A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está a estudar a problemática da alimentação de pessoas idosas que vivam sozinhas. O objetivo passa por encontrar uma solução, através de uma monitorização que permita um acompanhamento e controlo permanente, para um problema que afeta inúmeras pessoas por todo o mundo.
A Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) estuda uma solução para alimentação de pessoas idosas que, por alguma eventualidade ou por escolha própria, se encontrem a viver sozinhas, sem acompanhamento por parte de familiares ou empresas de apoio ao domicílio. Esta solução será uma monitorização automática que “contribua para a sua autonomia, saúde e bem-estar”, informa a UTAD numa nota enviada ao Mundo Português.
Este estudo é uma iniciativa conjunta de duas universidades do Norte do país -orientado pelo investigador António Cunha, docente no Departamento de Engenharias da UTAD, em colaboração com Paula Trigueiros, da Universidade do Minho – e possibilitou já a realização de um trabalho de mestrado em Engenharia Informática de Luís Filipe Macedo Costa, que se debruçou sobre a inteligência artificial que pode ser aplicada à monitorização da alimentação de idosos.
No âmbito do trabalho de Luís Filipe Costa, foi implementado um protótipo demonstrativo capaz de identificar e classificar gestos de alimentação, testado com gestos de oito utilizadores diferentes.
Nestes testes foram analisadas as respostas a 689 gestos, organizados em três grupos principais (“comer sopa”, “comer prato principal” e “beber”), e foi obtida uma percentagem de taxas de deteção e classificação que permitirá caracterizar a alimentação de um idoso.
Segundo a UTAD, nesta fase do estudo, os investigadores propõem um sistema de monitorização automática de alimentação -criado especificamente para a pessoa idosa no seu ambiente habitual – que analise as articulações do esqueleto humano, (fornecidas por um sensor ‘Microsoft Kinect), detete os gestos de alimentação, classifique com modelos ocultos de Markov e faça uma estimativa a alimentação do utilizador.
Após uma avaliação da alimentação usando o sensor, os investigadores concluíram que é possível realizar uma monitorização no cenário desejado, desde que a pessoa alvo tome as suas refeições sentado em frente a uma mesa ao alcance do sensor. A UTAD revela ainda que os responsáveis deste estudo estão a par da “realidade indisfarçável dos novos tempos, com o envelhecimento populacional, o aumento da solidão das pessoas idosas devido aos mais variados factores, o que aumenta o número de pessoas em risco.
Este fenómeno é agravado quando as próprias rejeitam o acompanhamento institucional, por exemplo, por motivos financeiros.
É neste panorama que surge a monitorização, assumindo-se como uma solução e possibilitando simultaneamente o reconhecimento de possíveis mudanças nas rotinas de alimentação, o que permitirá aos especialistas detetarem precocemente problemas de saúde.