O Castelo de Almourol é um dos monumentos militares medievais mais emblemáticos e cenográficos de Portugal
O Castelo de Almourol, no Ribatejo, localiza-se na freguesia de Praia do Ribatejo, concelho de Vila Nova da Barquinha, distrito de Santarém.
Erguido num afloramento de granito a 18 m acima do nível das águas, numa pequena ilha de 310 metros de comprimento por 75 metros de largura, no médio curso do rio Tejo, um pouco abaixo da sua confluência com o rio Zêzere, este castelo é dos mais emblemáticos monumentos que podem ser encontrados em Portugal pelo seu significado, mas também pela sua paisagem envolvente.
É um dos que melhor evoca a memória dos Templários em Portugal.
A ilha já era habitada no tempo da ocupação romana da península. A partir do século VIII, foi ocupada pelos muçulmanos, que a terão conquistado aos visigodos. Por isso, quando aqui chegaram os cristãos o castelo já existia.
Foi conquistado por D. Afonso Henriques em 1129 que o entregou à Ordem do Tempo, na pessoa de seu Mestre em Portugal, D. Gualdim Pais.
Entregue assim aos Templários, que então efetivavam o povoamento entre o Mondego e o Tejo – sendo mesmo os principais responsáveis pela defesa da capital, Coimbra – o castelo foi reedificado e assumiu as características arquitetónicas e artísticas essenciais, que ainda hoje se podem observar.
A inscrição existente sobre o portão principal, aponta para que a conclusão das obras tenha sido em 1171, dois anos após a conclusão do Castelo de Tomar, edificado por determinação de Gualdim Pais. As mesmas características arquitetónicas estão presentes nos castelos de Idanha, Monsanto, Pombal, Tomar e Zêzere, seus contemporâneos. Juntos, formavam a linha defensiva do Rio Tejo.
São várias as características que unem ambos, numa mesma linha de arquitetura militar templária. Por exemplo, a opção por uma disposição quadrangular dos espaços. Em altura, as altas muralhas, protegidas por nove torres circulares, adossadas, e a torre de menagem, verdadeiro centro nevrálgico de toda a estrutura. Estas últimas características constituem dois dos elementos inovadores com que os Templários pautaram a sua arquitetura militar em Portugal.
Elevado a sede de uma Comenda, o castelo tornou-se um ponto essencial da zona do Tejo, controlando o comércio de azeite, trigo, carne de porco, frutas e madeira entre as diferentes regiões do território e Lisboa. Acredita-se ainda que teria existido uma povoação associada ao castelo, em uma ou em ambas as margens do rio, uma vez que, em 1170, foi concedido foral aos seus moradores.
Sob o reinado de Dinis I de Portugal (1279-1325), diante da extinção da Ordem do Templo (1311) pelo papa Clemente V, o património da Ordem passou para a recém-constituída Ordem de Cristo. Nas décadas seguintes, com o avanço da Reconquista para o sul, a sua posição perdeu importância estratégica. Sem necessidade de defesa do território, acabou por cair em esquecimento, sendo recuperado pelo espírito romântico já no século XIX que foi o mote do restauro e que lhe deu a aparência que conhecemos atualmente.
“No século XIX, inserido no processo mental de busca e de revalorização da Idade Média, o castelo foi reinventado, à luz de um ideal romântico de medievalidade. Muitas das estruturas primitivas foram sacrificadas, em benefício de uma ideologia que pretendia fazer dos monumentos medievais mais emblemáticos verdadeiras obras-primas, sem paralelos na herança patrimonial. Data, desta altura, o coroamento uniforme de merlões e ameias, bem como numerosos outros elementos de índole essencialmente decorativa e muito pouco prática”, explica o IPPAR (Instituto Português do Património Arquitetónico e Arqueológico).
Classificado como monumento nacional desde 1910, foi, durante o Estado Novo, residência oficial da República Portuguesa.
O castelo ficou gravemente danificado depois do terramoto de 1755, tendo sido alvo de variadas alterações na reconstrução que acabaram por adulterar a sua forma inicial.
A sua planta é retangular. Esta construído de forma a acompanhar os desníveis do terreno, com dois níveis interiores, o primeiro acedido pela entrada principal e o segundo onde se encontra a Torre de Menagem, através de uma escadaria interior. Divide-se em dois recintos: o recinto exterior, com as cortinas de muralhas reforçadas por nove torres circulares, e o interior, com a torre de menagem de três andares. As muralhas eram defendidas pelos típicos merlões e seteiras.
Como visitar
Combinando a beleza natural do rio Tejo com um passeio turístico, realiza-se umas das viagens mais interessantes e com bastante afluência pelas suas características. O acesso à ilha pode ser feito a partir do cais junto ao castelo em embarcações com capacidade para 20 pessoas. De 1 de Outubro a 30 de Abril, encerra à segunda-feira e de 1 de Maio a 30 de Setembro está aberto todos os dias.
Horário: 1 Novembro a 28 Fevereiro: 10h às 13h – 14h30 às 17h / 1 Março a 31 Outubro: 10h às 13h – 14h30 às 19h
Bilhete: 2,50€
As visitas grupo são feitas por marcação e partem do Cais D´El Rei, em Tancos e decorrem de terça-feira a domingo
Reservas e informações na Junta de Freguesia de Tancos: telefone 249712094 ou jftancos@gmail.com.
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