O primeiro aniversário de um bebé luso-brasileiro (mãe brasileira, pai português) com familiares nas áreas de Lisboa e do Porto, reuniu cerca de três dezenas de pessoas a uma certa distância das duas cidades, de modo a não impôr consideráveis jornadas.
Optou-se pelo interior, com a escolha de Seia. Foram beneficiados os portuenses (160 km), enquanto os lisboetas rodaram quase o dobro (300 km) até aquela “porta aberta” para a Serra da Estrela.
E em vez da desejada neve nas alturas, ofereceu-se aos convivas um belo sol e um cativante céu azul, que bem melhor deixou rever e apreciar a majestade da nossa montanha maior.
Situa-se Seia na encosta poente da Serra da Estrela. Ontem vila e hoje cidade, a sua área é vasta, alcança as maiores altitudes e compreende o ponto cimeiro do território continental do país, onde se ergue a emblemática Torre.
Hoje em dia, com as boas estradas que servem a região, vai-se num instante de Seia à Torre, com passagem pelo Sabugueiro – a povoação mais alta de Portugal – e pela Lagoa Comprida.
Como os restantes convivas, o quarteto que partiu de Lisboa instalou-se na Póvoa Velha, uma aldeia serrana a curta distância de Seia, onde todos se acolheram à característica “Casa do Pastor”, um conjunto de pequenas habitações de granito que datam do século XIX e foram totalmente reconstruídas segundo a traça original, com materiais tradicionais e dotadas de todas as comodidades.
Bem poderá dizer-se que se aliou ali com mestria o passado ao presente, de modo a receber com satisfação um máximo de 35 pessoas, que facilmente se deixam cativar pelo ambiente e pela tradição beirã de usos e costumes muito peculiares.
À noite, reunidos os convivas, os “Parabéns” foram para o “Cadu” (Carlos Eduardo), o bebé aniversariante, que apagou a sua primeira vela.

E no dia seguinte, o quarteto lisboeta foi à descoberta de Seia e subiu à Torre.
E no dia seguinte, o quarteto lisboeta, embora com o tempo limitado, foi à descoberta de Seia e subiu à Torre.
Após um “encontro” com Afonso Costa, um dos mais destacados políticos da chamada primeira República, ali nascido e homenageado com uma estátua, cada um foi às suas preferências, entre monumentos, museus e estabelecimentos de comércio local, com as mais diversas e tentadoras recordações, desde o que se come, o que se bebe, o que bem ornamenta uma residência e o que o frio aconselha para agasalho de um forasteiro.
Mas o mais famoso museu de Seia, o muito falado Museu do Pão, onde se pensava que se nos iria desdobrar a história do pão desde remotos tempos, não se nos revelou, somente o avistámos com longas filas de candidatos a visitantes, situação que não se coadunava com o escasso tempo disponível. Houve então quem optasse por uma breve visita a outro atractivo de Seia: o Museu do Brinquedo, que não estava lotado.
Instalado num edifício barroco do século XVIII, adquirido pela Câmara Municipal de Seia em 2002, reune este museu uma coletânea de cerca de 8000 brinquedos nacionais e estrangeiros, do passado e do presente. Como se refere num desdobrável,”é objectivo deste espaço museológico valorizar a actividade lúdica e o direito de brincar, preservando memórias, costumes e crenças dos tempos antigos e actuais”.
E mais se dá a saber que “com as suas raízes na cultura local, estes brinquedos foram oferecidos do museu por entidades e particulares de todo o mundo”. Compreende ainda o museu uma sala de exposições temporárias, um espaço de leitura, uma oficina, um auditório, uma cafetaria e um posto de vendas. Para recordar a infância e a adolescência, não há melhor: até o Rato Mickey se apresenta aos visitantes.
Ao meia-dia estávamos na Torre. Como já foi referido, o sol brilhava e o céu azul cativava, enquanto a paisagem planáltica impressionava e agradava sobremaneira, embora vista e revista desde há bem mais de meio século.
Estávamos num “último andar” que convida sempre a voltar breve, no designado Núcleo de Recreio da Torre, onde se dá a saber que: “O sítio da Torre é o local de maior altitude de Portugal continental, atingindo os 1993 metros. Localizado num planalto, é assinalado por um malhão de pedra que substituíu um outro mandado erigir em 1802 por D. João Vl, ainda regente, depois de se terem iniciado, em 1788, os trabalhos para a realização da carta geral do Reino. Inserido na Reserva Biogenética do Planalto Superior da Torre é um local único, de grande valor científico e sensibilidade ambiental e paisagística, que importa proteger e valorizar”.
De regresso a Seia, os imperativos da viagem de fim-de-semana não permitiram ir rever a conhecida e sempre apreciada “Cabeça da Velha”, considerada um dos mais notáveis antropoglifitas do mundo.
É um exemplar perfeitíssimo dos caprichos da natureza, cuja imagem merece ser divulgada pelo turismo regional e nacional. Há quatro décadas, consagrei à “Cabeça da Velha” a capa de uma revista de transportes e turismo que então dirigia.
Numa próxima oportunidade, a “Cabeça da Velha”, a “Cabeça do Velho” e a “Cabeça do Preto” serão visitadas.