Ainda recentemente, trouxe a estas páginas o Lago Azul, um dos atractivos da região zêzeriana, no interior, vizinha da zona do Pinhal. Cabe agora vez ao litoral, mais concretamente à Praia Azul, no Oeste oceânico, onde um empreendedor empresário e prezado amigo me proporcionou uma agradável ‘Passagem do Ano’, numa casa cheia, plena de festa, entusiasmo e esperança de um bom Ano Novo. Foi ao azul do mar que esta praia foi buscar o nome. Situa-se um pouco ao sul de Santa Cruz. Desde há cerca de duas décadas, um local outrora ermo e de deficiente acesso, transformou-se num polo de atracção do concelho de Torres Vedras.
Conheci a Praia Azul há cerca de meio século. E na imprensa diária da época, publiquei um artigo sob o título “Uma bela parcela do litoral onde os problemas locais afectam os interesses gerais”. Efectivamente, no final dos anos sessenta, a panorâmica turística da Praia Azul era bem diferente do que é hoje, bastando referir que pernoitar no local só era possível com a utilização de tenda ou autocaravana. A primeira estrada-caminho era sujeita ao pagamento de portagem, até ser aberta uma estrada de livre circulação, a partir da Estrada Nacional 247, ao mesmo tempo que surgiram as primeiras moradias e um restaurante no alto das arribas sobranceiras à praia. Com a foz do rio Sizandro a distância, houve problemas com proprietários de terrenos para expandir os acessos, mas a Praia Azul veio a figurar nos mapas rodoviários do país. Aliás, foi com esta revelação que “abri” o citado artigo, publicado em 1973.
Um filho da região, Álvaro Sebastião Pereira, foi quem inicialmente projectou enquadrar a Praia Azul no turismo nacional, com a concretização de um projecto que compreendia hotéis, residenciais, parque de campismo, piscina, recintos de diversão e uma igreja. Mas o idealista faleceu e o seu ousado projecto estagnou. No entanto, na viragem do século, outro torreense se consagrou à Praia Azul e, se o projecto anterior não se concretizou, foi dado, sem dúvida, um grande passo em frente no sentido de atrair e reter os amantes da beleza natural que o local apresenta, com extensas praias de mar e de rio, altas arribas e uma vizinha paisagística campesina que cativa de igual modo quem a contempla. Como já alguém considerou esta área da foz do Sizandro, está ali um excelente e tranquilo paraíso, que leva o visitante a repetir uma e mais vezes uma primeira visita, e ao apetecível prolongamento da estadia.
Humberto Luís tinha pouco mais de trinta anos de idade, quando se lançou na valorização turística da Praia Azul. Gerente da sociedade familiar que há duas décadas transformou o antigo restaurante em Hotel-Apartamento, frequentara a Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa. Conhecia, portanto, a matéria que ia trabalhar. A Praia Azul, com 35 amplos e confortáveis apartamentos à disposição dos visitantes, registou considerável aumento de frequentadores habituais, ao mesmo tempo que o restaurante, com capacidade para receber mais de uma centena de pessoas, continua a servir pratos que fizeram história, desde a famosa ‘sopa do fundo do mar’ ao arroz de polvo e à massada de peixe.
Todos os anos, a tradicional Passagem do Ano é festivamente assinalada na Praia Azul, sem faltar um vistoso fogo de artifício lançado sobre terra e mar a partir da área fronteira ao hotel, de onde também se admira um fascinante pôr do sol. Por meio de uma original placa turística, ali são dadas a conhecer as distâncias a que a Praia Azul se situa, em relação às mais diversas cidades do mundo, desde os 60 km de Lisboa aos 18.176 km de Sydney.
![]() | Foi ao azul do mar que esta praia foi buscar o nome. Situa-se um pouco ao sul de Santa Cruz. Desde há cerca de duas décadas, um local outrora ermo e de deficiente acesso, transformou-se num polo de atracção do concelho de Torres Vedras |
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