A comunidade portuguesa no Reino Unido precisa de mais autarcas para servirem de “bengala” na caminhada da integração na sociedade onde vivem, defende o vereador londrino Guilherme Rosa.
“Um vereador português é uma ‘bengala’, que fala a mesma língua e aproxima as pessoas afastadas do sistema”, afirmou à agência Lusa o autarca em Lambeth, no sul da capital britânica.
Militante do partido Trabalhista, o luso-eleito admitiu que nem o próprio partido se mostra sempre aberto às suas reivindicações a favor da comunidade portuguesa, mas defendeu a importância de ter mais representantes nas instituições britânicas.
José Bamonde, que foi vereador em Lowestoft, no leste de Inglaterra, reforçou a metáfora da “bengala”. “Pode ajudar as pessoas que não sabem como agir”, defendeu, durante um debate intitulado ‘Como ser um vereador’ e que teve lugar em maio, nos Paços do Concelho de Lambeth, atraindo uma assistência de cerca de 50 pessoas.
Naquela zona de Londres estima-se residirem cerca de 100 mil portugueses, refere a Lusa, um número que levou Guilherme Rosa, eleito no ano passado, a lançar um apelo à participação política. O autarca diz receber muitas solicitações relativas a habitação, emprego e negócios, mas lamenta ser o único ‘representante’ da comunidade. “Sozinho não consigo fazer tudo, é importante haver mais representantes, seja de qual for o partido”, sublinhou.
José Bamonde, que em Portugal foi militante do CDS e no Reino Unido do partido Trabalhista, avisou que a forma de funcionamento da política nos dois países é diferente e que voltou ao ativo porque quis ajudar a comunidade. “Os políticos aqui fazem as coisas por gosto, não é pelos privilégios ou salário”, vincou em declarações à Lusa, a propósito da necessidade de empenho e disponibilidade para sacrificar tempo livre.
Também Eduardo Gonçalves, o primeiro candidato de origem portuguesa ao parlamento britânico nas eleições legislativas de junho, defendeu a importância dos eleitos locais. “Tem maiores probabilidades e mais oportunidades de influenciar” o quotidiano das pessoas, disse o militante do partido Liberal Democrata.
A lusodescendente Nathalie Madeira, vereadora em Metz, em França, desde 2008, admitiu ser necessário combater preconceitos, incluindo aqueles existentes dentro da própria comunidade. “A primeira geração – o meu pai – dizia que não isto não era para mim, que a política deve ser deixada à elite”, confiou, acrescentando: “Mas eu tento contrariar”.