A ESBAL nasceu a partir de uma mercearia existente no Porto que vendia produtos alimentares, entre eles o bacalhau. Por isso mesmo criou esta firma que tinha como finalidade a importação do produto para ser vendido aos seus inúmeros clientes. Com o aparecimento das grandes superfícies, a velha empresa do Porto fechou, ficando apenas a ESBAL que passou a dedicar-se à importação e secagem de bacalhau, o que faz para o mercado em geral. A exportação tornou-se uma realidade importante e, neste momento, significa já 15 por cento da faturação da empresa.
Como nasceu a ESBAL?
Esta empresa nasceu a partir da actividade de uma empresa do Porto que vendia mercearia e produtos alimentares entre os quais muito bacalhau também. Foi por isso que à época os seus administradores pensaram em constituir uma empresa de importação e preparação de bacalhau. Foi assim que em 1991 nascia a ESBAL (Empresa de Secagem de Bacalhau SA) com a finalidade de produzir o bacalhau que seria vendido por essa firma do Porto.
As coisas entretanto complicaram-se e a distribuição alimentar de comércio alimentar começou a enfrentar os problemas que todos conhecemos com a grande distribuição moderna e os “cash and carry”, até que a administração de então, acabou por fechar essa empresa no Porto.
Hoje temos um mercado a nível nacional e também um bocadinho de exportação, graças à nossa presença no SISAB PORTUGAL que nos permitiu alguns contactos fazendo com que neste momento já tenhamos algum peso na exportação que se reflecte na nossa faturação na ordem dos 15 por cento.
Estamos nalguns mercado como Inglaterra, Alemanha, França, Luxemburgo, Suíça, Bélgica, Holanda e Andorra. E o restante aqui no mercado nacional, estando muito mais implantados na região norte que foi onde sempre esteve a velha mercearia do Porto, embora também temos clientes no sul e nas ilhas.
Por tudo isto costumamos dizer que esta empresa que nasceu em 1991 já atingiu a maioridade.
E vieram mais pessoas da velha mercearia portuense?
Atualmente somos três, a minha responsabilidade recai na área comercial, sempre fui vendedor de produtos alimentares e embora agora seja só bacalhau as vendas foram sempre a minha área. Os meus dois sócios são o Dr. Pedro que está na produção do ultracongelado, e a Dra. Luisa que orienta as compras e a área financeira, e a direcção geral da fábrica.
Curiosamente apesar de dizer que vende apenas bacalhau, este é um sector de muitas inovações nos últimos anos
Esta empresa sempre vendeu bacalhau mas a partir de há dez anos para cá tivemos de começar a pensar na evolução do mercado e dos hábitos das pessoas e hoje produzimos já algumas toneladas de bacalhau ultra congelado e seco.
Qual a proveniência do bacalhau que comercializam?
Vamos busca-lo onde ele existe e onde se pesca, à Noruega e à Islândia. São os dois países que nos faz chegar o bacalhau de cura tradicional. Neste momento não estamos na grande distribuição e apenas no comércio tradicional. E por isso vamos buscar o bacalhau que nos chega já escalado e salgado, embora também importemos bacalhau que é congelado em alto mar e que ao chegar, é tratado com o processo de secagem tal como o outro. O preço é ligeiramente mais barato mas e mais competitivo, embora tenha a mesma origem.
Temos preferência pelo fornecedor Islândia, porque como não estamos na grande distribuição apostamos mais na grande qualidade e na Islândia o bacalhau é ligeiramente mais caro mas com melhor qualidade também.
Como chega aqui o bacalhau?
Chega a Ílhavo de barco, mas também já chega muito em camião porque é mais rápido. O bacalhau chega salgado e escalado, passa então por uma lavadora para tirar sal e impurezas. De seguida é metido em redes e vai para os secadores de ventilação, onde está uma média de três dias de secagem dependendo do tamanho do próprio bacalhau. De seguida entra num período de repouso que dá ao produto uma fibra e uma consistência bastante apreciadas pelos consumidores.
De seguida segue para stock nas câmaras refrigeradoras entre os seis e os oito graus, até ao dia em que venha finalmente a ser embalado para seguir para o mercado.
Quem comer este bacalhau da ESBAL pode ficar descansado que nada é adicionado ao produto?
Nada de nada, apenas é adicionado o sal, é lavado e vai para os secadores, nada é adicionado, apenas água e sal.
Como conheceu o SISAB PORTUGAL?
Quando a ESBAL pensou alargar o seu negócio, contactei alguns clientes no estrangeiro e foi então que me falaram no SISAB PORTUGAL onde fui pela primeira vez levado por um cliente do Luxemburgo. Percebi que estava ali a oportunidade de chegar ao mercado externo e por isso logo no ano seguinte estive presente no certame com um stand próprio e desde então lá tenho estado todos os anos desde há sete ou oito. No primeiro ano apareceram alguns contactos, e depois disso foi sempre a subir o que nos permite hoje ter já uma boa gama de contactos e clientes no mercado da saudade, porque este é claramente um produto para este mercado. E os clientes têm ficado fidelizados até porque é muito fácil trabalhar com a ESBAL.
Porque diz que é fácil trabalhar com a ESBAL?
É muito fácil trabalhar com a nossa empresa para qualquer mercado, porque normalmente o tratamento com os clientes está concentrado em mim e por isso qualquer aspeto da negociação é muito fácil de resolver porque trata comigo personalizadamente.
Por essa razão eu digo que é muito fácil de trabalhar com a ESBAL porque os assuntos são tratados rapidamente e cara a cara, sem demoras e tempos mortos.
Qual a razão de não estarem na grande distribuição no mercado nacional?
A grande distribuição é um mercado muito competitivo e que nos obriga a um esmagamento de preços, muitas vezes sem resultados nem margens que o justifiquem. Por tudo isto estamos mais vocacionados para o mercado tradicional, que se enquadra mais na nossa política e no nosso patamar de qualidade.
A grande distribuição está a prejudicar o sector?
O sector do bacalhau e bastante prejudicado e há algumas empresas com muitas dificuldades por estarem na grande distribuição por causa dos preços sempre tão esmagados, obrigando os produtores a baixas de preços de uma forma bastante agressiva.
Pela nossa parte como não somos uma empresa muito grande, temos a nossa produção toda assegurada com os clientes do mercado tradicional.
E o futuro?
A ESBAL pretende continuar a seguir a política que tem seguido nos últimos anos e tentar cresceu ainda mais, porque ainda temos margens para continuar a crescer sobretudo na exportação, indo ao encontro dos portugueses espalhados pelo mundo que são os nossos grandes clientes.
Nos últimos anos têm saído de Portugal uma média de 120.000 pessoas/ano. Sente que vende menos em Portugal?
Tem-se notado no mercado nacional uma quebra de consumo bastante acentuada. Em Trás-os-Montes há falta de negócio porque há falta de pessoas quer saíram do país. Em Julho e agosto regressa o consumo normalizado, mas sim nota-se que há menos gente. Em compensação no mercado internacional notam-se mais clientes no Reino Unido e também em França onde se registam aumentos significativos de consumo muito superiores a anos anteriores. O consumo baixo cá, corresponde ao que aumentou lá, por isso temos de ir cada vez mais para esses mercados, embora não abandonando o mercado nacional.
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