Por vicissitudes várias, as Caves de Santa Marta, atravessaram dias difíceis. O atual presidente, Manuel Cruz e os restantes elementos da Direção foram os obreiros de uma recuperação fantástica e o diretor comercial, Francisco Teixeira, foi o homem certo na altura certa para a popular adega de Santa Marta de Penaguião recuperar todo o seu esplendor.
São 1400 sócios que produzem 7 milhões de quilos de uvas, transformadas em mais de 9 mil pipas de vinhos do Douro e Porto e mesa que «dão cartas» no mercado. As Caves de Santa Marta estão com mais saúde e recomendam-se…
As caves de Santa Marta saíram recentemente de uma situação um pouco difícil. Qual foi a grande razão?
Há várias razões. Desde logo, o facto de, em determinadas alturas, se pagar aos sócios mais do que se deveria pagar. Ao valorizarem demasiado o vinho e, posteriormente, não conseguindo realizar esses valores no mercado, levou a que tivessem de contrair empréstimos sucessivos na banca para pagar aos associados, numa altura em que as taxas de juro estavam próximas dos 10%. Com este acumular de situações chegou-se a uma dívida de 26 milhões.
Quando aqui chegámos a situação era mais grave do que aquilo que pensávamos. Das duas, uma: ou a empresa ia para a insolvência, caminho que se se estava a seguir, ou teríamos que encontrar uma solução para a viabilização de empresa. Foi então que, nesse ano de 2012, surge o Processo Especial de Revitalização do qual estamos a beneficiar com a aprovação de um Plano de Revitalização, homologado judicialmente. Foi um processo difícil de concluir, na medida em que desde Junho a Dezembro tivemos que negociar com os nossos credores, principalmente com os Bancos.
Temos vindo a cumprir com o Plano estabelecido, pelo que a recuperação das Caves Santa Marta está a correr bem, dentro do que estava previsto. O que podemos garantir é que vamos continuar a beber vinho das Caves de Santa Marta por muitos e bons anos.
E o mercado nacional, como é que está a responder?
Por via das dificuldades económicas que as Caves Santa Marta atravessavam, em 2012, deixámos de fornecer as grandes superfícies. Só em janeiro de 2013, com a produção do ano de 2012, é que estivemos em condições de negociar a nossa reentrada nas grandes superfícies comerciais, com todas as dificuldades que lhe são inerentes. Felizmente, graças ao trabalho do diretor comercial, a entrada foi um bocadinho mais facilitada, pois já existiam os contactos tornando-se mais fácil o acesso a quem tem o poder de decidir. Neste momento estamos a conseguir chegar, de novo, aos níveis onde estávamos anteriormente.
Há muitas empresas que se queixam da grande distribuição, qual é a vossa experiência?
Nós precisamos da grande distribuição, só desta forma conseguimos estar em centenas de lojas com os nossos produtos.
Mas vocês no mercado nacional, para além das grandes superfícies, também têm outras presenças?
Sim, também temos, mas uma presença mais reduzida. Estamos no Canal Horeca, sendo esse mercado ainda pouco significativo em termos do volume de vendas.
Qual é o peso do mercado da exportação na faturação global da empresa?
Neste momento passa os10%. Temos representantes na Rússia, Suíça, França, Bélgica, Luxemburgo e Brasil. A Rússia é neste momento o nosso principal mercado. Estamos também em Angola, Guiné e Camarões. No total são já cerca de 20 mercados, e estamos a tentar ir para a Polónia, México e Indía.
Aqui há uns tempos toda a gente falava na China, agora ninguém quer a China. Também se desinteressou deste mercado?
O problema da China é a instabilidade que os clientes têm em relação ao mercado. Os chineses não têm uma relação de estabilidade com o produto, nem o valorizam no seu todo. Até há pouco tempo, era um mercado que estava a crescer, isso era verdade, mas hoje em dia já não é bem assim. É também preciso dizer que, no mercado Chinês, a maior parte das compras era para oferta e não tanto para consumo, porque quando o Governo Chinês, que era o grande consumidor dos vinhos mundiais, decidiu acabar com as ofertas, o consumo baixou.
E Angola ?
Angola está parada pelas razões que se conhecem. Nós estamos representados pela Teixeira Duarte, nos Supermercados Maxi.
Como é que o SISAB PORTUGAL tem contribuído para vendas externas das Caves Santa Marta?
Tem sido importante para arranjar clientes nesse mercado, conseguindo-se contactos, como por exemplo Camarões e Angola. Para nós o SISAB PORTUGAL, constitui um ponto de encontro com os nossos agentes, aproveitando esse evento para fazermos a nossa reunião anual. Para além disso, o SISAB PORTUGAL, traz sempre novidades e sobretudo novos compradores. Há sempre países onde nós não estamos e tentamos entrar nos seus mercados.
Agora que a situação económica está debelada quais são os projetos e os anseios para o futuro?
Vender cada vez mais. O anseio que tenho é vender mais. Este ano tivemos uma boa produção, dentro dos parâmetros que estão previstos no plano de recuperação da empresa.
Temos que ir evoluindo e modificando de acordo com o mercado. Por exemplo, no caso do Lapadas, temos feito rótulos temáticos conforme as alturas. No caso dos Santos Populares fizemos um rótulo com os 3 Santos, S. João, S. Pedro e S. António. Esta inovação permitiu-nos entrar em clientes onde nunca tínhamos entrado.
Os frisantes estão a ser uma aposta com boa aceitação?
Começou-se a perceber que estava a haver um aumento do consumo de frisantes, e por isso fomos à procura do frisante. Temos de estar sempre atentos às novas tendências do mercado. Para além dos frisantes, também o consumo de Rosés está a crescer. Quanto aos brancos verifica-se que também está a aumentar o seu consumo. Deixámos de ter rolha nos brancos e nos rosés, e passamos a cápsulas para ser mais fácil a sua abertura.
Essa é uma guerra grande que as cápsulas irão vencer, ou não?
As cápsulas, no caso dos frisantes, vencem de certeza. O que acontecia é que surgiam alguns problemas com o Lapadas quando era de rolha. O frisante tem gás, e no tempo quente havia tendência da rolha saltar. Quando esta situação acontecia, nunca mais se conseguia vender aquele vinho nos supermercados. Com as alterações deixámos de ter reclamações.
Só se fez esta alteração nos brancos e nos rosés, tendo o cuidado de só avançar depois de obter a aprovação dos nossos principais clientes, nomeadamente da Rússia, uma vez que é um mercado que nos compra muito branco e rosé.
E a produção já está em pleno?
Este ano tivemos 105% a mais do que no ano passado. O mercado pode estar sossegado, porque já temos vinho para tudo e para todos. Houve maior produção e registou-se a entrada de novos sócios. Conjugando estes dois fatores importantes podemos afirmar que, neste momento, as Caves de Santa Marta estão a produzir em pleno.
Quais são as “joias da coroa” ? Os vinhos que mais vendem aqui na adega…
Eu acho que nós temos várias “jóias da coroa”. Somos uma das adegas que tem uma grande diversidade de vinhos para todos os gostos, para todos os consumidores e para todas as bolsas. O “bag in box” é o que nós mais vendemos, é a nossa grande âncora. Depois temos o frisante “Lapadas”,é um dos melhores frisantes no mercado. O “Caves Santa Marta”, o “Montes Pintados”, o “CSM 59” e o “Conde Guião” são os nossos “Premium”. Temos também as aguardentes. No que respeita aos espumantes estamos a mudar a sua imagem e pretendemos apresentá-los ao mercado já no final do ano. Estamos a preparar o Natal.
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