O documento veio estabelecer especificações para o ensino, aprendizagem e avaliação de quem tem uma outra língua materna e quer aprender o português como língua estrangeira
Na apresentação das novidades da rede EPE para 2017-2018, tanto Ana Paula Laborinho como Augusto Santos Silva destacaram a importância de um documento validado pelo Conselho da Europa e que a partir deste ano passa a ser o referencial para o ensino, aprendizagem e avaliação do português como língua estrangeira, sendo assim um documento orientador importante para a sua internacionalização: o Referencial Camões de Português Língua Estrangeira (PLE).
“Um apoio essencial”
Para a Presidente do Camões, I.P. este documento representa “um salto qualitativo importantíssimo” por ser um instrumento “que pode definir programas, pode definir variadíssimos tipos de intervenção em matéria do Português Língua Estrangeira”.
Ana Paula Laborinho considerou a sua aprovação e utilização como “o nosso ponto de honra”, por se apresentar como “algo que era essencial para a língua portuguesa”, lembrando que até agora, apenas o inglês, o espanhol, o francês, o italiano e o alemão tinham um documento de referência para o seu ensino, aprendizagem e avaliação como língua estrangeira.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros também destacou o facto de o português passar a ser “a sexta língua que dispõe desse referencial”. “A preparação desse referencial faz-se no quadro da nossa participação ativa nos métodos de ensino de línguas vivas do Conselho da Europa e permite a todos os profissionais que trabalham nesta área, ter um apoio essencial, um referencial, para o seu trabalho”, acrescentou.
O Referencial Camões PLE é um documento de caráter didático criado pelo Camões, I.P. com o objetivo de facultar aos profissionais da rede Camões e a outros intervenientes ligados ao ensino, aprendizagem e avaliação de português como língua estrangeira, um referencial de conteúdos que os apoiem na conceção e organização de cursos de PLE.
“O Referencial Camões de Português Língua Estrangeira (PLE) veio estabelecer especificações sob a forma de inventário de conteúdos dos seis níveis comuns de referência (estabelecidos para as línguas europeias pelo Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas-Aprendizagem, Ensino, Avaliação (QECR), do Conselho da Europa) para o ensino, aprendizagem e avaliação de quem tem uma outra língua materna e quer aprender o português como língua estrangeira”, explica uma nota divulgada no portal do Camões, I.P.
A finalidade do documento é dar a todos os intervenientes no ensino e aprendizagem do português como língua estrangeira, um documento de referência sobre os conteúdos relevantes “para o desenvolvimento das competências comunicativas, com diferentes utilidades para o processo de ensino”.
São conteúdos com uma variedade de utilidades, como a conceção e organização de cursos, a elaboração de programas de ensino e aprendizagem, a elaboração de materiais de ensino e aprendizagem, a planificação de aulas e de atividades didáticas, a conceção e implementação de metodologias e instrumentos de avaliação, o apoio à ação pedagógica dos docentes e à reflexão sobre as suas práticas, a autoavaliação das aprendizagens dos aprendentes, explica ainda a nota divulgada pelo Camões, I.P.
“Os profissionais relacionados com o ensino e aprendizagem de PLE poderão fazer uso do Referencial Camões PLE para levar os aprendentes a identificar os processos e os recursos implicados na realização das atividades linguísticas e, assim, promover o desenvolvimento da sua competência comunicativa”, explicava Rui Vaz, Chefe da Divisão de Programação, Formação e Certificação do Camões, I.P. num artigo publicado no Encarte Camões de outubro do ano passado.
Publicado em 2001, o QECR – ao qual o Referencial Camões foi buscar as diretrizes europeias para o ensino do português como língua estrangeira – é apontado como um ponto de viragem nas descrições sobre o processo de ensino, aprendizagem e avaliação de línguas estrangeiras, “descrevendo ao longo de seis níveis (do A1 ao C2) aquilo que os aprendentes de uma língua têm de aprender para serem capazes de comunicar nessa língua”, recordava ainda Rui Vaz.