Depois do de Elvas, é o mais importante castelo do distrito de Portalegre, no Alto Alentejo.É uma fortificação de grande extensão e com um elevado número de edifícios militares.
Característica como a todas as fortificações do género, também o Castelo de Campo Maior está implantado numa localização estratégica, dominando a povoação de Campo Maior, no distrito de Portalegre, Alto Alentejo, próximo da fronteira com Espanha.
Erguido no alto do outeiro de Santa Vitória para defesa da raia alentejana, do alto de suas torres se avistam as vizinhas Badajoz e Elvas. Até hoje chegaram algumas partes da muralha medieval, duas torres, parte do fosso. A cerca da vila é reforçada com sete torreões e os antigos aquartelamentos têm utilização civil.
A primitiva ocupação daquele sítio perde-se na pré-história. Acredita-se que foi habitada sucessivamente por povos celtas, romanos e muçulmanos, para ser reconquistada por forças cristãs do reino de Leão no século XIII, após 1230.
Doado a Elvas por D. Dinis
Devido ao envolvimento do rei D. Dinis I (1261-1325) na guerra civil que deflagrara em Castela, as tropas portuguesas tomam Campo Maior no ano de 1295 e no ano seguinte o rei português faz a sua doação ao concelho de Elvas, pelo seu auxílio na guerra. Integrada definitivamente na Coroa Portuguesa em 1297 na sequência do Tratado de Alcanizes, fica sob a alçada espiritual de Badajoz até 1392.
Em 1318 a coroa adquire a posse da vila cujo castelo fora já mandado reparar por ordem de D. Dinis em 1310: a fortificação foi ampliada e reformada dando lugar a um novo castelo. No decorrer do século XIV há notícias de trabalhos de fortificação no castelo e na cerca.
Diante do crescimento da povoação e da sua importância estratégica sobre a raia alentejana, D. João II (1481-1495) ampliou-lhe as defesas, fazendo erguer uma nova cerca envolvente que inscrevia toda a vila dentro das muralhas. Durante este século e o século seguinte, a vila e particularmente o aglomerado extra muros crescem notavelmente alcançando, praticamente, a área edificada que apresentava no início do século XX. Este crescimento é preferencialmente feito para norte, nordeste e este do castelo. No início do século XVI, o Castelo de Campo Maior é desenhado por Duarte d’Armas no seu Livro das Fortalezas.
D. Manuel I outorga Carta de Foral Novo à vila de Campo Maior em 16 de Setembro de 1512 e ordena novos trabalhos de melhoramentos nas fortificações. Em 1580, Felipe II toma posse desta vila apesar de algumas reticências do seu Alcaide- Mor.
A explosão que arrasou o castelo
Com a aclamação de D. João IV e o início das Guerras da Restauração, a vila e o seu castelo entram numa nova fase, em que as características estratégicas da região – disposta a ser um dos principais cenários das Guerras – ditaram os acontecimentos ao longo do século XVII. Em 1641 iniciam-se as obras de adaptação do castelo medieval e da vila ao sistema abaluartado. Estas obras implicaram o corte de partes do povoado, demolições de estruturas e edifícios, corte de ruas e outras adaptações que se fizeram para a implementação do novo sistema defensivo.
Contudo, estas obras atrasaram-se tendo sido apenas edificadas em 1646, sob projecto de Nicolau de Langres. Este atraso na fortificação deixou Campo Maior vulnerável ao ataque de tropas inimigas como sucedeu em 1641 quando D. João de Áustria faz um reconhecimento da região, preparando-se para um ataque e que apenas soçobrou devido à acção de Schomberg.
Mas as modernizações dos meios defensivos feitas nos séculos XVII e XVIII transformaram a povoação medieval em uma praça-forte. O conjunto medieval foi severamente danificado em 16 de Setembro de 1732. Por volta das três horas da madrugada, durante uma violenta tempestade, registou-se a queda de um raio sobre a torre grande do castelo, utilizada como paiol de pólvora.
O paiol estocava, naquele momento, seis mil arrobas de pólvora e cinco mil munições. À violenta explosão seguiu-se um vasto incêndio, que além das vítimas fatais, consumiu mais da metade das habitações da vila, arrasando não só o castelo como a cerca medieval. D. João V ordenou a sua reconstrução, a cargo do engenheiro militar Manuel de Azevedo Fortes, transformando as antigas ruínas medievais numa fortaleza mais pequena, mas de maior operacionalidade.
A partir da segunda metade do século XIX o crescimento e desenvolvimento da vila “invadiu” progressivamente vários espaços da fortificação: alugam-se armazéns para fins civis, outros espaços tornam-se habitações e vários troços do fosso acabam transformados em hortas. Em 1911, por decreto de 15 de Março o castelo foi classificado Monumento Nacional.
Em 1942 inicia-se a primeira de uma série de campanhas de reconstrução, reparação e consolidação que se prolongarão até ao final da década de 80 do século XX sob a tutela da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. A partir do final da década de 90 do século XX, o Instituto Português do Património Arquitectónico assume a tutela do castelo e realiza uma série de obras faseadas de recuperação.
Está patente desde 2001 no antigo Corpo da Guarda do Castelo, uma exposição permanente intitulada ‘História e Arquitectura Militares de Campo Maior’.
Castelo de Campo Maior
Visitas: terça a domingo, das 10h às13h e das 14h às 17h
Encerra à segunda-feira e terça-feira de manhã e nos feriados de 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio e 25 de Dezembro.
Ingresso: normal, dois euros; reformados, um euro; portadores do Cartão Jovem, um euro; gratuito para crianças até aos 12 anos