Pelo trabalho de chamar a atenção para as “catastróficas consequências humanitárias do uso de quaisquer armas nucleares” e pelos “esforços inovadores no sentido de conseguir uma proibição de tais armas, baseada em tratados (internacionais)”, enfatizou o Comité Nobel
O prémio Nobel da Paz foi atribuído à Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, em inglês), “pelo seu trabalho de chamar a atenção para as catastróficas consequências humanitárias do uso de quaisquer armas nucleares, e pelos seus esforços inovadores no sentido de conseguir uma proibição de tais armas, baseada em tratados.
A ICAN é uma aliança de organizações não-governamentais de cerca de 100 países e desenvolve iniciativas em prol da eliminação de armamento nuclear no mundo.
“Vivemos num mundo onde o risco da utilização de armas nucleares é mais elevado do que nunca. Alguns Estados estão a modernizar os seus arsenais nucleares e é real risco de que mais países tentem adquirir armas nucleares, como é o caso da Coreia do Norte”, alertou a presidente do Comité Nobel norueguês ao anunciar o vencedor do prémio Nobel da Paz.
Berit Reiss-Andersen afirmou ainda que as armas nucleares “representam uma ameaça constante à humanidade e a toda a vida na Terra”. Lembrou que através de acordos internacionais vinculativos, a comunidade internacional “já adotou proibições contra minas terrestres, munições de fragmentação e armas biológicas e químicas”, mas que tal ainda não acontecer em relação ao uso de armas nucleares, que “são ainda mais destrutivas”.
Nobel pede “negociações sérias”
Afirmou a posição defendida pelo Comité Nobel de que os próximos passos para se alcançar um mundo livre de armas nucleares devem envolver os “Estados armados” e apelou aos países que detêm armas nucleares, para que iniciem “negociações sérias” com vista “à eliminação gradual, equilibrada e cuidadosamente monitorada das quase 15 mil armas nucleares do mundo”.
Berit Reiss-Andersen referiu ainda que os Estados Unidos da América, Rússia, Reino Unido, França e China – cinco dos países que atualmente possuem armas nucleares – já se comprometeram com este objetivo através da adesão ao Tratado sobre a Não Proliferação de Armas Nucleares, de 1970, o qual, defendeu, “continuará a ser o principal instrumento jurídico internacional para promover o desarmamento nuclear e prevenir a disseminação dessas armas”.
A Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN) é uma aliança global que trabalha para a mobilização de pessoas a nível mundial, no sentido de persuadirem e pressionarem os seus governos a iniciar e apoiar as negociações para um tratado que proíba o uso de armas nucleares.
A ICAN sucede ao presidente colombiano, Juan Manuel Santos, distinguido em 2016 pelos seus esforços na restauração da paz na Colômbia. A entrega do prémio realiza-se a 10 de dezembro em Oslo.