Nos últimos seis anos, os jovens portugueses entre os 15 e os 22 anos aumentaram em três vezes o uso da internet e em quatro vezes o acesso às redes sociais, no telemóvel. Revela um estudo sobre a utilização de telemóveis e o risco associado à exposição à radiação eletromagnética.
Este é um dos resultados de um estudo realizado junto de jovens portugueses por uma equipa de investigadores do INOV-INESC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores) e do IST (Instituto Superior Técnico) que anuncia as tendências de seis anos de inquéritos aos jovens sobre utilização de telemóveis e o risco associado à exposição à radiação eletromagnética.
No âmbito do projeto ‘FAQtos’ sobre a informação em comunicações móveis, a equipa fez, nos últimos seis anos, inquéritos a jovens portugueses entre os 15 e os 22 anos. Os resultados foram agora tornados públicos no estudo ‘Telemóveis e os Jovens: Utilização e Preocupações 2016/2017’.
Os 9.091 inquéritos foram realizados em 138 estabelecimentos de ensino secundário em todo o país, ao longo de seis anos letivos – entre 2010 e 2017, e mostram que os jovens entre os 15 e os 22 anos aumentaram em três vezes a utilização da internet no telemóvel: de 33% em 2010/2011 para mais de 97% em 2016/2017.
Cresceu também, no mesmo período, o acesso às redes sociais via telemóvel. Neste caso, o acesso quadruplicou em seis anos, sendo uma das principais motivações para o uso do telemóvel, “num universo em que mais de 92% possui um tarifário que inclui pacote de dados, mas apenas 20% aponta restrições à utilização por parte dos pais”, indica o estudo.
O questionário permitiu ainda saber que a maioria dos inquiridos recebeu o primeiro telemóvel quando ainda eram crianças, por volta dos 10 anos de idade – o que coincide com a entrada no 2º ciclo do Ensino Básico. E apenas 39 alunos disseram não ter qualquer dispositivo de comunicações móveis.
Jovens portugueses trocam mais mensagens
Os dados recolhidos pelo projeto ‘FAQtos’ mostram ainda que, para além do acesso à Internet, os jovens estão a usar cada vez mais os serviços de Voz, o SMS e a ouvir música/rádio no telemóvel, com uma elevada percentagem de utilização do auricular: 58,% no total dos seis anos de estudo. Outras opções incluem ainda os filmes/vídeos, as fotografias e a leitura.
“As tendências na utilização reportam valores bastante elevados – em média, 93 SMSs enviados e cerca de 27 minutos de chamadas por dia -, sendo de considerar o número expressivo de jovens com valores diários acima destas médias. A crescente utilização de canais para troca de mensagens baseados na internet (como ‘WhatsApp’, ‘Viber’ e ‘Snapchat’), possibilitada pelos tarifários com pacotes de dados, veio impactar diretamente no hábito de envio de mensagens ditas tradicionais, particularmente expressiva nos três primeiros anos do projeto”, refere um comunicado do INOV-INESC/IST.
São as raparigas que fazem os telefonemas mais longos, em média, mais oito minutos por dia, e enviam mais SMSs, mais 14 por dia, do que os rapazes. Já o número médio de chamadas diárias apresenta valores próximos tanto para rapazes como para raparigas: quatro telefonemas diários.
Quando questionados sobre a preocupação sobre os possíveis efeitos das radiações, os jovens portugueses acentuam a inversão na tendência: cerca de 36% dos jovens preocupam-se, face aos 19% que já procuraram informação sobre o tema.
O projeto ‘FAQtos’ desenvolve atividade na área da comunicação, na medição de radiações eletromagnéticas e investigação. Promove anualmente o Prémio ‘FAQtos’, um concurso nacional que premeia os melhores projetos de alunos do ensino secundário, professores orientadores e suas escolas, na criação de uma consciência coletiva sobre a utilização dos telemóveis.
Ana Grácio Pinto
