A iniciativa surgiu há alguns anos organizada por empresários portugueses radicados em França e membros do Lions Club de Montfermeil e do Rotary Club de Crécy-en-Brie, França. Em Portugal já decorreu em locais como Portimão e Fátima e este ano chega a Braga, pelas mãos do empresário minhoto Miguel Pires, radicado em França há 34 anos. “Mais importante do que dar a quem nos pede, é dar a quem nada pede” sublinha o empresário.
“Tenho amigos que já a realizaram em Portimão e em Fátima, em 2015, e a realizam há dez anos em Lognes, cidade a 25 quilómetros de Paris. Convidaram-me a participar num batismo de vôo naquela cidade e foi um dia que me tocou profundamente, sensibilizou-me muito. Naquele dia, aprendi muito”, recorda Miguel Pires ao ‘Mundo Português’.
A iniciativa – que em Braga vai decorrer a 24 de junho – proporciona a crianças e jovens com deficiência e necessidades especiais, um dia inesquecível, com várias atividades, sendo o batismo de vôo o ponto alto do dia.
Os pilotos são maioritariamente empresários e quase todos portugueses, residentes em França. Em Braga serão oito pilotos e um igual número de avionetas. “Na sua maioria são portugueses, empresários de vários ramos de atividade, com brevet de piloto e que têm as suas próprias avionetas. Disponibilizam o seu tempo, o seu saber e os seus aviões para esta ação”, explica Miguel Pires. O empresário português, natural do distrito de Braga, sublinha que todos disponibilizam “benevolamente” o seu tempo para este evento.
Serão 300 as crianças e jovens que estarão em Braga para o batismo de vôo e vêm um pouco de todo o país, através de uma parceira com as Misericórdias Portuguesas. No dia anterior, outras 300 crianças farão um batismo de voo em Santa Cruz, concelho de Torres Vedras. Em dois dias, o mesmo grupo de organizadores “vai fazer sonhar 600 crianças”.
Apoio total em Braga
Foi a participação numa das iniciativas em França que levou o empresário da construção civil a querer realizá-la em Braga. A proposta foi acolhida e apoiada pelos membros das duas instituições que a dinamizam há anos. “Como há um aeródromo em Braga, disse-lhes que gostaria de organizar ali, um desses batismos de vôo para crianças deficientes. E deram-me essa oportunidade de a realizar em Braga. É a primeira vez que assumo a organização”, revela Miguel Pires que, com a decisão tomada, partiu então para a capital do Baixo Minho, onde o apoio foi unânime.
À disponibilidade do aeródromo para o dia 24 de junho, juntou-se a vontade de participar assegurada por todas as pessoas a quem o empresário apresentou a iniciativa. “Mostrei os vídeos de edições passadas, e desde o presidente da Câmara de Braga, ao administrador do aeródromo, aos empresários locais aos quais pedi apoios, ninguém falhou. Estamos a falar de empresários com negócios de grande volume e grandes empresas, na região de Braga, e ninguém disse ‘não’”, congratula-se Miguel Pires, que tem ainda o apoio dos dois filhos na organização do batismo de vôo em Braga.
Para o empresário, a boa vontade mostrada por estes empresários prova que “não é por terem alcançado grande sucesso e terem ‘subido na vida’ que as pessoas deixam de ser solidárias, de ter coração”. “Acredite que, ao assistirem aos vídeos, emocionaram-se e disponibilizaram todo o seu apoio.
Assim como o presidente da Câmara que foi muito acessível e disse que fazia questão que este fosse um dos eventos do ano, na cidade”, acrescenta.
À pergunta sobre a complexidade da organização desta iniciativa, Miguel Pires responde que, no fundo “não custa nada fazer”, porque não são apenas as crianças e jovens que sonham com aquele dia.
“A verdade é que todos nós que participamos na sua organização, também sonhamos com o 24 de junho”, revela o empresário, assegurando que aquele será um dia inesquecível à semelhança do que se passou em Portimão e em Fátima em 2015.
Além das educadoras e voluntários, estão presentes uma equipa médica e bombeiros. Uma empresa organizadora de eventos irá fazer a animação depois do vôo, já que esta é uma iniciativa que não se esgota com passeio pelo céu. Haverá palhaços, pinturas faciais e insufláveis, uma pastelaria vai oferecer as refeições aos participantes, e o cantor Zé Amaro, padrinho do evento, vai passar o dia com os participantes.
“Sabe, mais importante do que dar a quem nos pede, é dar a quem nada pede. E estas crianças não pedem nada a ninguém. Para mim, a maior gratificação é o dia em si, são os sorrisos deles, as recordações com que vão ficar”, sublinha Miguel Pires que assegura estar a fazer “de tudo” para que “24 de junho seja um dia inesquecível, para todos”.
Ana Grácio Pinto