A Ribeira é uma das mais antigas praças portuguesas: de origem medieval, já era mencionada em 1389. De uma beleza ímpar, é visita obrigatória de quem passar pelo Porto – tanto pelo conjunto arquitetónico, como pela animação.
É um dos locais mais típicos da cidade do Porto. Integra a zona histórica da cidade, que foi considerada Património Mundial pela UNESCO. O conjunto urbano da Ribeira – constituído pela Praça e as suas naturais extensões, a Rua de São João e respectiva transversal, a Rua do Infante D. Henrique – já no século XIV era um local de importância económica.
Uma informação da Direção Geral do Património Cultural (DGPC) refere que naquele século “havia vários estaleiros na Ribeira” e na documentação refere-se as “cordas, cordellas e caabres” fabricados na cidade, o linho com que se fazia o “fulame” para as naus e outras embarcações, e a produção de alimentos para as armadas. “Apesar de ter ficado por concluir do lado oriental – devido a problemas de expropriação – conserva ainda traços de grande sobriedade”, informa a DGPC. No século XVIII, a Ribeira foi alterada por iniciativa de João de Almada e Melo, com a abertura da rua de S. João a melhorar a ligação da praça à zona alta da cidade. O pano da muralha que vedava a praça velha foi demolido em 1821, acontecendo o mesmo à capelinha de Nossa Senhora do Ó, com a imagem da padroeira a ser transferida para a igreja dos Orfãos e depois para a capela do Largo do Terreiro.
“Nos projectos de João de Almada e Melo estava incluída a construção de uma grandiosa fonte que ficaria como pano de fundo da praça. Os restos desta fonte são dos poucos elementos que se mantiveram da reestruturação da praça, isto porque, a arcada sul, a Porta da Ribeira e a Capelinha de Nossa Senhora do Ó desapareceram com a demolição da muralha. A arcada e as casas do lado poente foram também desvirtuadas em relação ao projecto original”, refere a DGPC. Posteriormente foi construída uma ponte pênsil, cujos pilares na margem norte ainda hoje existem, mesmo ao lado da Ponte de D. Luís I, inaugurada a 31 de dezembro de 1886. Ainda no século XIX, foi construída uma arcaria entre a Praça da Ribeira e a zona poente, que ficou encostada a parte da muralha fernandina. Esta arcaria foi inspirada nos Adelphi, antigos armazéns da zona portuária de Londres.
Foi nesta zona do Porto que viveu uma das figuras mais carismáticas da cidade, o chamado Duque da Ribeira, conhecido por ter salvo várias pessoas de morrer afogadas. Foi-lhe feita uma homenagem após a morte, tendo ficado imortalizado na praça junto ao pilar da Ponte Luís I, que recebeu o seu nome e onde foi colocada uma lápide.
Do comércio ao turismo
Se na Idade Média, graças à ligação ao Rio Douro, foi o centro da vida comercial da cidade, ao longo dos tempos foi sofrendo transformações. Felizmente, as construções medievais permanecem até hoje e são um grande motivo da presença constantge dos turistas. Os inúmeros restarantes e bares e a constante animação noturna, são outros motivos.
Intervenções arqueológicas na década de 1980 puseram a descoberto, no centro da praça, um chafariz do séc. XVII, que foi reconstruído no seu local de origem. A 24 de Junho de 2000 foi inaugurada, no nicho da Fonte da Praça da Ribeira, uma estátua de São João Baptista, da autoria do escultor João Cutileiro. Por ocasião do Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, a Ribeira foi requalificada, segundo uma intervenção projetada pelo arquiteto Manuel Fernandes de Sá. Foi remodelado o pavimento e o mobiliário urbano entre a Ponte D. Luís e o Cais da Estiva.
De uma beleza ímpar, a Ribeira é visita obrigatória de quem passar pelo Porto – tanto pelo conjunto arquitetónico, como pela animação. E já que ali está, não deve deixar de visitar a Igreja de São Francisco, o Palácio da Bolsa, a Casa do Infante, entre outros edifícios de interesse histórico-cultural.