Atravessada pela Estrada Nacional 17, que fazia parte da rota de todos os emigrantes há uns anos, voltou a estar na rota dos apreciadores desta iguaria portuguesa
Organizado pela Confraria da Chanfana, o certame é distribuído por oito unidades de restauração locais e, todos os anos, atrai várias milhares de visitantes, sendo também obsequiados com outras iguarias típicas de Poiares, nomeadamente o arroz de bucho e os negalhos.
A par disso o conhecido doce regional poiaritos, «uma inovação da Confraria da Chanfana tem vindo a afirmar-se a cada ano que passa aquém e além fronteiras da fronteira concelhia», refere a mordomo-mor Madalena Carrito.
A carne suculenta em caçoila de barro preto é imagem de marca gastronómica e a gastronomia, cada vez mais é um fator de atração importante que, no seguimento da política definida para o turismo, importa explorar, recuperando os hábitos e costumes da população.
Este prato típico de origem serrana, que nas nossas comunidades emigradas tão conhecido é, e nãos e faz mais por falta da ”matéria prima” denominado chanfana tornou-se um prato típico que terá tido origem entre as gentes serranas de um vasto território.
É um prato é muito apreciado em qualquer época do ano, embora seja associado, ainda às festividades religiosas anuais, aos casamentos tradicionais que, ainda atualmente, se realizam não prescindem da chanfana na ementa, motivo porque era designada “Carne de Casamento”.
De acordo com as gentes das terras, há um fator extremamente importante para o sucesso destes pratos, que se prende com as condições de cozedura: tanto a chanfana, como os negalhos são cozinhados em caçoilas de barro tapadas com diversas folhas de couve e em vinho tinto em forno a lenha durante várias horas e a carne tem que ser de carne de cabra “velha”. O fator determinante para obter o ponto ideal de fervura é o forno de lenha.
“Poiares Capriland”
Poiares apostando neste especialidade, já fez a apresentação pública do programa “Poiares Capriland”, que contempla as bases para a criação, no concelho, de um “Centro de Competências para a Caprinicultura”, numa vontade assumida, nesta fase, por apenas cinco entidades: a Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares, a Faculdade de Farmácia de Coimbra, a Escola Superior Agrária de Coimbra, a ANCOSE (Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela) e o INIAV (Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária); para que as cabras não venham no futuro a faltar. Pretende a Câmara associar a investigação aos conhecimentos e saberes existentes, que estão na posse de um conjunto de várias entidades, com o objetivo de partilhar esses conhecimentos e disseminá-los por toda a respetiva fileira, sendo um projeto aliciante que, em breve, será apresentado em Lisboa ao ministro da Agricultura.
Apostar na investigação e produção de gado caprino é uma consequência do sucesso gastronómico que representa o prato tradicional da chanfana… pois sem cabras não há chanfana e a carne natural das cabrs criadas em regime livre na região vão escasseando. A carne de cabra, assada em vinho tinto no tradicional forno de lenha, tem sido crescentemente valorizada pelas autarquias, que organizam festivais gastronómicos com apoio de confrarias gastronómicas e da própria Turismo do Centro de Portugal. Só que, em grande parte, por vezes os animais utilizados nos restaurantes são criados noutras regiões do país.
A caprinicultura poderá ser uma boa aposta para jovens se fixarem nas suas terras e criarem os seus próprios negócios e o animal só é abatido quando já não pare cabritos, nem dá leite.
António Freitas