O Navio-escola Sagres é um ‘Embaixador itinerante’ de Portugal e o Presidente da República, referindo-se recentemente a ele, chamou-o “expressão da alma portuguesa”…
Foi construído nos estaleiros Blohm & Voss, na Alemanha, para o serviço da Marinha alemã e recebeu o nome de Albert Leo Schlageter. No final da II Guerra Mundial foi entregue aos Estados Unidos e ao fim de três anos foi cedido à Marinha do Brasil. Mas a 30 de janeiro de 1962, passou a integrar a marinha de Portugal e passou a chamar-se Navio-escola Sagres.
“Nestes 55 anos ao serviço de Portugal, o navio já percorreu mais de 600 mil milhas e realizou mais de 100 mil horas de navegação, visitou 61 países e atracou em 171 portos estrangeiros”, informa uma nota divulgada pela Marinha.
A sua grande missão é possibilitar o contato com a vida no mar aos cadetes da Escola Naval, os futuros oficiais da Marinha, através das viagens de instrução. Mas o NRP Sagres tem também como missão representar a Marinha e Portugal, funcionando como embaixada itinerante do país.
O navio ostenta várias condecorações, a mais recente insígnia é a de membro honorário da Ordem Militar de Avis, imposta na passada semana pelo Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa, que se referiu na ocasião ao navio como “expressão da alma portuguesa”.
Um ‘Embaixador Itinerante’
Com 90 metros de comprimento e construído e 1937 o veleiro NRP Sagres chamou-se inicialmente ‘Albert Leo Schlageter’ e era o terceiro de uma série de quatro navios encomendados pela Marinha Alemã, que incluía o ‘Gorch Fock’ (1933), o ‘Horst Wesse’l (1936) – atual ‘Eagle’ da Guarda Costeira dos Estados Unidos – e um quarto navio ao qual foi dado o nome ‘Herbert Norkus’ (1939), mas que não chegou a ser concluído, por entretanto ter eclodido a II Guerra Mundial.
No final da guerra, aquando da partilha dos despojos pelos vencedores, o ‘Horst Wessel’ e o ‘Albert Leo Schlageter’ couberam aos Estados Unidos, mas ao fim de três anos, acabou por ser cedido à Marinha do Brasil, com o intuito de fazer face aos danos causados pelos submarinos alemães aos seus navios, durante a guerra. Em 1961 foi adquirido por Portugal, no sentido de substituir a antiga Sagres, que, curiosamente, também havia sido um navio alemão.
Navega há 80 anos, 55 dos quais com a bandeira de Portugal. “O NRP Sagres é sinónimo de sólida formação para os cadetes da Escola Naval, através de viagens de instrução que decorrem, as mais das vezes, em latitudes e mares muito adversos, e em ambiente propício ao emergir de valores como a determinação, a resiliência, a entreajuda, o espírito de equipa e a sã camaradagem”, lê-se na história deste veleiro publicada no portal da Marinha.
Para além de integrar o programa de instrução dos cadetes da Escola Naval, o Sagres “leva um pouco de Portugal a muitos portugueses espalhados pela diáspora, estreitando os laços entre as comunidades e as suas origens”, destaca ainda. Nos portos de escala, inclui um programa vasto de visitas a bordo, de divulgação e representação por parte da sua guarnição, além de eventos organizados juntamente com os parceiros da Marinha que se associaram àquela viagem.
É sempre acolhido com carinho pelas comunidades portuguesas na diáspora “e contribui para a divulgação dos nossos valores, da nossa cultura e dos nossos produtos, reforçando a autoestima e o orgulho dos portugueses espalhados pelo mundo”.
Este ano, foi a ‘Embaixada’ de Portugal no Rio de Janeiro onde esteve aportado de 8 a 13 de junho para participar nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que teve a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Ana Grácio Pinto