Tenho presente, há muitos anos, uma breve estadia no antigo parque de campismo da Praia Grande, a dois passos da Praia das Maçãs e de Colares, terras de Sintra, que, por sua vez, estão a dois passos de Lisboa. Voltei agora, por mais de uma vez, à Praia Grande e ao hotel aí existente, que, sem dúvida, me “conquistou”, além do mais pela sua situação excepcional, que permite apreciar dos quartos o fascínio da praia e do mar e as investidas das alterosas ondas que se projectam numa das maiores piscinas de água salgada da Europa. Mas, naturalmente, também há dias e épocas de mar mais tranquilo.
Maior praia do litoral sintrense, a Praia Grande, como é óbvio, deve à sua extensão o nome por que ficou a ser conhecida. Areias brancas e finas dilatam-se a partir das altas arribas do extremo sul. E sempre com mais baixas arribas por vizinhas, o areal vai ao encontro do extremo norte e da também chamada Praia Pequena. O Hotel Arribas, que sucedeu a um motel inaugurado em meados dos anos sessenta do século passado pelo Presidente Américo Thomaz, com uma bem cuidada placa dá a saber, desempenha um papel crucial na captação de frequentadores da Praia Grande. A propriedade transitou de um empresário local para um minhoto que há meio século “desceu” até ao Sul e por cá se fixou, vindo a ampliar e a adaptar a unidade hoteleira que adquirira, às épocas que se seguiram. Actualmente, apesar de avançado na idade – mas não tanto como o autor destas linhas – a sua presença é diária no hotel que seu filho dirige com a colaboração de dedicados funcionários e funcionárias. E hóspedes não faltam, nacionais e estrangeiros, em grande número.
Refira-se que a Praia Grande faz parte do Parque Natural Sintra-Cascais e, embora a alguma distância, é servida pela carreira regular do centenário carro eléctrico de Sintra, que continua a transportar passageiros entre a nobre vila palaciana e o litoral concelhio. Muito frequentada pelos praticantes de desportos aquáticos, é esta praia cenário anual de uma prova do Campeonato Mundial de Bodyboard e de uma prova do Campeonato Europeu de Surf, provas que resultam da forte ondulação que frequentemente ali se regista.
Mas a Praia Grande apresenta outro atractivo de nomeada: que remonta a mais de cem milhões de anos. São as “suas” pegadas de dinossauros, nas altas arribas da área sul, “em que é perfeitamente identificável uma jazida de onze trilhos de 66 pegadas”, presume-se que de bípedes. Para facilitar o acesso aos testemunhos de tão remota presença, foi construído um escadório através das arribas, que, porém, nem todos vencem. E na base, no areal, com disformes pedregulhos, foi esquecido um necessário arranjo, traduzido num cuidado patamar. Uma placa com inscrição adequada às circunstâncias, no primeiro alto do escadório, já foi vítima de vandalismo. Urge portanto remediar o mal, para bem da generalidade não vândala.
Um último apontamento. O estacionamento na Praia Grande, regra geral, não representa grande problema. A área, como a praia, também “é grande”. E o mesmo sucede relativamente ao hotel, uma vez que o parque próprio foi consideravelmente ampliado. Além disso, grande número de hóspedes transporta-se de autocarro, em grupos organizados.
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