Largou de Lisboa a 21 de Junho para a viagem de instrução de 44 cadetes que finalizam o 2º ano da Escola Naval. Segue em direção ao Brasil, onde aportará nos portos das cidades de Recife e Salvador antes de chegar ao Rio de Janeiro. O navio-escola Sagres transporta a bandeira nacional que será utilizada na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 e terá ainda como missão ser a Casa de Portugal durante toda a competição.
A cerimónia de partida decorreu na Gare Marítima da Rocha Conde de Óbidos, em Alcântara, Lisboa. O primeiro-ministro, António Costa, entregou ao comandante do navio-escola Sagres a bandeira nacional que será levada a bordo do navio até ao Rio de Janeiro e será transportada pelo velejador João Rodrigues, o atleta olímpico porta-estandarte da delegação portuguesa, na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, a 5 de agosto.
Antes de chegar ao Brasil, o navio vai visita a Cidade da Praia, Cabo Verde, entre 3 e 6 de julho, sendo este o primeiro porto da viagem. Depois da escala em Cabo Verde, a viagem prossegue para o Brasil. O Sagres chegará ao porto de Recife, capital do estado de Pernambuco, a 19 de julho e ali ficará até ao dia 22, aberto a visitas. Segue depois para a cidade de Salvador, capital do estado da Baía, onde chegará a 26 de julho, aí permanecendo até 28 de julho.
O Rio de Janeiro, será a quarta e última etapa desta viagem. O navio-escola Sagres chega à ‘Cidade Maravilhosa’ a 3 de agosto e ali permanecerá até ao dia 22 do mesmo mês, para ser “a Casa de Portugal durante os Jogos Olímpicos, em resultado da parceria entre a Marinha Portuguesa e o Comité Olímpico de Portugal”, informa um comunicado divulgado pela Marinha portuguesa. “Nos portos de escala, o navio-escola Sagres tem um programa vasto de atividades previstas que inclui visitas a bordo, divulgação e representação protocolar por parte da sua guarnição, bem como diversos eventos organizados juntamente com os parceiros da Marinha que se associaram a esta viagem”, lê-se ano mesmo comunicado.
Para além do primeiro-ministro, a cerimónia de largada teve a presença do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, do secretário de Estado do Desporto e Juventude, João Paulo Rebelo, do chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Macieira Fragoso, bem como do presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, da vice-presidente e campeã olímpica, Rosa Mota, do chefe da Missão Rio 2016, José Garcia e do porta-estandarte da equipa olímpica na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
A bandeira nacional foi entregue por António Costa entregue ao comandante do navio-escola Sagres, António Gonçalves, após ter passado pelas mãos de José Garcia e do velejador madeirense João Rodrigues, o mais olímpico de todos os atletas portugueses da história do movimento olímpico nacional, que, no Rio de Janeiro, somará a sua sétima participação olímpica.
Após a estadia no Rio de Janeiro e já sem os cadetes do 2.º ano da Escola Naval, o navio inicia a viagem de regresso, atracando novamente em Cabo Verde, desta vez no Mindelo, Ilha de São Vicente, entre 10 e 12 de setembro. O regresso a Lisboa está previsto para 25 de setembro, altura em que termina a viagem de 97 dias. Para além da instrução dos cadetes, o Sagres cumpre sempre outra missão: levar um pouco de Portugal a muitos portugueses espalhados pelo mundo.
Da Alemanha a Portugal passando pelo Brasil
O atual navio-escola Sagres foi construído em Hamburgo, Alemanha, no ano de 1937, sendo denominado então por ‘Albert Leo Schlageter’.
No final da Segunda Guerra Mundial, e com a partilha dos despojos pelos vencedores, seguiu para os Estados Unidos da América, mas nenhuma instituição quis ficar com o navio.
Ao fim de três anos foi finalmente cedido à Marinha do Brasil, pelo valor simbólico de cinco mil dólares, “com o intuito de fazer face aos danos causados pelos submarinos alemães aos seus navios, durante a guerra”, pode ler-se na página eletrónica dedicada ao navio-escola. Passou a chamar-se ‘Guanabara’ e fez inúmeras viagens de instrução ao longo da costa brasileira.
Portugal adquiriu-o em 1961 para substituir a antiga Sagres que também havia sido navio alemão. O contrato de venda foi assinado no Rio de Janeiro, pelo valor de 150 mil dólares. Incorporado na Marinha Portuguesa a 8 de fevereiro de 1962, além do nome também herdou do anterior navio-escola a Cruz de Cristo que exibe nas velas, assim como a efígie do Infante D. Henrique, patrono e figura de proa do navio.
Com a nova Sagres, a Marinha Portuguesa prosseguiu o objetivo de manter um navio-escola veleiro para assegurar a formação marinheira dos seus futuros oficiais.
O navio-escola Sagres já realizou três voltas ao mundo, visitou mais de 160 portos estrangeiros em 60 países e acolheu inúmeras figuras ilustres, além de milhões de visitantes.
Militares, cadetes e uma atleta olímpica…
Nesta viagem o Sagres tem uma guarnição composta por 128 militares – 9 oficiais, 16 sargentos e 103 praças – além de dois mergulhadores e dois aspirantes da Escola Naval, um deles oriundo de Cabo Verde, que cumprem o estágio de embarque. Como viagem de instrução, leva os 44 cadetes do 2º ano da Escola Naval acompanhados do respetivo diretor de instrução, do comandante de companhia e de um sargento.
Viaja ainda um guarda-marinha da US Navy e, pelo simbolismo da viagem, segue em representação do Comité Olímpico de Portugal a velejadora Joana Pratas, que representou Portugal em três olimpíadas (Atlanta, Sydney e Atenas).
O navio vai estar aberto a visitas em todos os portos. “No Rio de Janeiro, em resultado da excelente relação com a Marinha do Brasil, o NRP Sagres vai ficar atracado próximo da praça Mauá, no Cais da Portuguesa, na Ilha das Cobras”, informa um comunicado divulgado pelo Comité Olímpico de Portugal. Em média, o navio-escola Sagres costuma receber cerca de 10 mil visitas por dia.
Ana Grácio Pinto