Bispo de Macau afirma que património religioso português é “um tesouro”

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O novo bispo de Macau, Stephen Lee, elogiou as tradições e os edifícios católicos de Macau, deixados pelos portugueses, considerando que são “um tesouro” da diocese.

“As pessoas apreciam as belas tradições religiosas portuguesas, como a procissão do Bom Jesus, de Fátima. Até pessoas de Hong Kong vêm para esses eventos”, disse o antigo bispo auxiliar da cidade de Hong Kong, em entrevista à agência Lusa.
“Estas tradições portuguesas são muito bonitas e são um tesouro da diocese de Macau, que as outras dioceses não têm. São coisas que temos de acarinhar e acho que ajudam a fé das pessoas”, afirmou.
Sobre a língua portuguesa, que ainda não domina, Lee disse compreender a sua importância para Macau mas destacou que o essencial é “ter o coração no lugar certo”.
“Claro que falar a língua é importante, faz parte da comunicação. Mas o mais importante é onde pomos o coração. Pode haver padres ou bispos que falem português mas se o seu coração não estiver no lugar certo, qual é o objetivo? O importante é a nossa preocupação com as pessoas e não a língua”, defendeu.
Stephen Lee é o primeiro bispo de Macau a não dominar o português, sendo fluente em chinês, inglês e espanhol.
Macau é considerado o berço do catolicismo na Ásia e a diocese de Macau é a mais antiga do Extremo Oriente ainda em funcionamento – a primeira foi a Arquidiocese de Pequim, erguida em 1307, seguida da de Quanzhou, também na China, mas ambas desapareceram ao fim de pouco tempo.
Hoje, a diocese tem 30 padres no ativo, mas apenas dez são locais e há só um seminarista em formação.
A comunidade católica de Macau é composta por cerca de 30 mil crentes num universo de pouco mais de 600 mil pessoas que vivem no território. A maioria dos católicos de Macau são chineses, portugueses, macaenses e, mais recentemente, filipinos.
“Acho que podemos fazer mais em termos de evangelização em Macau. Há apenas 5% de católicos, ainda que sejam um lugar pequeno, é muito pouco”, comentou.
A diocese, que este ano celebra o 440.º aniversário, já teve um papel mais alargado na Ásia, mas hoje está limitada a Macau, depois da expansão do catolicismo para outros países e cidades da região, considera.
Deve agora olhar para dentro, defende o bispo, e centrar-se nos problemas dos seus. Apesar de Macau ser tida como uma cidade abastada, “o fosso (entre ricos e pobres) é grande”: “Basta olhar para a situação da habitação. Se é um local tão abastado assim, por que é que o Governo continua a construir casas de baixo custo?”, questiona.
O bispo diz-se também preocupado com outro tipo de pobreza. “Espiritualmente são bastante pobres, devido à pressão dos casinos, da riqueza, do materialismo. Acho que anseiam por verdade e paz, estão ávidos disso”.
Sendo muitos os assuntos sobre os quais ainda se está a inteirar, Lee diz já ter discutido, no seio da diocese, uma questão que considera de elevada importância: o apoio à comunidade filipina, particularmente vulnerável, não só financeiramente (sendo composta, em grande parte, por empregadas domésticas), mas também em termos de estrutura familiar, com casos de muitas famílias separadas por motivos de trabalho.
“Vamos pensar num plano melhor. Não basta ter um padre que dê a missa, é preciso alguém que se preocupe com os seus casamentos, com os seus filhos, com a sua formação”, defendeu.

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