O advento da “Guerra Fria” fez com que tudo mudasse e o papel interventor da ONU ganhasse muitas resistências, por via do direito de veto de um conselho de segurança bipolar e bloqueador
As Nações Unidas nasceram e foram negociadas por delegações de diplomatas da União Soviética, Reino Unido, Estados Unidos e China na Conferência Dumbarton Oaks em 1944. Depois de meses de planeamento, a Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional foi aberta em São Francisco a 25 de abril de 1945, com a presença de 50 governantes e várias organizações não-governamentais envolvidas na elaboração da Carta das Nações Unidas.
Primeira Assembleia Geral
Os primeiros encontros da Assembleia Geral, com 51 territórios representados, e do Conselho de Segurança, ocorreram no Westminster Central Hall, em Londres, a 6 de janeiro de 1946.
A Assembleia escolheu Nova York como localização da sede da ONU, e a instalação foi terminada em 1952. No entanto tanto esta sede da ONU, como as delegações de Genebra, Nairóbi e Viena, têmo estatuto de território internacional.
O primeiro secretário geral
Trigve Lie, norueguês foi o primeiro secretário geral, tendo ocupado o cargo entre fevereiro de 1946 a setembro de 1952. A este seguiu-se Dag Hammarskjöld, sueco que particularmente ativo de 1953 até sua morte em 1961, muito pela eclosão de diversos conflitos em África, principalmente no Congo. Dag Hammarskjöld morreu precisamente num estranho acidente aéreo quando se dirigia para uma conferência secreta naquele território.
Embora o principal objetivo da ONU fosse a manutenção da paz, a divisão entre os Estados Unidos e a União Soviética frequentemente paralisava a organização, fazendo com que, apenas pudesse atuar em conflitos distantes dos contornos da Guerra Fria.
Em 1947, a Assembleia Geral aprovou uma resolução para dividir a Palestina, criando o estado de Israel. Em 1956, foi criada a primeira força de manutenção de paz da ONU com a missão de acabar com a Crise de Suez. Contudo a organização foi incapaz de intervir contra a invasão da URSS à Hungria, após a revolução do país.
A ONU no Katanga
Em 1960, foi implantada a Operação das Nações Unidas no Congo (ONUC), a maior força militar formada até então, para repor a ordem ao Estado do Katanga, restaurando seu controle à República Democrática do Congo em 1964.
Com a grande descolonização na década de 1960, principalmente na África, na Ásia e na Oceania, a filiação da organização viu um influxo de nações recentemente independentes. Só em 1960, foram 17 os novos estados que se juntaram às Nações Unidas, 16 deles de África.
Em 25 de outubro de 1971, com a oposição dos Estados Unidos, mas o apoio de vários dos países de Terceiro Mundo, foi dada à comunista e continental República Popular da China a cadeira chinesa no Conselho de Segurança, no lugar da República da China que ocupou Taiwan; o voto foi visto como um sinal do declínio da influência estadunidense na instituição. Os países de Terceiro Mundo juntaram-se numa aliança chamada Grupo dos 77 sob a liderança da Argélia, que por algum tempo se tornou uma potência dominante na ONU. No ano de 1975, um bloco formado pela União Soviética e as nações de Terceiro Mundo passou uma resolução, sobre a enérgica oposição dos Estados Unidos e de Israel, declarando que o sionismo era racista, resolução que pouco tempo mais tarde viria a ser revogada
Com uma presença crescente de países do Terceiro Mundo e a falha da associação em mediar os conflitos no Oriente Médio, no Vietname e em Caxemira, a ONU passou cada vez mais a deslocar sua atenção para os seus objetivos secundários, nomeadamente desenvolvimento económico e cultural. Nos anos 70, o orçamento para estas áreas foi de longe maior que o de manutenção da paz.
Kofi Annan: o regresso das missões de paz
Com o terminar da guerra fria, a ONU libertou-se de certa forma do espartilho em que vivia e revitalizou as suas funções de manutenção de paz, com mais missões em dez anos que nas quatro décadas anteriores.
Entre 1988 e 2000, o número de resoluções do Conselho de Segurança adotadas duplicou e o orçamento de manutenção da paz aumentou mais que dez vezes. A organização teve inúmeras intervenções, tendo sido responsável por negociar um fim à Guerra Civil de El Salvador, lançou uma missão de paz bem-sucedida na Namíbia, e supervisionou as eleições democráticas na África do Sul na era pós-apartheid e no Camboja após-Khmer Vermelho. Em 1991, a instituição autorizou uma coligação internacional liderada pelos EUA que condenou e reverteu a invasão iraquiana do Kuwait. Brian Urquhart, subsecretário-geral entre 1971 e 1985, descreveria mais tarde a esperança dada pelo sucesso dessas ações como “falso renascimento”, dadas as missões problemáticas que se seguiram.