“Mais instabilidade, mais insegurança, não abrem caminhos, fecham horizontes”, afirmou o Presidente da República, durante as comemorações dos 42 anos do 25 de Abril.
Os 42 anos da revolução dos cravos foram celebrados com a habitual sessão solene no parlamento. Este ano contou com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa que durante o seu discurso apelou ao “bom senso”.
Marcelo fez um balanço dos quatro desafios fundamentais do pós-25 de abril para reconhecer que a evolução desde os anos 90 pode parecer frustrante aos mais jovens; colocou três perguntas para provar que os consensos políticos são possíveis, apesar dos caminhos diferentes e fez dois apelos à unidade dos portugueses.
Apelo do presidente da república
Estes são tempo difíceis a apelar à sensatez, reconheceu Marcelo Rebelo de Sousa. “Unamo-nos no essencial sem com isso minimamente negarmos a riqueza do confronto democrático”.
No final do seu discurso e com o intuito de chamar os dirigentes políticos à razão, o Presidente da República apelou para que todos “troquemos as emoções pelo bom senso”, sendo aplaudido de pé por todos os presentes na Assembleia.
O PR quer que os partidos sejam racionais e se concentrem na solução dos problemas.
“Portugal não pode nem deve continuar a viver sistematicamente em campanha eleitoral”, recomendou Marcelo.
“Podem voltar a re-acreditar no futuro”, afirmou ainda o Presidente aos homens e mulheres de Portugal, que “vivem já uma distensão impensável há escassos meses”.
“Nós sabemos que estes tempos não são fáceis”, reconheceu Marcelo Rebelo de Sousa.
“Quanto aos grandes objetivos universais há um larguíssimo acordo entre os portugueses”, considerou. O PR reconhece que há duas visões distintas do país, muito ideológicas na base, mas acha que apesar disso é possível chegar a consensos em aspetos essenciais, sublinhando que “felizmente também há no nosso país neste momento dois caminhos muito bem definidos e bem diferenciados quanto ao modo de governação.
“Como um todo a revolução de 25 de abril acabou por abrir a Portugal horizontes para desafios que marcaram as décadas seguintes”, considerou o Presidente, após recordar as conquistas da revolução.
“É míope negar as desilusões, o saldo é claramente positivo para quem tem memória dos anos 70”.
Há contudo muito a fazer.
“O Portugal pós colonial tem de cuidar mais da língua, valorizar mais a cultura, ir mais longe na educação, na ciência e na inovação”, apelou o Presidente.
“Dar mais peso às comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, apostar mais na CPLP” e dar a quem vem de fora a oportunidade de cidadania que não tiveram nos seus países de origem, são outras das ideias reveladas por Marcelo Rebelo de Sousa.
No Dia da Liberdade, Marcelo Rebelo de Sousa agraciou o neurocirurgião João Lobo Antunes e o ex-ministro e fundador do Serviço Nacional de Saúde, António Arnaut, com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e e anunciou que vai condecorar Fernando Salgueiro Maia com a Ordem do Infante D. Henrique no próximo dia 1 de Julho.
O chefe de Estado explicou que as distinções são o “reconhecimento de carreiras dedicadas ao serviço da liberdade, democracia e Constituição no domínio da saúde”.
Depois de encerrada a sessão solene, Ferro Rodrigues e Marcelo Rebelo de Sousa assistiram na Escadaria Nobre à interpretação da canção “Grândola, Vila Morena” pelo Orfeon Académico de Coimbra e visitaram a exposição “A prova do tempo: 40 anos de Constituição”.
Durante a tarde do feriado, quer a Assembleia da República, quer a Residência Oficial do primeiro-ministro, em S. Bento, abriram as portas à população, com iniciativas de caráter cultural e outras dedicadas aos mais jovens. Numa das salas foi projetado um documentário da Associação 25 de Abril alusiva à Revolução e, nos jardins, viu-se a arte urbana dos grupos G.A.U. e Lata 65, – o projeto que convidou idosos a grafitar as paredes de Lisboa. Assim se comemorou os 42 anos do 25 de Abril.