Foi erguido no local de antigas construções romanas e de um pequeno bairro fortificado da época islâmica. O castelo domina toda a vila de Mértola, na confluência da ribeira de Oeiras com a margem esquerda do rio Guadiana.
Ocupada desde tempos pré-históricos, a região era um importante entreposto comercial freqüentado por Fenícios e Cartagineses, graças à existência de vias fluvial e terrestre ligando-a ao sul da Península. Manteve a importância como rota comercial durante a invasão romana. Ocupada sucessivamente por Suevos e Visigodos, a partir do século VIII foi dominada depois pelos muçulmanos, que foram os responsável pela remodelação das defesas do então povoado.
As referências a essa nova estrutura defensiva surgem no final do século IX, sendo certo que entre 930 e 1031, o castelo foi consolidado, tornado-se um dos mais sólidos da região. Com a queda do Califado de Córdoba (1031), Mértola tornou-se um reino independente – a Taifa de Mértola -, rapidamente retomado por Al-Mutamid, da Taifa de Sevilha. Um século mais tarde, entre 1144 e 1151, tornou-se novamente independente (2ª Taifa de Mértola), sendo provável terem sido erguidas nova obras defensivas durante o governo de Ibn Qasi (1144-1151).
É certo que, em 1171, já sob o domínio do Califado Almóada, a fortificação foi ampliada com uma torre e, em 1184, com o torreão que integrava o portão de entrada.
Mas foi no final do século XII, durante a reacção almóada ao avanço cristão, que foram publicadas referências mais concretas ao castelo, com a construção de uma torre, muito provavelmente, da cisterna e, ainda, a feição geral da entrada no recinto, bem como de parte do torreão cilíndrico.
Do castelo medieval aos Descobrimentos
À época da Reconquista cristão da Península Ibérica, as forças de D. Sancho II (1223-1248) investem para o Sul, acompanhando ambas as margens do rio Guadiana, vindo a conquistar Mértola, na margem direita, e Ayamonte, na esquerda, em 1238.
A primeira foi doada à Ordem de Santiago, na pessoa de seu Grão-Mestre, D. Paio Peres Correia (1239). A Ordem, que já tinha sob sua responsabilidade a defesa de outras praças ao sul do país (Alcácer do Sal, Aljustrel, e outras), fez de Mértola a sua sede (Capítulo) em Portugal, posteriormente transferida para o Castelo de Palmela.
Em 1254 a povoação recebeu Carta de Foral, alçada à condição de vila. Data deste período a construção da torre de Menagem, cujas obras foram concluídas em 1292 sob a direção do mestre João Fernandes. Refira-se que a torre de menagem, ainda imponente no seu formidável volume, assinala a época em que Mértola foi durante um século, a sede nacional da Ordem de Santiago.
Esta torre, bem como a alcáçova, foram a residência do alcaide-mor até ao século XVI, época em que a estrutura foi progressivamente abandonada.Sob o reinado de D. Dinis (1279-1325), reedificou-se a primitiva defesa, iniciando-se a muralha da vila, obras continuadas pelos seus sucessores, D. Afonso IV (1325-1357), D. Pedro I (1357-1367) e D. Fernando (1367-1383). Sob o reinado de D. Manuel I (1495-1521), a povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas (Livro das Fortalezas, c. 1509). A vila recebeu o Foral Novo do soberano em 1512, quando a sua defesa foi objeto de novos melhoramentos.
A povoação de Mértola e o seu castelo perderam importância a partir dos Descobrimentos portugueses. O declínio refletiu-se na conservação de suas muralhas, de tal modo que, em 1758 estavam em ruínas e não tinham, sequer, umade guarnição militar.
Mas em meados do século XX, as ruínas do antigo castelo foram classificadas como Monumento Nacional, e receberam então obras de reparação. A revitalização do castelo e a preservação da povoação levaram a que Mértola seja considerada uma ‘vila-museu’ com diferentes áreas de intervenção e investigação, organizadas em três núcleos, em exposição na Torre de Menagem do castelo: o Núcleo Romano, o Núcleo Visigótico, que inclui uma basílica cristã, e o Núcleo Islâmico, onde se pode ver uma das melhores coleções portuguesas de arte islâmica (cerâmica, numismática e joalharia).
Ainda subsistem trechos das muralhas exteriores que circundavam a vila, alongando-se até ao rio, e o castelo com duas torres, com destaque para a torre de menagem, com cerca de 30 metros de altura. Na praça de armas, ao centro, existe uma cisterna coberta por abóbada de berço. O acesso ao interior da torre de menagem é feito por uma porta em arco que leva até uma ampla e alta sala. Atualmente, nesta sala conserva-se um valioso espólio de pedras lavradas das épocas romana, visigótica, islâmica e portuguesa até ao século XVIII.
O castelo pode ser visitado m das 9h às 17h30. O espólio instalado na sala da torre de menagem tem visita gratuita e pode ser visto de 16 de setembro a 30 de junho, das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30; e de 1 de julho a 15 de setembro, das 9h30 às 12h30h e das 14h às 18h.
O castelo que hoje pode ser visitado em Mértola é o resultado das obras de restauro e ampliação feitas nos século XIII, após a conquista cristã, quando foram colocada a porta ogival, que dá acesso à sala nobre abobodada. Ao longos de outros reinados foram-se realizando obras neste castelo que, lá do alto, permite uma bela vista de conjunto da vila e do rio Guadiana.
Museu de Mértola
Criado pela Câmara Municipal em 2004, o Museu de Mértola é composto por vários núcleos dispersos geograficamente, na sua maioria localizados no Centro Histórico de Mértola. Tem sido a sua função estudar, inventariar, tratar, conservar e divulgar todo o espólio que, ao longo dos últimos 30 anos, foi sendo descoberto nas inúmeras intervenções arqueológicas.
Promove exposições temporárias e itinerantes que contribuem para a divulgação do seu espólio.
No site http://museus.cm-mertola.pt pode ver quais são os 13 núcleos expositivos e onde estão implantados. Podem ser visitados de terça-feira a domingo, das 9h15 às 12h30 e das14h às17h15.
Crianças até aos 12 anos (inclusive) e residentes ou naturais no concelho de Mértola não pagam ingresso. Indivíduos com mais de 65 anos e estudantes têm um desconto de 50 por cento.
Deixe um comentário