A Federação Sefardita Americana inaugura a 7 de abril, a exposição «PORTUGAL, a última esperança: os vistos de Sousa Mendes para a liberdade», que pode ser visitada até Setembro, no Centro para a Historia Judia, em Nova Iorque. A exposição, com imagens e vídeos inéditos, homenageia e centra-se na acção do “corajoso e criativo diplomata português que salvou o pintor Salvador Dali, os autores de Jorge Curioso (‘Curious George’ No original), Hans Augusto Rey e Margret Rey, e milhares de outros refugiados do Holocausto para ser homenageado”, refere a Fundação Sousa Mendes.
Portugal era a “última esperança” para os judeus que procuravam fugir à França ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Foi em Aristides de Sousa Mendes, que exercia o cargo de Cônsul-Geral na cidade francesa de Bordéus, que milhares deles encontraram a sua salvação, na primavera de 1940.
À revelia do governo português na altura – e contrariando as ordens expressas por António de Oliveira Salazar – o diplomata português emitiu cerca de 30 mil vistos, criando uma rota de fuga que não existia anteriormente.
“Depois de chegarem em Portugal, estes refugiados encontraram um porto seguro temporário e foram calorosamente recebidos pela população portuguesa. Alí, os refugiados aguardaram os vistos e os bilhetes de navio que os levariam para os Estados Unidos, a América Latina e em outros lugares, obtidos com a ajuda do Comité Americano de Articulação da Distribuição de Judeus (Jewish Joint Distribution Committee, no original em inglês) e de outras organizações sediadas em Lisboa”, recorda uma nota divulgada pela Fundação Sousa Mendes acerca da exposição.
Punido pelo governo português com a expulsão da carreira diplomática e afastado de qualquer actividade profissional, Aristides de Sousa Mendes morreu na pobreza. Em outubro de 1966, foi nomeado pelo Yad Vashem, o memorial oficial de Israel para lembrar as vítimas judaicas do Holocausto, como ‘Justo entre as Nações’. A exposição «PORTUGAL, a última esperança: os vistos de Sousa Mendes para a liberdade», celebra o 50º aniversário dessa nomeação.
Objetos inéditos
Na exposição, que ficará patente até 9 de Setembro, os visitantes podem ver vistos de famílias salvas, bonecos que as crianças refugiadas traziam consigo, diários de guerra e outros objetos emprestados pela família de Sousa Mendes e famílias de sobreviventes. É possível ainda ver vídeos vídeo e fotografias inéditas da passagem dos refugiados por Portugal, fornecidos pelo município de Almeida e que fazem parte do espólio do futuro museu ‘Vilar Formoso – a Fronteira da Paz’.
“Quando seguir regras era a ordem do dia, Aristides de Sousa Mendes recusou ser cúmplice, fosse por conveniência ou complacência, de ataques monstruosos à dignidade humana. O heroísmo agora honrado deve servir de inspiração a outros para que sigam Sousa Mendes nos seus passos teimosamente conscientes e criativos em nome da liberdade”, sublinhou o diretor executivo da Federação Sefardita Americana, Jason Guberman, cidado pela agência Lusa.
Uma exposição relacionada, com alguns dos objectos agora expostos em Nova Iorque, foi recentemente realizada no Museu Los Angeles do Holocausto, sob o títutlo «Vistos para a liberdade: Aristides de Sousa Mendes e os refugiados da Segunda Guerra Mundial» («Visas to Freedom: Aristides de Sousa Mendes and the Refugees of World War II»).
O projeto foi organizado pela Federação Sefardita Americana em parceria com o Consulado Português de Nova York, a Fundação Sousa Mendes, e o município de Almeida, Portugal, com o co-patrocínio do Sociedade Americana de História Judia (American Jewish Historical Society), do Aristides de Sousa Mendes Virtual Museum (Portugal), do Turismo do Centro de Portugal, do Instituto Leo Baeck e da Fundação Luso-Americana.
Ana Grácio Pinto