O edifício que atravessou Oceano Atlântico reabriu agora em Lisboa

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Embarcou de navio para o Rio de Janeiro e por lá esteve sete anos. Regressou ao Parque Eduardo VII, em Lisboa e de Pavilhão de Exposições passou a chamar-se Pavilhão Carlos Lopes, em honra do herói maratonista que projetou o nome de Portugal no mundo.

Ao longo da sua ‘vida’, o Pavilhão Carlos Lopes recebeu cerimónias do Estado Novo, concursos de beleza e campanhas eleitorais ainda antes do 25 de Abril. Foi um dos palcos principais do Hóquei em Patins em Portugal, mas também das Artes Marciais ou do Vólei. Depois do 25 de Abril, recebeu concertos dos maiores nomes da música portuguesa e também internacional. Quase todos os partidos fizeram ali comícios e congressos e houve espaço também para outros movimentos. Para a história fica o dia 21 de junho de 1974, com o Comício do Movimento Nacional Pró-Divórcio. Por lá passaram as Marchas Populares, feiras de exposições ou de agricultura, eventos de desportos radicais. Chegou a ser avançado que iria acolher o Museu dos Desportos, mas o Pavilhão Carlos Lopes caiu no esquecimento durante quase uma década e meia…

14 anos depois…
Agora, 14 anos depois de encerrar portas, por falta de condições de segurança, o Pavilhão Carlos Lopes, localizado no Parque Eduardo VII, em Lisboa. Implantado numa zona turística, não passava de um edifício nobre em degradação rumo à ruína.
Em declarações aos jornalistas, Vitor Costa, diretor-geral da Associação Turismo de Lisboa (ATL), entidade encarregue de reabilitar o pavilhão, reconheceu que o edifício estava “bastante degradado e com falta de azulejos e outras peças (…), porque tinham sido vandalizadas, alguns (azulejos) tiveram que ser comprados na Feira da Ladra e, estava em risco de desaparecer”.
As obras que se iniciaram há cerca de um ano e agora terminam, foram “no sentido de restaurar e revitalizar este espaço, que é um espaço icónico”, acrescentou Vítor Costa.
O pavilhão, localizado no Parque Eduardo VII, foi criado na década de 1920 e encerrou em 2003. Chegaram a ser pensadas alternativas para o espaço municipal (cedido à ATL), como a criação de um museu do desporto ou um centro de congressos, mas nenhuma avançou, pelo que a Câmara encarregou o Turismo de Lisboa de o reabilitar.
“O projeto implicou uma melhoria da relação do próprio edifício com o espaço envolvente, quer com o Parque Eduardo VII, quer com a zona urbana: melhoraram-se acessibilidades, criaram-se escadas, inclusivamente uma escada rolante para a Avenida Sidónio Pais e retirou-se o estacionamento que havia aqui à volta”, precisou Vítor Costa.
Dentro do pavilhão, nos ‘foyers’, torreões e átrios em que havia elementos decorativos de interesse patrimonial, foi tudo restaurado.
Também a antiga sala multiusos, com cerca de 2.000 metros quadrados, foi “modernizada, mantendo a fachada, e foram-lhe introduzidas condições de segurança, de acesso a deficientes, de ar condicionado e condições técnicas para suspensões e, portanto, hoje pode receber qualquer tipo de evento adequado à dimensão do espaço”, apontou. Este espaço, com capacidade para 2.000 pessoas, pode vir a alojar eventos como congressos, exemplificou Vítor Costa. O representante referiu também que as restantes salas, com dimensões que rondam os 200 metros quadrados, poderão ser usadas para lançamentos de livros.

Preservar a memória do espaço
Apesar de se prever a “exploração comercial” do pavilhão – com valores que estão “dentro daquilo que é usual no mercado” – o objetivo principal da requalificação foi preservar a memória histórica do espaço, que começou por ser o Pavilhão de Portugal na Exposição do Rio Janeiro, em 1922, adiantou Vítor Costa. A reinauguração, com mais de quinhentos convidados aconteceu no dia em que se assinalou o 70º aniversário do ex-atleta e campeão olímpico Carlos Lopes, que correu pelo Sporting e venceu provas como o Campeonato do Mundo de Corta-mato (1976 e 1984), a Corrida de São Silvestre de São Paulo, Brasil (1982 e 1984) e a maratona de Roterdão, Holanda (1985).  Carlos Lopes foi ainda o primeiro português a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos (Los Angeles, 1984). Nos Torreões do edifício ficará instalada uma exposição permanente em sua homenagem.
O ex-atleta “participou ativamente” na intervenção, e Vítor Costa adiantou que a exposição permanente “foi feita com orientação dele”, contando com 300 peças por si cedidas, como troféus, medalhas e roupa desportiva. A reabertura do Pavilhão Carlos Lopes, no dia 18 de Fevereiro, “permite perpetuar toda a sua memória e complementar a oferta da capital portuguesa no que diz respeito a equipamentos dotados de condições únicas para a realização de eventos culturais, sociais, corporativos e desportivos”.
O investimento total foi cerca de oito milhões de euros, da responsabilidade da Associação Turismo de Lisboa, a quem o espaço foi cedido em direito de superfície. Lisboa ganhou assim um equipamento de condições únicas para a concretização dos mais variados eventos culturais, desportivos gastronómicos, empresariais e outras ações que instituições ou empresas ali queiram realizar.

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