No cais de embarque de Belém e de onde dia a dia os cacilheiros do Tejo tomam e largam passageiros, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, embarcou em Belém e cruzou o Tejo rumo ao Alfeite a bordo de uma lancha rápida. O Comandante Supremo das Forças Armadas iniciou assim as tradicionais visitas aos três ramos militares.
A viagem de Belém ao Alfeite demorou pouco mais que 30 minutos e à chegada à Base Naval do Alfeite em Almada; as guarnições dos navios atracados estavam todas formadas, bem como o Navio escola Sagres em cujos mastros e na ponte a sua guarnição fazia a saudação com o tradicional “vivó” tão característico deste ramo das Forças Armadas e deste navio Escola que já deu várias voltas ao mundo.
Na parada as tropas em parada receberam com as honras devidas o seu Comandante Supremo, enquanto se ouvia o disparo da salva de canhão que tem direito e após o hino nacional, a revista às tropas em parada.
Durante a visita e, aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que os meios da Marinha “ainda são insuficientes” para as missões que tem a cargo e afirmou esperar que seja possível reforçar os meios disponíveis.
Há uma programação para a construção, em curso, e porventura para a aquisição de novos meios. Mas os meios de que dispõe a Marinha portuguesa ainda são insuficientes para as missões que tem a cargo.
Marcelo Rebelo de Sousa, que foi acompanhado na primeira parte da visita pelo ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, visitou o submarino Tridente, tendo descido ao seu interior e depois o navio de patrulha oceânico Viana do Castelo. Na sua primeira visita à Marinha, Marcelo chegou ao Alfeite a bordo do NRP “Orion”, uma das quatro lanchas de fiscalização rápidas da classe Centauro, projetadas e construídas há cerca de 15 anos pelo próprio Arsenal do Alfeite.
Na descida ao submarino “Tridente”, que o chefe de Estado visitou com especial agrado, referiu “Já há muito tempo que não visitava um submarino”, disse Marcelo e a primeira visita à Marinha terminou a bordo de um dos dois navios de patrulha oceânico construídos em Estaleiros Navais de Viana do Castelo, o NRP “Viana do Castelo”, ao serviço da Armada desde dezembro de 2010.
O chefe do Estado destacou as missões que a Marinha realiza no “Mediterrâneo, relacionadas com razões de natureza humanitária, prementes, mas também missões no Atlântico, no Golfo da Guiné” e as missões de acompanhamento da Zona Económica Exclusiva portuguesa, para além das “solicitações permanentes” à Marinha portuguesa por parte de organismos internacionais.
Considerando que os meios do ramo “são ainda insuficientes”, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou “esperar que seja possível reforçar os meios disponíveis, quer no caso dos outros ramos das Forças Armadas”.
“O moral das Forças Armadas é excelente”
Após vários dias de forte polémica em torno do Colégio Militar, e da demissão do chefe de Estado Maior do Exército; instado a comentar a demissão do chefe do Estado-Maior do Exército, em total rota de colisão com o ministro Azeredo Lopes a decorrente da alegada discriminação de homossexuais no Colégio Militar, um dos estabelecimentos de ensino militar, Marcelo respondeu assim: “Essa questão está resolvida pela tomada de posse do chefe de Estado-Maior do Exército que decorreu na semana passada. O moral das Forças Armadas portuguesas é excelente. A sua capacidade de serviço ao país continua excelente”.
Frisou que tudo ficou “resolvida pela tomada de posse” do novo chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte.
Recorde-se que a Marinha assumiu, na cerimónia de receção das Forças Armadas ao novo Presidente da República, que faz “fiscalização da pesca” nas águas portuguesas – quando tal lhe está constitucional e legalmente vedado, a exemplo do que sucede nas águas do Atlântico Norte (onde tem inspetores civis a bordo). Referiu ainda “é apenas uma primeira visita, terei oportunidade de fazer outras visitas no futuro à Marinha e espero ter a oportunidade de poder estar com o Navio Escola Sagres no Brasil aquando da realização dos Jogos Olímpicos, portanto no começo do mês de agosto”, referiu.
Um mês depois de ter discursado às tropas pela primeira vez, em Mafra, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a “vestir a farda de comandante” supremo das Forças Armadas e nesta visita à Marinha, reconheceu que faltam meios para cumprir as muitas missões que tem a seu cargo. Um reconhecimento que agrada aos meios militares, que por vezes injustamente e perante a opinião pública, recebem a carga pejorativa de que em tempos de paz não precisamos de tanta tropa.
“Faltam meios para cumprir as muitas missões” e “espero que seja possível reforçar os meios disponíveis”, afirmou. E de seguida e já sem jornalistas visitou uma velha corveta que carece de substituição urgente.
Marinha é a força mais antiga de Portugal
Num país de marinheiros e dos Descobrimentos a Marinha é o ramo mais antigo das Forças Armadas.
Da agenda do comandante supremo consta, nas próximas semanas, a visita ao Exército e a seguir à Força Aérea, respeitando, como é da praxe, a sequência histórica da criação dos três ramos das Forças Armadas, e comprometeu-se ainda a visitar os estabelecimentos de ensino militar.
No 10 de junho, Marcelo Rebelo de Sousa estará presente na habitual cerimónia militar do Dia de Portugal, marcada para Lisboa, viajando em seguida para Paris onde irá comemorar a data junto da comunidade portuguesa na capital francesa.
Depois de desembarcar foram-lhe prestadas honras militares, tendo assistido, momentos depois, a um briefing do almirante chefe do Estado-Maior da Armada Macieira Fragoso, vedado à comunicação social.
*com Lusa