A luta dentro dos partidos, visando a indigitação dos candidatos às diversas presidências locais e nacionais, assume por vezes contornos perfeitamente patéticos, relevando, ainda de forma pretensamente surda, as grandes teias de interesses pessoais e grupais que se movimentam em torno de determinada pessoa, e que não me venham dizer que o fazem com o pensamento exclusivo no bem-comum dos cidadãos, porque não é verdade. Esta afirmação faço-a porque os meus 34 anos de vida Municipal como Presidente de Câmara Adjunto em Orléans (França) me permitiram constatar e viver momentos patéticos, como acima refiro.
Recentemente, pela ocasião da votação do orçamento de Estado para o ano 2018, li com a maior atenção os comentários do Sr. Deputado Carlos Gonçalves, Deputado (PSD) pelo circulo eleitoral Europeu, relativamente ao ensino da língua portuguesa, na Europa, nomeadamente . no Luxemburgo, e este credível deputado, expunha que no Luxemburgo a Línga portuguesa é uma língua de emigrantes para emigrantes.
Este comentário relativamente ao Luxemburgo também o faço meu em França, e em palavras simples questiono; quando será integrado definitivamente o ensino da Língua Portuguesa nos curriculos oficiais do ensino das línguas oferecidas a todos aqueles que desejam escolher a língua portuguesa no decorrer dos seus estudos, sejam eles portugueses ou de origem portuguesa ou de qualquer outra nacionalidade, da mesma forma que um aluno escolhe espanhol, o italiano, o árabe etc. etc.
Portugal é o único país da Europa, salvo erro ou omissão, em que o ensino da língua depende do ministério dos negócios estrangeiros. Eu recordo-me, que quando estudava em Portugal e que o fiz até aos 19 anos, um ultimo ano lectivo no Instituto de Económicas e Financeiras no Porto, os meus professores de Francês, Inglês eram professores portugueses, devidamente diplomados para lecionar. Um exemplo, o Senhor Ministro Tiago Brandão Rodrigues, veio a França no pretérito dia 28 de Março de 2017 assinar um acordo de cooperação com a Senhora Ministra Francesa, Najar-Vallaud-Belkacem. O documento então assinado, colocava ou colocou o ensino do português no dispositivo EILE (Ensino Internacional de Língua Estrangeira) colocando o português no mesmo patamar de visibilidade de línguas já oferecidas no sistema do ensino francês, como o Inglês o Espanhol ou o Italiano.
Os emigrantes devem, tal como os alunos dos diversos ciclos em Portugal de poder beneficiar das mesmas regalias. Aliás trata-se aqui de uma questão “sine qua non”, porque se assim não acontecer a língua portuguesa acabará por desaparecer porque a nossa juventude frequentará as escolas, os colégios os liceus e mesmo as faculdades do país de acolhimento mas certamente que, não serão as associações que poderão garantir a expansão da língua portuguesa em França. Neste sentido em 2012 havia em França cerca de 14.000 Luso-descendentes, e no presente, somente 11.000 alunos. Ponho no ar, como jurista, a questão de constitucionalidade do ensino. Consta-se que no estrangeiro, e falo aqui de França foi vedado aos filhos dos trabalhadores portugueses no estrangeiro o acesso a um direito constitucional o de ter aulas de português; de poder escolher essa língua no colégio e no liceu.
É urgente acabar com as assinaturas do EILE e do ELCO e outras fantasias do género, e que o nosso governo faça pressão para obter, definitivamente que em todos os colégios, liceus o mesmo universidades, a Língua Portuguesa faça parte integrante do curso das línguas leccionadas e que os alunos de origem portuguesa ou não, possam escolher a língua que preferem. Ao governo, compete promover a língua Portuguesa através o mundo. Nós somos 270.000.000 a falar português neste planeta chamado TERRA.