° bairro de Paris.
Para o historiador francês Emmanuel Saint-Fuscien, professor na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, a participação de Portugal na Primeira Guerra Mundial é, simplesmente, “um ângulo morto da historiografia europeia”, sobretudo francesa.
A segunda hipótese prende-se com a determinação de França “em insistir na participação do conjunto da nação”, ou seja, nas “regiões até aqui consideradas como periféricas – como o oeste da Bretanha, a Córsega, algumas partes do Midi e as colónias – o que apaga algumas participações estrangeiras”
O tema que não merecia destaque no universo editorial francês, o que levou o historiador Manuel do Nascimento a publicar dois livros sobre o tema, «A Batalha de La Lys» e «Primeira Guerra Mundial: Os soldados portugueses das trincheiras da Flandres e a mão-de-obra portuguesa a pedido do Estado francês». “Quando apresentei o primeiro livro à editora disseram-me que os franceses desconheciam o tema. Sempre que vou a palestras, todos os franceses ficam de boca aberta porque desconhecem a participação portuguesa”, afirmou Manuel do Nascimento.

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