Pedrógão Grande: Mais de 200 habitações destruídas e duas centenas de pessoas no desemprego

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Mais de 200 casas foram totalmente destruidas pelo incêndio que lavrou entre 17 e 24 de junho. Também provocou mais de 200 desempregados. “É um desastre”, lamenta o presidente da Câmara, Valdemar Alves.

Elisa Conceição (na imagem) não conteve a emoção ao falar com uma equipa multidisciplar constituída pelo Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), a Proteção Civel, Segurança Social CCDR e a autarquia de Pedrogão Grande, que estão a visitar as localidades para fazer o levantamento dos danos físicos provocados pelo incêndio.
A casa de Elisa foi uma das mais de 200 destruídas pelo fogo. “É um desastre e o levantamento continua a ser feito pelos técnicos. Queremos ver se encerramos o levantamento na quarta-feira. As habitações destruídas são muitas. Enfim, não poderei dar um número exato, mas são muitas, para cima de 200 habitações”, afirmo o autarca de Pedrógão Grande. Valdemas Alvas, que visitou no domindo, dia 25, os lugares de Nodeirinho e Figueira, dos mais atingidos pelo fogo, explicou que a situação ao nível das habitações nestas duas localidades é “muito preocupante”. “É uma coisa aflitiva. O número de habitações completamente ardidas e com destruição mesmo total é demasiado elevado. É uma catástrofe. Parece que passaram ali uns bombardeiros e deixaram cair bombas”, frisou.
Já em relação às garantias para a recuperação dos imóveis, Valdemar Alves adiantou que as tem do Governo. “Os fundos vão ser também dirigidos para a recuperação das habitações. Tenho a promessa e ela vai ser cumprida”, concluiu.
O fogo, que deflagrou na localidade de Escalos Fundeiros e lavrou entre 17 e 24 de junho, destruiu casas, fabricas, plantações. Causou a morte a pemo menos 64 pessoas e deixou mais de 200 feridos. Atingiu também os concelhos de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, no distrito de Leiria, e chegou aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra.

Apoios a desempregados
O autarca de Pedrógão Grande revelou ainda que o incêndio também provocou mais de 200 desempregados no concelho. “São para cima de 200 pessoas desempregadas”, contabilizou, revelando que uma das maiores empresas instalada no parque industrial de Pinheiro Bordalo, a Enerpellets, que produzia ‘pellets’, um combustível 100% natural e renovável, constituído exclusivamente por resíduos e subprodutos de biomassa florestal, ficou totalmente destruída e que ficam no desemprego mais de 40 pessoas. Ainda na Graça, um lagar acabado de reconstruir e equipado com maquinaria nova, bem como uma indústria de madeira, foram afetadas pelo fogo.
Valdemar Alves disse que o futuro tem que ser encarado “com muita força”, adiantou que o centro de emprego foi logo para o terreno e que as pessoas que ficaram sem emprego por causa do incêndio já foram identificadas. Já em relação aos empresários que perderam as suas indústrias, o autarca foi taxativo: “Também estão com coragem, mas é uma grande chatice”. O autarca disse mesmo que o proprietário da Enerpellets já manifestou a intenção de adquirir uma empresa falida para reinstalar a sua indústria no setor da madeira e que quer também recuperar a unidade perdida e ficar posteriormente com as duas a laborar.
Recorde-se que também no dia 17, outro grande incêndio deflagrou no concelho de Góis, distrito de Coimbra. Os dois incendios consumiram um total de cerca de 50 mil hectares de floresta – o equivalente a 50 mil campos de futebol – e obrigaram à evacuação de dezenas de aldeias. Em Góis, o incêndio progpagou-se até aos concelhos de Arganil e Pampilhosa da Serra, sem fazer vítimas mortais, e foi dominado na manhã de 22 de junho.

PRG abre inquérito
Entretanto, a procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, sublinhou que o inquérito instaurado pelo Ministério Público (MP) após os incêndios na região Centro pretende averiguar se “houve ou não ilícito criminal”. “É um procedimento que acontece sempre”, quando existem acidentes com mortes, e, “claro que, neste caso, estamos perante uma situação muito grave. Mas é aquilo que a lei determina que tem que acontecer habitualmente”, afirmou aos jornalistas Joana Marques Vidal.
Questionada pela agência Lusa sobre se também está a ser equacionada a eventualidade de fogo posto na origem dos incêndios, Joana Marques Vidal limitou-se a referir que “essa parte é a que está em investigação” no âmbito do inquérito do MP, tal “como está em investigação qualquer morte que ocorra na sequência do acidente”.
O inquérito, realçou também, “está em segredo de justiça” e os prazos para que seja concluído “são os prazos que vêm na lei”.
Questionada ainda pelos jornalistas sobre o “cabal esclarecimento” pretendido pelo primeiro-ministro, António Costa, relativamente às falhas ocorridas na rede SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) durante o combate ao incêndio de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, a procuradora-geral da República esclareceu que essa investigação não está relacionada com o MP.
“O inquérito de investigação da titularidade do MP está instaurado. Salvo erro, mas terão de perguntar isso ao primeiro-ministro, esse inquérito de que o primeiro-ministro está a falar é uma auditoria”, ou seja, “não tem a ver com a parte de intervenção do MP e com as causas poderem ser ou não criminosas”, disse ainda Joana Marques Vidal.
A 21 deste mês, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas anunciava que iriam ser constituídas equipas nos municípios afetados pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, coordenadas pelo Governo, para no máximo de dez dias fazerem o levantamento completo dos prejuízos nos municípios de Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera
O governante falava aos jornalistas em Pedrógão Grande, após ter sido cumprido um minuto de silêncio em memória das vítimas dos incêndios, em que participou também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. “Já começámos a ter no terreno apoios, do ponto de vista de reconstrução de estradas e caminhos. Estão a chegar rações de pecuária a partir de amanhã [quinta-feira] (…), vamos agora começar a trabalhar com as câmaras municipais, já o fizemos de manhã aqui em Pedrógão Grande, e à tarde nos outros dois municípios” (Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos), acrescentava Pedro Marques. O governante explicou ainda que a recuperação do potencial produtivo, do ponto de vista agrícola e das empresas tem que ser feito. “Com certeza que têm que ser mobilizados os seguros, quer na habitação, quer na economia, mas esta é uma situação excecional. Vamos dizer presente e vamos apoiar a recuperação da vida destas comunidades”, sustentou.

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