12 portugueses, com idades entre os 7 e os 63 anos, morreram na sequência de um choque frontal entre a carrinha em que seguiam e um veículo pesado, cerca das 23:45 de quinta-feira de Páscoa, ou Quinta feira- Santa, na estrada nacional 79, perto de Lyon, na localidade de Moulins (centro). O único sobrevivente dos 13 passageiros da carrinha é o condutor, um jovem de 19 anos, também português, que foi hospitalizado em estado de choque. Foram 12 as vítimas mortais do acidente perto de Lyon, França, naturais dos concelhos de Cinfães, Sernancelhe, Oliveira de Azeméis, Pombal, Castelo de Paiva, Arouca e Trancoso. Dois homens tinham morada em Oliveira de Azeméis, um em Castelo de Paiva, um em Trancoso, um em Arouca, uma mulher em Pombal, existindo ainda um casal de Sernancelhe, e uma família (um casal e uma filha) e um homem, de Cinfães. A carrinha, com capacidade até seis passageiros segunda a marca, transportava 13 pessoas. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e os primeiros-ministros português, António Costa, e francês, Manuel Valls, expressaram condolências às famílias das vítimas, que viajavam da Suíça para passarem a Páscoa em Portugal.
Apesar da oferta em termos de transporte aéreo diário entre Portugal, França e Suíça, bem como das linhas regulares de autocarros de transporte de passageiros e o desinvestimento no transporte ferroviário internacional, a oferta de transporte, não responde à procura em determinados períodos festivos do ano e aliado à facilidade que se oferece, em ir da porta da residência nos países de acolhimento, à aldeia Natal e, com transporte dos haveres, levou que haja cada vez mais, dezenas de transportadores de passageiros, muitos agindo na clandestinidade a oferecer os seus serviços e, a transportarem passageiros, levando de Portugal famílias que vão ver os seus familiares e trazendo aqueles que querem passar uns dias em Portugal. O acidente que aconteceu em Moulins, no centro de França é um claro sinal desse transporte. Por viagem, os transportadores cobram “entre 200 euros a 300 euros”.
Uma carrinha onde seguiam as vítimas partiu da Suíça e tinha como destino Portugal e com lotação legal para seis passageiros, transportava 12 passageiros, mais o condutor, um jovem com 19 anos
Trata-se de um furgão Mercedes Sprinter de matrícula portuguesa; pelo que a lotação máxima nunca poderia ultrapassar os nove lugares e segundo o exigido pelo Código de Estrada, com mais lotação, obriga a uma categoria (D) de transporte público em termos de carta de condução que só se obtém com 21 anos de idade. Segundo fontes do meio automóvel a lotação máxima deste veículo seria de seis lugares, uma vez que apenas tinha vidros laterais na porta do condutor e dos passageiros da frente e numa porta lateral, e habitualmente, os furgões de nove lugares têm vidros laterais ao longo de todo o veículo. Os 12 portugueses morreram quando a carrinha em que viajavam a caminho de Portugal colidiu, de frente, com um camião na noite de quinta-feira, véspera da Sexta-feira Santa. As vítimas tinham idades entre sete e 63 anos, havendo entre elas uma criança e um adolescente. O acidente ocorreu na estrada nacional 79, perto de Lyon, na localidade de Montbegny, Moulins, no departamento de Allier, no centro de França,considerada uma das quatro estradas mais perigosas da França, em particular nessa zona de Allier, na região de Auvergne.
Capelão das Comunidades Portuguesas esteve com familiares das vítimas
O capelão das Comunidades portuguesas em França deslocou-se a Moulins, tendo-se encontrado com familiares das vítimas, que viviam na Suíça. José Luís Monteiro contou que os familiares, “que chegaram da Suíça, estão, naturalmente, muito consternados”. O capelão acredita que, “em Portugal, haveria manifestações de maior emoção, mas como vivem na Suíça estão mais contidos”. José Luís Monteiro sublinhou o “acolhimento inexcedível da parte das autoridades francesas, bem como do atendimento psicológico”.
O único sobrevivente dos 13 passageiros da carrinha é o condutor, um jovem de 19 anos, também português, que foi hospitalizado em estado de choque. José Luís Monteiro e a cônsul portuguesa pretendiam visitar o jovem, mas foram informados que tal seria “impossível”. “Disseram-nos que não é oportuno e que ele não está em condições, já que está totalmente chocado e sedado”, referiu. Presente também na zona do acidente e na morgue o deputado eleito pelo círcula da emigração, Carlos Gonçalves, bem como conselheiro das Comunidade de Lyon- Manuel Cardia Lima que expressaram o apoio às famílias das vítimas. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e os primeiros-ministros português, António Costa, e francês, Manuel Valls, expressaram condolências às famílias das vítimas, que viajavam da Suíça para passarem a Páscoa em Portugal.
Seguradora pode não pagar danos. Famílias suportam trasladações
A seguradora da carrinha que sofreu um acidente em Allier, no centro de França, pode recusar-se a pagar os danos causados. Isto porque dentro da carrinha viajavam 13 pessoas, mais do dobro que o previsto. Se isto vier a acontecer, poderá ser o Fundo de Pagamento Automóvel a compensar as famílias, responsabilizando posteriormente o dono da viatura e o seu sobrinho, que era quem conduzia a carrinha no momento do acidente.
Segundo informam autoridades francesas, o objetivo é tentar reconstruir o interior da carrinha para tentar perceber se haveria de facto bancos que haviam ali sido colocados de forma artesanal ou não.
Entretanto, sabe-se também que a trasladações dos corpos das 12 vítimas mortais deverá acontecer na terça-feira, dado a segunda feira a seguir à Páscoa ser feriado em França. Em declarações o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas fez saber que para que o processo esteja concluído é necessário que sejam “emitidos documentos como os das autoridades sanitárias e municipais, o certificado dos consulados e os registos de óbito”. “Temos esperança de que na terça todos os corpos possam ser transportados para Portugal”, afirmou José Luís Carneiro
O Estado português, lembre-se, havia disponibilizado apoio para o transporte dos corpos. Porém, e segundo informou o secretário de Estado, “em princípio não irá ser necessário, na medida em que as famílias de onze das vítimas entenderam desenvolver as suas próprias diligências junto das agências funerárias, para transportar os seus familiares para as respetivas localidades, freguesias e municípios, de onde são oriundos”.
Condutor da carrinha hospitalizado em unidade psiquiátrica
O condutor da carrinha está hospitalizado numa unidade psiquiátrica e ainda não foi ouvido pelas autoridades, indicou o Ministério Público de Moulins (centro de França). Em estado de choque, o jovem foi admitido inicialmente nas urgências psiquiátricas de Moulins.
O condutor foi transferido para uma outra unidade psiquiátrica naquela zona por “alguns dias”, explicou, em declarações à agência noticiosa francesa AFP, o procurador de Moulins, Pierre Gagnoud.
Um outro homem, que “poderá ser o presumível proprietário da carrinha” e que estava a fazer o mesmo trajeto da carrinha acidentada mas em outro veículo, também foi internado na mesma unidade psiquiátrica devido “a um choque psicológico”, acrescentou Pierre Gagnoud. Os investigadores vão “reconstruir a carrinha a partir dos destroços” para tentarem determinar “se tinha sido construída especificamente para o transporte de pessoas”, o que parece “pouco provável”, precisou Pierre Gagnoud. A outra hipótese é tratar-se “de uma adaptação artesanal, totalmente inadequada, com cadeiras dobráveis e com os passageiros sentados na parte de trás em assentos improvisados”, detalhou o magistrado. O motorista italiano do veículo pesado envolvido no acidente já teve alta do hospital e foi ouvido pelas autoridades francesas.
Cartão cidadão caducado leva a usar este transporte
Inês tinha ido passar uns dias de férias com o pai, emigrado na Suíça, e um infeliz esquecimento fez com que tivesse de optar pelas carrinhas de transporte para regressar a Portugal. “Ela viaja sempre de avião, ou de carro com o pai. Desta vez apercebeu-se tarde de que tinha deixado caducar o cartão de cidadão e teve que optar por esse transporte. Mas, pelo que disse à prima, quando viu a carrinha não queria vir, tanto que foi a última a entrar”, contou Evelina.
A estudar na Escola Tecnológica, Artística e Profissional de Pombal, na área da restauração, a jovem “adorava o curso” e “estava supercontente por voltar para passar a Páscoa” com a família que praticamente a criou a viu crescer, pelo menos até aos 14 anos, antes de ir para a Suíça estudar. Quando acabou os estudos lá, continuou a sua formação em Portugal. “Era uma pessoa muito alegre e divertida e onde ela estava ninguém estava triste.
Presidente da República declara-se consternado
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, declarou estar “consternado com a morte de cidadãos portugueses em França”, “Foi com a maior tristeza que tomei conhecimento do falecimento de 12 cidadãos portugueses no trágico acidente de viação. Quero desde já expressar às famílias destes nossos compatriotas as mais sentidas condolências”, lê-se numa nota divulgada na página oficial da Presidência da República na Internet.
O chefe de Estado refere ter sido informado de que aqueles cidadãos portugueses residentes na Suíça “vinham passar a Páscoa a Portugal com as suas respetivas famílias” e manifesta-se “particularmente emocionado com este trágico desfecho”. “Quero por isso associar-me ao Governo e a todo o povo português neste momento de enorme dor e pesar”.