Embaixador de Portugal no Canadá afirma que há um “crescente interesse” por Portugal

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Para José Fernando Moreira da Cunha, o facto de ambos os países disporem de novos Governos abre boas perspetivas para um relacionamento “político, económico e cultural” mais dinâmico entre o Canadá e Portugal. No setor económico, o Embaixador de Portugal naquele país defende que as exportações de bens e serviços “são fundamentais” para o desempenho da economia portuguesa e assegura que a comunidade lusa no Canadá tem tido um papel importante na promoção dos produtos portugueses.

“Julgo que o facto de o Canadá e de Portugal disporem de novos Governos abre boas perspetivas no relacionamento político, económico e cultural, tendo em conta a partilha de valores de democracia, de progresso e de respeito pelos direitos humanos”, afirmou José Fernando Moreira da Cunha, numa entrevista à agência Lusa. O embaixador de Portugal no Canadá defende que o facto de ambos os países disporem de novos Governos abre boas perspetivas para um relacionamento “político, económico e cultural” mais dinâmico entre o Canadá e Portugal. Em Otava desde 14 de março de 2013, o embaixador revelou que, desde que chegou ao Canadá, constatou “um interesse crescente por Portugal”, possivelmente devido ao aumento considerável do número de turistas canadianos que visitaram Portugal. “Hoje há uma maior oferta das ligações aéreas, nomeadamente da SATA, TRANSAT e Rouge. No ano passado o número de lugares nos aviões que ligam os dois países aumentou 22 por cento”, disse. Em 12 de abril de 1962 tomou posse como encarregado de negócios Gonçalo Caldeira Coelho, o primeiro diplomata português no Canadá. Uma relação diplomática que José Fernando Moreira da Cunha afirma ter vindo a ser reforçada ao longo dos anos. “Sem dúvida que o Canadá é um mercado de grande dimensão, considerando que possui um dos mais altos níveis mundiais de qualidade de vida e de consumo, bem como uma tradição de comércio livre”, destacou. E no dia 16 de fevereiro, o parlamento canadiano reativou o Grupo Parlamentar Canadá – Portugal, que “pode ser um fator importante na intensificação das relações bilaterais”. Papel da comunidade Os cerca de 550 mil portugueses e lusodescendentes a residir no Canadá também têm tido um papel importante na promoção dos nossos produtos e da sua qualidade, como, por exemplo, a “cortiça nos artigos de moda”, revela o diplomata. “Há um reconhecimento da importância da nossa comunidade e do seu potencial de influência”, o que é um dos fatores determinantes para as relações entre os dois países. José Fernando Moreira da Cunha também destacou o “aumento significativo”, em 2015, do número de alunos em todos os níveis de ensino que, no no Canadá, “aprenderam a língua portuguesa e tiveram um interesse efetivo na nossa cultura”. Exportações são “fundamentais” Na área económica, o embaixador considera que as exportações de bens e serviços “são fundamentais” para a economia portuguesa. “As exportações de bens e serviços são fundamentais para o desempenho de qualquer economia, assim como a captação de investimento, na recuperação económica”, disse à agência Lusa. Segundo os últimos dados do Instituto de Estatísticas Nacional (INE), o Canadá foi em 2015, o 18º cliente de Portugal, com 360 milhões de euros em importações, mais 39 por cento do que em 2014. Relativamente a exportações, o Canadá foi o 55º maior fornecedor de Portugal, com valores nos 72 milhões de euros (- 57 %), o que representa um saldo favorável em 2015 de 288 milhões de euros. “Hoje é possível encontrarem-se produtos ‘made in Portugal’ nas principais lojas desde país: os sapatos, as cutelarias, os têxteis-lar, as porcelanas e os vinhos, que são famosos. No passado, as nossas exportações eram essencialmente dirigidas para o denominado ‘mercado da saudade’ constituído por consumidores portugueses ou lusodescendentes, o que não sucede agora”, realçou o embaixador. José Fernando Moreira da Cunha destacou que, presentemente, são cada vez mais os canadianos que “apreciam e compram” os produtos portugueses, observando boas perspetivas após a entrada em vigor do Acordo Abrangente Económico e de Comércio (CETA, sigla em inglês) entre o Canadá e a União Europeia, com um alerta: “as nossas empresas têm que se posicionar, desde já, neste mercado de 35 milhões de consumidores, visto que as barreiras comerciais serão abolidas em larga medida, especialmente no que toca a bens manufaturados. Está a decorrer o processo de ratificação, e espero que venha a ser concluído o mais rapidamente possível”, frisou o diplomata. José Fernando Moreira da Cunha também salientou a importância de o Governo Federal incentivar a integração dos imigrantes através da aprendizagem do inglês ou francês, as línguas oficiais do Canadá. No passado “esta exigência era menor”. “Tanto a embaixada como os consulados-gerais em Montreal, Toronto e Vancouver, têm incentivado a nossa comunidade a ser mais ativa na vida política, cultural e social do Canadá, bem como a não se fechar dentro de si mesma. Nesse sentido, temos trabalhado com as autoridades federais e provinciais, no sentido de facilitar a integração dos nossos compatriotas nesta sociedade multicultural”, concluiu nesta entrevista à Lusa. O embaixador português José Fernando Moreira da Cunha nasceu no Porto em 1951. É licenciado em história pela Universidade do Porto e doutorado em Ciência Política pela Universidade de Belgrano de Buenos Aires, Argentina. Na sua carreira diplomática, foi embaixador no Irão e Argélia, tendo também sido cônsul-geral em Caracas, Venezuela, onde publicou um livro intitulado “Viagem à Venezuela”, obra que aborda a presença da comunidade portuguesa naquele país, e em 2015, lançou o romance “Amor em Tempos de Crise”. Calculam-se que existam no Canadá cerca de 550 mil portugueses e lusodescendentes, estando a grande maioria localizada na província do Ontário.

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