‘As Flores do Imperador – Do Bolbo ao Tapete’ é a primeira exposição do ano no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa
A exposição ‘As Flores do Imperador – Do Bolbo ao Tapete’, patente na Gulbenkian parte da análise dos motivos decorativos de dois tapetes da coleção de Arte Islâmica do museu para mostrar a riqueza das relações que os europeus estabeleceram com o Oriente.
“Ao longo do século XVI, as amplas relações que os europeus estabeleceram com o mundo redimensionaram o seu conhecimento acerca da natureza”, destaca uma nota sobre a mostra divulgada pelo Museu Calouste Gulbenkian.
Os dois tapetes que são o ponto de partida da exposição integram a coleção de Arte Islâmica da Coleção do Fundador, do Museu Calouste Gulbenkian e foram produzidos na Índia Mogol durante o reinado de Xá Jahan (1628-1658).
“A tipologia e o cariz naturalista dos desenhos florais patentes nestes exemplares sugerem os diálogos estabelecidos entre Oriente e Ocidente ao longo do século XVII e a circulação, à escala global, de pessoas, livros, imagens e espécimes botânicos” informa a nora do Museu Gulbenkian.

Miniatura. Índia, século XVII, período mogol. Museu Calouste Gulbenkian Foto: Catarina Gomes Ferreira
Dos álbuns para a corte Mogol
No século XVI, chegaram à Europa, provenientes das Índias Orientais e Ocidentais, novos produtos e novas espécies de plantas e de animais.
Do Levante chegaram sementes e bolbos de flores exóticas. Alvo de profunda admiração, a beleza destas flores motivou uma crescente atenção dos botânicos sobre o estudo da flora exótica e local.
“Muito requeridas e apreciadas por curiosos, eruditos e aristocratas, as flores passaram a ter lugar privilegiado nos jardins então criados. No entanto, apenas os jardins dos mais afortunados exibiam exemplares das tão requeridas plantas exóticas”, explica a nota da Gulbenkian.
Descritas por eruditos e botânicos, as flores foram representadas em álbuns profusamente ilustrados que tiveram uma grande circulação na Europa e nos vastos espaços imperiais.
Levados por viajantes e emissários europeus nas suas missões diplomáticas, religiosas e comerciais, estes volumes chegaram, desde finais do século XVI à corte Mogol onde foram muito apreciados.
Sob o patrocínio imperial, os artistas locais ensaiaram as técnicas de desenho e os modelos de representação patentes nos compêndios europeus.
Para além dos dois tapetes, ‘As Flores do Imperador – Do Bolbo ao Tapete’ dá a ver uma variedade de obras provenientes do acervo da Gulbenkian e de vários outros museus, bibliotecas e diversas coleções nacionais e internacionais.
Há obras vindas da Galeria Uffizi, de Florença (Itália), do Museu das Artes Decorativas de Paris e da Biblioteca Nacional de França, da Biblioteca da Universidade de Leiden (Holanda) e de instituições nacionais, como a Biblioteca Nacional, a Biblioteca da Universidade de Coimbra e o Museu Nogueira da Silva de Braga, entre outras.
A mostra ‘As Flores do Imperador – Do Bolbo ao Tapete’ está dividida em quatro capítulos temáticos e tem a curadoria de Clara Serra e Teresa Nobre de Carvalho.

‘Étude de Botanique’, (1614), Girolamo Pini,. Óleo sobre tela
Musée des Arts décoratifs,Paris
Jean Tholance
‘As Flores do Imperador’
Museu Calouste Gulbenkian
Coleção do Fundador – Galeria do Piso Inferior
Av. de Berna, 45A – Lisboa
Até 21 maio
Das 10h até 17h30
Visitas temáticas
– Metamorfose das Flores
3 março às 16h
Com Luis Mendonça de Carvalho
– Flores Peregrinas entre Oriente e Ocidente
5 maio às 16h
Com Manuel Miranda Fernandes