Aos 68 anos o bem sucedido professor de direito, assumiu-se como o presidente de todos os afetos e de todos os portugueses, por quem o país parece que sempre esteve à espera.
Eleito a 24 de janeiro de 2016, Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse a 9 de março e desde então tem cumprido a promessa feita na campanha eleitoral de ser um Presidente da República próximo dos cidadãos. Tem sido também interventivo, mas sempre desdramatizando as relações e na procura constante de consensos.
Durante a campanha percorreu o país num estilo de “proximidade afetiva” com a população, apresentando-se como um moderador, situado na “esquerda da direita”, e apostado em “fazer pontes”. E se foi assim durante a campanha eleitoral, melhor tem sido no decurso deste seu primeiro ano de mandato em que defendeu acordos de regime em áreas como a educação, a saúde, a segurança social, a justiça e a política europeia – linha discursiva que tem mantido neste início de mandato como Presidente da República, com ênfase particular na importância da concertação social.
Por outro lado, o seu sucesso junto das camadas mais desfavorecidas da população não podia ter sido maior. Muito do seu trabalho e da sua inesgotável energia tem sido dedicada a idosos, crianças e jovens e mais desfavorecidos, desde sem abrigo a lares de terceira idade, que não escondem o seu extraordinário entusiasmo ao receber a figura paternal deste presidente dos afetos com uma presença mediática constante.
No discurso de tomada de posse, a 9 de merço do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhava a importância do “valor do respeito da dignidade da pessoa humana”. “De pessoas de carne e osso. Que têm direito a serem livres, mas que têm igual direito a uma sociedade em que não haja, de modo dramaticamente persistente, dois milhões de pobres, mais de meio milhão em risco de pobreza, e, ainda, chocantes diferenças entre grupos, regiões e classes sociais”, disse de seguida.
Um quadro político difícil
Do ponto de vista político o quadro saído das legislativas não lhe era favorável de todo, com um governo sem maioria. No entanto desde logo se demarcou da ideia da falta de legitimidade do atual Governo e do discurso negativo da oposição sobre a trajetória das contas públicas, embora com reparos sobre a necessidade de captação de investimento e de crescimento económico.
A sua relação com o PSD liderado por Pedro Passos Coelho tem registado, por isso, alguma tensão, mas que tem sabido ultrapassar. Apesar de vir da mesma área política, distingue-se também do seu antecessor, Aníbal Cavaco Silva, no contato próximo e informal com os cidadãos.
Também mostrou diferenças na interpretação da função presidencial, com um acompanhamento permanente e ativo da governação e da atividade parlamentar, ouvindo regularmente – pelo menos de três em três meses – os partidos, as confederações patronais e sindicais e o Conselho de Estado.
Três visitas de estado
No plano externo, realizou 20 deslocações ao estrangeiro, três das quais visitas de Estado – a primeira em maio, a Moçambique, e as outras em outubro, à Suíça e a Cuba, onde teve um encontro com Fidel Castro, um mês antes da sua morte.
Mas tem sido internamente e sobretudo na reconciliação dos portugueses com o país político que mais se tem notado a sua ação. Marcelo tem cruzado toda a sociedade portuguesa, não deixando ninguém de fora da sua ação e acorrendo com especial carinho, onde há necessidades ou sofrimento de qualquer espécie.
Nesse sentido destacam-se a as inéditas comemorações do 10 de Junho em Paris com os portugueses residentes em França, juntamente com o primeiro-ministro, e a deslocação ao Brasil em agosto para a abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, tendo ficado a promessa que o próximo 10 de Junho será também passado no Brasil com a imensa comunidade portuguesa daquele país irmão, onde o próprio presidente tem família.
Um ano em meses…
2016
24 de janeiro: Candidato com recomendações de voto do PSD e do CDS-PP e com o apoio do PPM, Marcelo Rebelo de Sousa, aos 67 anos, é eleito Presidente da República à primeira volta, com 2.413.956 votos, 52% do total. No seu discurso de vitória, no átrio da Faculdade de Direito de Lisboa, promete ser um Presidente da República “livre e isento”, com o seu “próprio estilo”, indica como objetivos do seu mandato “fomentar a unidade nacional” e “promover as convergências políticas” e afirma querer “que o Governo governe com eficácia” e “que a oposição seja ativa e representativa”.
10 de fevereiro: Revela quem convidou a integrar o Conselho de Estado – Eduardo Lourenço, António Guterres, António Lobo Xavier, Luís Marques Mendes e Leonor Beleza.
03 de março: Na apresentação do livro ‘Afetos’, da sua campanha presidencial, aprensenta os rincípios para o seu mandato: “Afetos, proximidade, simplicidade e estabilidade”.
09 de março: Chega a pé ao Palácio de São Bento, para a tomada de posse como 20º Presidente da República de Portugal, furando o protocolo. No seu discurso, apela à unidade, pacificação e autoestima dos portugueses, considerando que o país enfrenta tempos difíceis e deve compatibilizar “crescimento, emprego e justiça social de um lado, e viabilidade financeira do outro”.
28 de março: Numa comunicação ao país, para explicar a promulgação do Orçamento do Estado para 2016, afirma que o fez sem dúvidas de constitucionalidade, mas pede rigor na execução orçamental e estabilidade política.
21 de abril: Lança a iniciativa ‘Portugal Próximo’, com três dias de visita ao interior do Alentejo. No dia seguinte, faz a reunião semanal com o primeiro-ministro num hotel em Évora.
20 de maio: Durante uma conferência em Lisboa, dirige, a rir, um recado público ao primeiro-ministro, António Costa, atribuindo-lhe um “otimismo crónico e às vezes ligeiramente irritante”.
10 de junho: Recupera a celebração do Dia de Portugal no Terreiro do Paço, em Lisboa. Viaja para Paris, onde prossegue, até ao dia 12, as celebrações do 10 de Junho junto dos emigrantes portugueses e lusodescendentes, com o primeiro-ministro, António Costa.
4 de julho: Realiza nova edição do ‘Portugal Próximo’, em Trás-os-Montes, durante três dias.
10 de agosto: Desloca-se à cidade do Funchal, Ilha da Madeira, assolada por incêndios, visitar os locais mais atingidos pelas chamas. Ainda nesse mês, no dia 25, desloca-se às áreas afetadas pelos incêndios no concelho de São Pedro do Sul, distrito de Viseu.
26 de outubro: Chega a Havana para uma visita de Estado de dois dias a Cuba, onde se encontra com o Presidente Raul Castro e com Fidel Castro.
16 de novembro: Inicia uma visita ao Reino Unido, sendo recebido no dia seguinte em Londres pela rainha Isabel II.
5 de dezembro: Regressa, mas por apenas um dia, a iniciativa ‘Portugal Próximo’, desta vez na Beira Interior. Sete dias depois, assiste em Nova Iorque, EUA, à cerimónia de juramento de António Guterres como secretário-geral nas Nações Unidas.
2017
1 de janeiro: Na mensagem de Ano Novo, diz que em 2017 é preciso “não perder o que de bom houve em 2016 e corrigir o que falhou”. A 19 de janeiro, ma noite fria de inverno, visita os sem-abrigo acolhidos no Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa.
19 de janeiro: Numa noite de frio, visita os sem-abrigo acolhidos no Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa.
2 de fevereiro: No dia que antecedeu debate da petição que defende a Eutanásia, deslocou-se ao Hospital São Francisco Xavier para dar início a uma acção voluntária que não estava na sua agenda oficial. No dia seguinte fez visitas domiciliárias a idosos que vivem sozinhos em Lisboa, numa ação de voluntariado com a Associação Mais Proximidade Melhor Vida (AMPMV). Marcelo Rebelo de Sousa faz voluntariado há muitos anos, mas a sua condição de Presidente da República obrigou-o a abrandar o ritmo da solidariedade.
9 de fevereiro: O Presidente da República diz que Portugal abre os braços aos refugiados, enquanto outros países criam muros e obstáculos. No dia anterior, tinha visitado a Cozinha Popular da Mouraria, em Lisboa, para um almoço confecionado por cinco refugiados, num apoio ao projeto ‘Make Food Not War’.
3 de março: Durante uma visita à Escola Técnica Profissional da Moita, afirma que o ensino profissional “fundamental para o desenvolvimento do país”, destacando não só a componente pública, mas também a privada na valorização deste domínio.
6 de março: Numa visita ao SISAB PORTUGAL, Feira Internacional do Setor Alimentar e Bebidas, voutou a afirmar que o país precisa crescer economicamente. “O grande desafio dos próximos anos é crescer claramente acima de dois por cento, e para crescermos acima de dois por cento precisamos exportar mais e melhor”, alertou. Em relação àquela feira, deixou um elogia: “O SISAB PORTUGAL tem sido fundamental para promover os produtos portugueses e as exportações”.
8 de março: Num estudo elaborado pela revista Selecções do Reader’s Digest, Marcelo Rebelo de Sousa é distinguido como a personalidade política em que os portugueses mais confiam.