No sábado, 13 de janeiro, a Livraria Lello, no Porto, celebra o seu 112º aniversário e mostra-se totalmente restaurada.
No dia em que completa 112 anos de fundação, a Livraria Lello apresenta-se completamente restaurada.
Além de abrir portas, às 10h da manhã, com todo o esplendor da inauguração em 1906, vai oferecer num dia pleno de eventos.
Uma bailarina a dançar ao som de uma valsa composta há 112 anos por Alfredo Keil e crianças a ouvirem contos de Beatrix Potter são algumas das atividades.
Haverá ainda um fotógrafo de chapéu de coco a reconstituir a famosa foto de Aurélio Paz dos Reis tirada na inauguração.
Serão apresentados os trabalhos de restauro e conservação desenvolvidos, assim como dos novos espaços que o estabelecimento irá devolver ao público
Teatro, performance, declamação vão acontecer ao longo de todo o dia, até ao encerramento, agendado para as 19h06, em recordação do ano da inauguração.
Será ainda inaugurada a instalação ‘O Rosto do Porto’, com 400 bustos de barro que juntam figuras célebres da cidade e cidadãos anónimos.
A visão de dois irmãos
A história da livraria Lello é também a história dos irmãos José e António Lello.
Nasceram na Casa de Ramadas, freguesia de Fontes, em Santa Marta de Penaguião, filhos de um proprietário rural.
José Lello foi o primeiro a ir para o Porto. Homem de cultura, amante da leitura, dos livros e da música, sonha tornar-se livreiro.
Conseguiu-o em 1881, com a abertura da primeira livraria e editora em sociedade com o seu cunhado.
Após o falecimento deste, José Lello criou a José Pinto de Sousa Lello & Irmão, na Rua do Almada, com o irmão António Lello, nove anos mais novo.
Conhecidos na cidade como os ‘irmãos unidos’, integraram um círculo de ativos burgueses e intelectuais do Porto.
Republicanos, naquela viragem de século envolveram-se na vida pública, no desenvolvimento industrial e comercial da cidade e na sua atividade cultural.
A atividade editorial da Lello & Irmão deu origem à criação de edições especiais, com a colaboração de artistas plásticos, ilustradores e pintores.
Em 1894, José Pinto de Sousa Lello comprou a Livraria Chardron aos então donos, juntamente com todo o seu espólio.
A livraria tinha feito o seu nome pela mão do francês Ernesto Chardron, influente editor que tinha publicado as primeiras edições de obras como as de Eça de Queirós ou Camilo Castelo Branco, por exemplo.
O edifício da Rua das Carmelitas foi moldado pela visão sumptuosa do engenheiro Francisco Xavier Esteves.
Inaugurado em 1906, mantém-se até hoje com a traça e decoração originais. Como se mantém também a admiração que causou.

Em 2017, um dos guias turísticos mais conceituados do mundo, destacou a Livraria Lello como uma das livrarias mais bonitas do mundo
Destaque internacional
A beleza da Livraria Lello não tem passado despercebida também fora do país. Só no ano passado, por exemplo, venceu o prémio ‘Expert’s Choice’.
O galardão reflete as recomendações nos melhores guias de viagem, revistas e jornais e reconhece a Livraria Lello como um dos maiores pontos de interesses do Porto.
Também em 2017 a publicação ‘CNN Travel’ destacou a Livraria Lello num artigo onde elencou 20 razões que levam o Porto a desafiar Lisboa como cidade preferida por quem visita Portugal.
No final do ano, o ‘Lonely Planet’, um dos guias turísticos mais conceituados do mundo, destacava a Livraria Lello como uma das Livrarias Mais Bonitas do Mundo, colocando-a na terceira posição.
Livraria Lello
Rua das Carmelitas 144 – Porto
Segunda a sexta: 10h00 – 19h30
Sábado e domingo: 10h00 – 19h00
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A "Harry Potter Book Night", iniciativa de âmbito global dedicada às aventuras do jovem aprendiz de feiticeiro, faz especial sentido na livraria portuense, até porque a própria autora revelou que a inspiração para o primeiro livro da saga surgiu quando dava aulas de inglês na cidade do Porto, em meados dos anos 1990.