ICAN dedica o Nobel da Paz aos ativistas e aos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki

Data:

A Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares dedicou o prémio Nobel da Paz, aos “esforços incansáveis” de muitos milhões de cidadãos contra o uso de armas nucleares e aos sobreviventes dos atentados atômicos de Hiroshima e Nagasaki e vítimas de explosões de testes nucleares em todo o mundo.

“É uma grande honra ter recebido o Prêmio Nobel da Paz para 2017 como reconhecimento pelo nosso papel na adoção do Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares”, referem os responsáveis pela Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, em inglês) num comunicado divulgado após terem conhecimento da atribuição do Nobel da Paz àquela organização.
O Comité dos Prémios Nobel anunciou esta manhã a atribuição do Nobel da Paz à ICAN, “pelo seu trabalho de chamar a atenção para as catastróficas consequências humanitárias do uso de quaisquer armas nucleares, e pelos seus esforços inovadores no sentido de conseguir uma proibição de tais armas, baseada em tratados (internacionais)”. A ICAN é uma aliança de organizações não-governamentais de 100 países e desenvolve iniciativas em prol da eliminação de armamento nuclear em todo o mundo.

Homenagem a ativistas e a vítimas
No comunicado, a ICAN dedica o prémio aos “esforços incansáveis” de muitos milhões de ativistas e cidadãos em todo o mundo, que desde o início da era atómica “protestaram fortemente contra as armas nucleares, defendendo que estas não servem um propósito legítimo e devem ser banidas para sempre da face da Terra”.
O Nobel da Paz é dedicado também “aos sobreviventes dos atentados atômicos de Hiroshima e Nagasaki” (Japão), no final da II Guerra Mundial e “às vítimas de explosões de testes nucleares em todo o mundo”. A ICAN afirma que os “testemunhos impressionantes (das vítimas) e defesa inabalável (dos ativistas) foram fundamentais para garantir este acordo histórico” sobre a Proibição de Armas Nucleares.

Um Tratado histórico, mas não unânime
O Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares foi adotado a 7 de julho deste ano, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, com o apoio de 122 países. No dia da votação, a Holanda votou contra e Singapura absteve-se. O acordo só se aplica aos países signatários.
O Tratado proíbe todas as atividades relacionadas com armas nucleares, tais como desenvolver, testar, produzir, fabricar, adquirir, possuir ou armazenar armas nucleares ou outros dispositivos explosivos nucleares, bem como o uso ou ameaça de uso dessas armas. “Oferece uma alternativa poderosa e muito necessária a um mundo onde as ameaças de destruição maciça têm a possibilidade de prevalecer e onde, de fato, estão a crescer”, defende a ICAN sublinhando que a partir da mobilização das pessoas em todo o mundo, a ICAN tem trabalhado “para acabar com a arma mais destrutiva já criada – a única arma que representa uma ameaça existencial a toda a humanidade”.
Desde o dia 20 de setembro, o Tratado está aberto à assinatura de todos os Estados-membros, na sede da ONU, em Nova York, e entrará em vigor 90 dias depois de ter sido ratificado por pelo menos 50 países. Assim que o Tratado entrar em vigor, outras nações podem juntar-se a ele em qualquer altura.
Nenhum dos nove países com armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, Israel, China, Índia, Paquistão e Coreia do Norte, participou nas negociações. Até o Japão, único país alvo de um ataque atómico (em 1945), boicotou as negociações, assim como a maioria dos países da NATO, incluindo Portugal, que votou contra a resolução da Assembleia Geral da ONU em 2016 – a qual estabeleceu o mandato para que as nações negociassem o tratado. “(Portugal) defende que as armas nucleares dos EUA são essenciais para sua segurança”, lê-se nas informações sobre a postura de cada país acerca do Tratado, disponibilizadas para ICAN no seu site.
No comunicado acerca divulgado da atribuição do Nobel da Paz, a ICAN defende ser equivocada e perigosa a crença de alguns governos “de que as armas nucleares são uma fonte legítima e essencial de segurança”. Essa postura, segundo a ICAN, não só incita à proliferação (de armas nucleares) como prejudica o processo de desarmamento. “Todas as nações devem rejeitar essas armas completamente – antes que sejam usadas novamente”, alerta.
Oficialmente criada em 2007, em Viena, à margem de uma conferência internacional sobre o Tratado sobra a Não Proliferação de Armas Nucleares, a ICAN tem reunido na sua causa ativistas de todo o mundo, mas também celebridades. Entre estes estão o arcebispo anglicano sul-africano Desmond Tutu e o Dalai Lama, que já foram prémio Nobel da Paz, nomeadamente em 1984 e 1989.
A ICAN sucede no galardão ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, distinguido em 2016 pelos seus esforços na restauração da paz na Colômbia. A entrega do prémio realiza-se a 10 de dezembro em Oslo.

Ana Grácio Pinto

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Share post:

Popular

Nóticias Relacionads
RELACIONADAS

Compal lança nova gama Vital Bom Dia!

Disponível em três sabores: Frutos Vermelhos Aveia e Canela, Frutos Tropicais Chia e Alfarroba e Frutos Amarelos Chia e Curcuma estão disponíveis nos formatos Tetra Pak 1L, Tetra Pak 0,33L e ainda no formato garrafa de vidro 0,20L.

Super Bock lança edição limitada que celebra as relações de amizade mais autênticas

São dez rótulos numa edição limitada da Super Bock no âmbito da campanha “Para amigos amigos, uma cerveja cerveja”

Exportações de vinhos para Angola crescem 20% desde o início do ano

As exportações de vinho para Angola cresceram 20% entre janeiro e abril deste ano, revelou o presidente da ViniPortugal, mostrando-se otimista quanto à recuperação neste mercado, face à melhoria da economia.

Área de arroz recua 5% e produção de batata, cereais, cereja e pêssego cai 10% a 15%

A área de arroz deverá diminuir 5% este ano face ao anterior, enquanto a área de batata e a produtividade dos cereais de outono-inverno, da cereja e do pêssego deverão recuar 10% a 15%, informou o INE.