Até dezembro Lisboa é a Capital Ibero-Americana de Cultura

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Pela segunda vez, Lisboa foi escolhida pela União das Capitais Ibero-Americanas (UCCI) como Capital Ibero-Americana da Cultura. A primeira foi em 1994. A programação inclui mais de 150 atividades, a presença de centenas de artistas e produtores nacionais e ibero-americanos.

Lisboa é desde o dia 7 deste mês e até 22 de dezembro, a Capital Ibero-Americana da Cultura 2017. A programação inclui mais de 150 atividades e a presença de centenas de artistas e produtores nacionais e ibero-americanos.
Apresentada na qualidade de membro da União das Cidades Capitais Ibero-Americanas (UCCI), a candidatura de Lisboa foi aprovada por unanimidade e ratificada em junho de 2016, na cidade de La Paz, Bolívia. Lisboa sucede, assim, a outras cidades das Américas Central e do Sul, bem como de Espanha, que nos últimos anos foram responsáveis pela realização desta iniciativa. A capital portuguesa já tinha sido escolhida como como Capital Ibero-Americana da Cultura em 1994.
“Este acontecimento será o mote para a promoção de um ano artisticamente inovador, em que se terão em conta quer os processos históricos e a troca de conhecimentos que enquadram as relações entre estas cidades da Europa e das Américas, quer a existência de uma produção atual, artisticamente diferenciada e intrinsecamente plural”, refere uma nota divulgada pela Câmara Municipal de Lisboa. A programação foi desenvolvida pelas instituições culturais da Câmara Municipal de Lisboa, EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural) e Casa da América Latina, sob a coordenação global de António Pinto Ribeiro.

A questão indígena, afrodescendentes e migrações
«Passado e Presente – Lisboa Capital Ibero-Americana de Cultura» é o título da edição de 2017 e os eventos giram em torno de três temas: a questão indígena, afrodescendentes e migrações, criação contemporânea. São mais de 150 atividades entre espetáculos, exposições, colóquios, concertos, teatro, dança e gastronomia que se irão realizar em mais de quarenta edifícios culturais ligados à Câmara Municipal de Lisboa e ao Ministério da Cultura.
“Em Lisboa poder-se-ão ver traços, rotas, testemunhos do passado, nem sempre grandioso, nem sempre heróico”, explica-se no site da Lisboa Capital Ibero-Americana de Cultura, onde se acrescenta que “serão assim resgatadas, através de muitas atividades, as vidas, as expectativas e, naturalmente, as desilusões de quem aqui passou, parou ou aqui se estabeleceu”. “Em Lisboa se fará a História do que foi a invenção do paraíso, os americanos países de futuro”, assegura a organização. Aliada ao passado que une estas cidades ibero-americanas, a programação destaca por outro lado as relações atuais, com exposições, concertos, lições, filmes “oriundos de cidades que, muitas vezes, entre si, distarão milhares de quilómetros”, mas que falando como línguas da comunidade o português e o castelhano, “utilizam outras línguas maternais ou de adoção, articulando pronúncias diversas, do galego ao guarani”. “No presente celebraremos a festividade conjugada com a criatividade e com a reflexão crítica, nem sempre consensual, decerto”, destaca ainda a organização.
A programação abriu com a exposição ‘Al Final del Paraíso’, do artista mexicano Demián Flores, que apresenta um trabalho inspirado nas crónicas do missionário espanhol Bartolomeu de Las Casas sobre os nativos do México. Pode ser visitada no Padrão dos Descobrimentos até 2 de Abril, de terça a domingo, das 10h às 18h.
Entre os eventos programados está o ‘3 (três ao cubo)’, um ciclo de seis mostras de Ilustração para a Infância com a participação dos ilustradores Martina Mayà (Espanha), Mariana Zanetti (Brasil), Cristóbal Shmal (Chile), Catarina Sobral, Maria Remédio e André da Loba (ambos de Portugal), que estará patente ao público em três bibliotecas de Lisboa, entre 21 de janeiro e 4 de maio. Este evento envolve ainda a realização de oficinas e trabalhos de ilustração com escolas do 1º ciclo e/ou 2º ciclo (que posteriormente serão expostos) sob a orientação dos ilustradores convidados. Terá ainda lugar uma mesa-redonda com os ilustradores responsáveis, dirigida a artistas plásticos, ilustradores, mediadores de leitura, bibliotecários.

Povos da Amazónia em exposição
De janeiro a dezembro, o Museu de Etnologia reforça as visitas às ‘Galerias da Amazónia’, promovendo, de modo inédito, o acesso público às coleções em reserva naquele espaço museológico. Os mais de 1700 objetos que constituem as coleções relativas à América do Sul, estão repartidas por tipologias diversas, tais como máscaras e outros objetos rituais, adornos, instrumentos de caça e pesca, jogos, entre outros. Representativas de 37 povos da floresta amazónica, as coleções documentam as principais dimensões da vida ritual, social e quotidiana daqueles grupos indígenas e constituem um dos acervos de proveniência ameríndia de maior relevância, patrimonial e científica, a nível nacional. É necessária uma marcação prévia através do endereço eletrónico visitasguiadas@mnetnologia.dgpc.pt e as visitas são realizadas de quarta-feira a domingo às 10h30, 12h30, 14h30 e 16h30.
Outro evento, a realizar também a partir de janeiro, é o ‘Olisipografia – Testemunhos da Escravatura’, organizado pelo GEO (Gabinete de Estudos Olisiponenses). A organização do Lisboa Capital Ibero-Americana de Cultura convidou um conjunto de museus, arquivos e bibliotecas a seleccionar nas suas coleções, peças e documentação que, direta ou indiretamente, se pudessem relacionar com a escravatura negra. “Estes testemunhos recuperados serão objeto de uma abordagem particular que, conciliando múltiplas memórias, fomentará a leitura e a reflexão relacionadas com este tema”, informa. As exposições em cada um dos espaços escolhidos podem ser visitadas a partir de 12 de janeiro na Academia Militar; 13 de janeiro na Biblioteca Nacional de Portugal; 8 de fevereiro no Gabinete de Estudos Olisiponense; de 15 de março no Museu Nacional de Arte Contemporânea; de 21 de março na Casa-Museu Medeiros e Almeida e de 23 de março no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
Mais à frente, de fevereiro a julho, as Galerias Municipais da Câmara de Lisboa realizam uma residência com artistas plásticos de Argentina, México, Venezuela e Brasil através de um projeto de a quatros artistas do continente americano a residir na capital. Os artistas irão desenvolver a sua prática artística no complexo dos ateliês municipais dos Coruchéus, dando depois origem a uma mostra de trabalhos a realizar-se entre 1 e 8 de julho. Os artistas são Claire de Santa Coloma (Buenos Aires), Hector Zamora (Cidade do México), Juan Araujo (Caracas) e Marilá Dardot (Belo Horizonte).
A lisboetas e visitantes é ainda proposta uma iniciativa na área da gastronomia. O ‘Peixe em Lisboa’, um festival gastronómico cuja primeira edição aconteceu em 2008, ‘muda-se’ este ano para o renovado Pavilhão Carlos Lopes e terá como tema central a gastronomia ibero-americana, uma das mais ricas e dinâmicas do mundo e que muito tem vindo a evoluir nos últimos anos. De 30 de março a 9 de abril.
Outro evento que merece destaque é a exposição «Arpad Szenes e Vieira da Silva, os anos do exílio no Brasil (1940-1947)», patente no Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva entre 4 de março e 2 de julho e aberta ao púiblico de terça a domingo, das 10h às 18h. O casal Arpad Szenes e Vieira da Silva viveu no Rio de Janeiro (Brasil), de 1940 a 1947, num exílio que teve um impacto diferente em cada um. “A estadia no Brasil marcou de forma clara a pintura de ambos. A de Arpad tornou-se mais íntima e familiar, a de Vieira reflete as suas inquietações: a dor da guerra, o absurdo da condição humana, o desenraizamento e a saudade. Apontamentos do quotidiano ilustram este período, e cada um dá continuidade às suas pesquisas, tarefa que haveria de ter um forte impacto na obra posterior”, lê-se na apresentação da exposição que tem curadoria de Marina Bairrão Ruivo.
A programação completa de Lisboa Capital Ibero-Americana de Cultura 2017 pode ser consultada em http://www.lisboacapitaliberoamericana.pt/

Ana Grácio Pinto

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