Outrora ponto obrigatório de passagem de automóvel para França, terra de contrabando e terra raiana no âmbito da Guerra Peninsular, a região de Sabugal foi palco da travessia das tropas francesas de Napoleão.
A panorâmica da presença das primeiras comunidades humanas na região, é vasta: desde as referências às desaparecidas antas de Ruivós, Aldeia da Ribeira e Bendada, e a recentemente descoberta em Sacaparte (Alfaiates), passando pelas escavações realizadas no centro histórico do Sabugal (onde se obteve cerâmica com decoração penteada e picotada, artefactos lascados de sílex, machados e enxós, e um machado de cobre) e no habitat das Carvalheiras (Casteleiro), cujas datações de C14 provenientes de amostras aí obtidas proporcionaram uma datação rigorosa de meados do III milénio a.C.(mais…)
A Idade do Bronze foi rica no que se refere à ocupação humana. São dessa época diversos povoados de altitude e inúmeros achados avulsos. Em Vilar Maior, no Sabugal, na Serra Gorda (Águas Belas), no Castelejo (Sortelha), no Cabeço das Fráguas (Pousafoles do Bispo), em Caria Talaya (Ruvina), em Vila do Touro e em muitos outros topos de cabeços da região ocidental do Alto Côa, habitaram diversas comunidades pastoris, agrícolas e mineiras.A riqueza destas terras em mineração de estanho e cobre (matéria indispensável para a produção do bronze) consolidou a importância regional do Alto Côa.
Muito por causa da posição estratégica do território, desde cedo terão existido dois povoados centralizadores de toda a região superior do Vale do Côa.
De uma forma militarmente planificada, os romanos ocuparam – no final do séc. I a.C. – o vale superior do rio Côa, através da força dos seus exércitos, ocupando o território por meio de guarnições em pequenos assentamentos militares que, nesta região, poderiam ter existido na atual freguesia de Aldeia de Santo António ou em Alfaiates.
Nesta última povoação foi encontrada uma inscrição do Imperador Augusto que parece testemunhar um marco militar, dado que a sua cronologia é bastante recuada.
Com o início da reconquista cristã da Península Ibérica e a formação da nacionalidade por D. Afonso Henriques, os episódios históricos que ocorreram no Alto Côa tornam-se mais conhecidos. Durante o seu reinado, o território foi consideravelmente alargado até ao rio Tejo, tendo o vale superior do rio Côa sido abrangido pelo seu esforço militar.
Devolução de Castela a Portugal
Assim, pelos finais do séc. XII, Afonso IX de Leão desanexa uma extensa área do termo de Ciudad Rodrigo e funda aí um novo concelho, escolhendo para sua sede a povoação do Sabugal. No seu termo integravam-se diversas aldeias que começavam a afirmar-se na região, como por exemplo Alfaiates, Vilar Maior, Caria Talaya e o Sabugal Velho. Mais a norte, em 1215, forma-se outro município português na margem esquerda do Côa, quando o concelho da Guarda concede aos Templários as terras de Touro, de forma a defendê-las e repovoá-las. Será o mestre da Ordem do Templo, D. Pedro Alvito, a conceder-lhe o foral em 1220, criando uma zona tampão nas terras de fronteira com Leão. O grande termo do Sabugal começou a ser espartilhado, na 1ª metade do séc. XIII, por dois outros concelhos recém-criados: a povoação de Alfaiates terá retirado o seu alfoz do Sabugal e delimitado o seu território, já antes de 1219. Já Vilar Maior terá recebido Carta de Povoamento (retirando o seu alfoz, por sua vez, de Alfaiates), por volta de 1227. Estes três concelhos da margem direita do rio Côa serão integrados no território português em 1296, após uma investida militar que D. Dinis efetua por estas terras, até Ciudad Rodrigo. Esta desavença será sanada apenas com a assinatura do Tratado de Alcanizes entre D. Dinis e D. Fernando IV de Leão e Castela, em 1297. Com este acordo, a coroa portuguesa fica com a posse legítima e perpétua de todas as terras de Riba-Côa, sendo criado um novo limite fronteiriço que, praticamente, se manterá até aos nossos dias.
O Sabugal terá sido uma das últimas praças a ser devolvidas por Castela, já em 1393, depois do Tratado de Lisboa entre as duas coroas.
Terra raiana no âmbito da Guerra Peninsular (1807-1814), terra de contrabando e outrora ponto obrigatório de passagem de automóvel para França, esta região foi palco da travessia das tropas francesas de Napoleão. Na derradeira invasão napoleónica do território português, na tentativa frustrada de conquistar Lisboa e após a retirada, as tropas francesas sofreram uma pesada derrota infligida pelas tropas luso-inglesas já nas proximidades do Sabugal, na Batalha do Gravato (1811). Pelo caminho, a enorme massa de soldados esfomeados iam delapidando as aldeias dos seus bens e habitantes. Nos meados do século XIX, a reforma administrativa de Mouzinho da Silveira dividiu o território nacional em províncias, comarcas, concelhos e freguesias. Este município passou a ter 40 freguesias, com outras numerosas pequenas povoações e quintas. Vale a pena visitar este belo concelho…
Terra da capeia raiana, terras do forcão
A Capeia Arraiana é uma manifestação tauromáquica específica de algumas povoações do concelho do Sabugal próximas da fronteira com Espanha.
A Capeia Arraiana é única e diferente de outras manifestações tauromáquicas porque a lide do touro bravo é feita colectivamente e com o recurso do forcão.
É no mês de Agosto que se realizada a Capeia, juntamente com a festa patronal de cada comunidade:
Dia 16 Agosto – Ozendo
17 Agosto – Alfaiates
19 Agosto Aldeia da Ponte
21 Agosto – Forcalhos
22 Agosto – Fóis
25 Agosto Aldeia Velha
Geralmente é feita no largo principal da aldeia. Antes da Capeia faz-se o “encerro” e o “boi da prova”, e depois da Capeia o “desencerro”, com a qual termina.
Como chegar
Apresentam-se as distâncias entre o Sabugal e alguns dos principais centros populacionais do país:
Guarda: 38km
Viseu: 110km
Aveiro: 190km
Coimbra: 190km
Vila Real: 215km
Porto: 235km
Évora:291km
Lisboa: 320km
Faro: 558
Gastronomia
Prepare os sentidos e o prato: no concelho do Sabugal vai deliciar-se com o melhor da gastronomia. Terra da pesca da truta, da caça ao coelho bravo, javali e outras peças de caça, da criação de cabritos, do queijo da Serra da Malcata, do mel, etc, o Sabugal é uma surpresa de sabores.
Constam na gastronomia sabugalense os mais variados pratos, nomeadamente, o cabrito assado, enchidos, queijo, bolo pardo, filhós, esquecidos e marroqueiro, pão de ló, chanfana, bucho, caldo de vagens secas, caldo escoado, tapioca, espumas doces e bicas, arroz de lebre, borrego assado, trigo podre, bolo dos santos, castanhas, feijoada, bolo saloio, queijo da serra, presunto, sopa seca, sopa de couve, sopa de cavalo cansado, feijão com pão, ensopados, farófias, trutas do Rio Côa, javali, pão leve, coelho bravo, caça, aletria, queijo de cabra, rabanadas, cóscoreis, ovos pintados, caldo verde, papas de milho, cozido à Portuguesa, fatias douradas, caldeirada de cabrito, pita amarela, ovos esquecidos, santoros e peixe do Rio Côa.
Contudo, os pratos tipicamente mais conhecidos são: Caldo verde, Canja de Cornos, Cabrito na brasa, Coelho bravo, Javali, Enchidos, Truta do Rio Côa
Na gastronomia doce oferece: Arroz Doce, Filhós, Farófias, Bolo Saloio, Biscoitos ‘Os Esquecidos’, Papas de Milho
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