Fundada em 1977, a GELPEIXE dedica-se à transformação e comercialização de alimentos ultracongelados. No ano em que celebrou 40 anos de atividade a empresa anunciou o estabelecimento de uma importante parceria estratégica com um dos maiores armadores da África do Sul, a ‘Sea Harvest’ que permite à GELPEIXE entrar no mundo da pesca. Neste ano a empresa anunciou ainda o investimento de cinco milhões de euros na ampliação da sua fábrica de Loures e apostou no lançamento de uma nova marca, a DELIDU. Manuel Tarré é fundador e presidente do conselho de administração da empresa que conta atualmente com 170 colaboradores e fechou 2016 com uma faturação de 53 milhões de euros.
Quais as vantagens da GELPEIXE na parceria estabelecida com um dos maiores armadores da África do Sul?
No ano em que celebrámos 40 anos de vida, celebrámos também a nossa estratégica parceria com um dos maiores armadores Sul-africanos a ‘Sea Harvest’.
É um desafio de dinâmica mútua, orientada para novos produtos, novos mercados e, sem dúvida, um desafio para bem consolidar o que temos e que nos tem permitido ultrapassar as 10.000 toneladas vendidas no ano passado.
Com este investimento passámos a estar na origem, ou seja, nas pescas, com todo o respeito que este novo enquadramento merece. Esta parceria tem como prioritário objetivo o crescermos juntos no mercado nacional, mas também no mercado internacional onde a procura é grande para um produto, o peixe selvagem ou de mar, que é um bem limitado e por isso mesmo deve ser cuidado e valorizado.
(…) Com este investimento passámos a estar na origem, ou seja, nas pescas, com todo o respeito que este novo enquadramento merece. Esta parceria tem como prioritário objetivo o crescermos juntos no mercado nacional, mas também no internacional onde a procura é grande para um produto, o peixe selvagem ou de mar, que é um bem limitado e por isso mesmo deve ser cuidado e valorizado (…)
Nesta parceria pretendemos ser igualmente ativos e imaginativos, tornando os números mais apelativos para a ‘GELPEIXE’ e a ‘Sea Harvest’, ao mesmo tempo que fazemos sentir nos nossos clientes que somos parceiros sérios, entendendo as suas preocupações e ousados em fazer o nosso melhor para os acordos celebrados serem igualmente os adequados para ambos.
Estamos nesta parceria alinhados na abordagem ao mercado e na celebração de acordos com todos. Pretendemos compromissos de médio e longo prazo visando satisfação ao longo de anos refletida em todos.
Temos uma linguagem semelhante na contemplação de mercado e estamos assim em sintonia, essencial para um bom ponto de partida num “corredor de alinhamento amplo”.
Quais os principais objetivos do investimento de cinco milhões de euros na fábrica de Loures?
O principal driver deste investimento foi aumentar a nossa capacidade de frio que era escassa para as nossas necessidades. A boa gestão de stocks de matéria-prima é fundamental, evitando custos exagerados em mercadorias uma vez que estamos numa área de atividade em que a sazonalidade implica tantas vezes, comprar hoje, para vender daqui a muitos meses. Assim, vemos reforçada a nossa capacidade de armazenagem, reduzindo custos de aluguer de frio em unidades externas e reduzindo custos também na movimentação dos stocks, já que para ser processada, toda a mercadoria passa pela nossa fábrica em Loures.
Hoje em dia a contenção de custos é vital para estarmos num mercado cada vez mais concorrencial e este investimento é sem dúvida, um passo grande nessa direção.
(…) Nesta parceria pretendemos ser igualmente ativos e imaginativos, tornando os números mais apelativos para a ‘GELPEIXE’ e a ‘Sea Harvest’, ao mesmo tempo que fazemos sentir nos nossos clientes que somos parceiros sérios, entendendo as suas preocupações e ousados em fazer o nosso melhor para os acordos celebrados serem igualmente os adequados para ambos (…)
Por outro lado, faremos nos próximos meses um investimento estratégico na unidade fabril, onde serão criados novos layouts, com compra de modernos equipamentos de embalagem, que vão permitir chegar ao consumidor com um produto mais apelativo e a um preço competitivo, já que também aqui, a redução de custos está presente.
Na vertente distribuição, estaremos a alterar equipamento de frio e caixas para formatos mais adequados ao mercado de hoje.
Este ano ficou ainda marcado pelo lançamento de uma nova marca?
As empresas tem que se reinventar a elas próprias. E quem tem a última palavra é o consumidor no momento da compra, que opta pelo produto que lhe transmite mais confiança, tem melhor imagem e tem um preço adequado. Ao fornecedor cabe a criatividade, mas é o consumidor que define o que compra. A oferta é diversa e há muitas opções no momento da decisão pelo que urge estarmos atentos ao detalhe e à diferenciação.
No momento em que cerca de 20 por cento do que faturamos já não é peixe. Tudo o que não seja peixe passou, a partir deste ano, com a celebração dos nossos 40 anos, a ter a marca ‘Delidu’ mas sempre algures na embalagem com a assinatura ‘GELPEIXE’.
(…) Portugal também na parte do mar e do seu peixe tem criado uma imagem bastante diferenciadora nos últimos anos. O peixe português não só é bom, provavelmente um dos melhores peixes do mundo, como a forma de o prepararmos e tratarmos confere-lhe um valor acrescentado. As exportações portuguesas falam por elas (…)
Na sua opinião, qual é a imagem externa do pescado com origem de Portugal?
Portugal também na parte do mar e do seu peixe tem criado uma imagem bastante diferenciadora nos últimos anos.
O peixe português não só é bom, provavelmente um dos melhores peixes do mundo, como a forma de o prepararmos e tratarmos confere-lhe um valor acrescentado. As exportações portuguesas falam por elas.
Nós hoje somos muito deficitários em relação àquilo que produzimos no nosso mar e aquilo que consumimos. Não é pela ausência de uma política de pesca, mas sim porque Portugal sempre foi deficitário. No século XIX, início do século XX tínhamos as frotas bacalhoeiras que iam para longe e apanhavam o peixe naqueles mares. Há séculos que nós consumimos mais peixe do que aquele que as nossas águas podem dar. Não basta dizer que temos esta imensidão de águas e que vamos agora aumentar mais 200 milhas para ficarmos com uma imensidão de águas para explorar. Nós consumimos 550 mil toneladas de peixe em Portugal e só pescamos 190 mil toneladas.
(…) Nós temos crescido na exportação todos os anos a dois dígitos, apesar da exportação ainda não ter o peso que pretendemos que venha a ter na empresa, sem prejuízo do mercado nacional, estratégico para nós e onde temos que estar da forma mais profissional e mais sensata possível (…)
Qual o peso atual das exportações no volume da empresa?
Nós temos crescido na exportação todos os anos a dois dígitos, apesar da exportação ainda não ter o peso que pretendemos que venha a ter na empresa, sem prejuízo do mercado nacional, estratégico para nós e onde temos que estar da forma mais profissional e mais sensata possível.
As exportações estão perto dos 20 por cento do valor de faturação global. Já é um valor significativo, mas queremos crescer na exportação e no mercado nacional.
Estamos na Europa, genericamente. Em África, Cabo Verde, Angola e Moçambique. Em Macau também temos algumas operações, tal como em Timor. Estamos a tentar abrir neste momento a China. Não é uma tarefa fácil, porque os chineses ainda não estão muito voltados para o consumo de peixe congelado e são os maiores produtores de aquicultura do mundo.