Investigadores de Coimbra estão a estudar o impacto do novo metropolitano ligeiro de superfície de Macau e a política de expansão dos casinos e da indústria do jogo, anunciou a Universidade de Coimbra (UC).
Os dois projetos estiveram em destaque numa Missão de Investigação da Universidade de Coimbra a Macau, entre 19 e 26 de janeiro, e que visou criar uma articulação entre a cidade e a sua arquitetura.
Os dois projetos de investigação sobre o impacto do novo Metro Ligeiro no Waterfront de Macau e sobre os Casinos de Macau-Cotai, foram desenvolvidos no Departamento de Arquitetura (DARQ) da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC) da Universidade de Coimbra.
As opções apresentadas na investigação, liderada pelos professores Jorge Figueira e Nuno Grande, “constituem um contributo pró-ativo da UC para o debate, hoje em curso em Macau, sobre as transformações urbanísticas e arquitetónicas do seu tecido urbano, geradas por recentes processos de infraestruturação na região – a inserção do novo sistema de Metro Ligeiro de Macau e a nova faixa de aterros urbanos no Waterfront da cidade -, mas também pela política de expansão dos casinos e da indústria do jogo”, explica a UC, numa nota divulgada à imprensa.
Em declarações recentes, o Governo chinês destacou a necessidade deste desenvolvimento “ser realizado de modo mais sustentável no futuro, contrariando a concentração excessiva da economia de Macau nas atividades do Jogo e na exagerada densificação dos novos aterros urbanos”, realçam os docentes do Departamento de Arquitetura da UC.
Sobre o impacto do novo Metro Ligeiro no Waterfront de Macau, foram divulgados os resultados de uma investigação dedicada à articulação entre «Cidade e Infraestrutura», que analisou a relação histórica entre a cidade e a água. A investigação concentrou as suas opções de Projeto Urbano e Arquitetónico da inserção do novo Sistema de Metro Ligeiro na cidade e o seu impacto na transformação do Waterfront Sul da península de Macau, explica Nuno Grande.
Os investigadores analisaram o traçado do Metro Ligeiro (ainda em estudo pelo Gabinete de Infraestrutura e Transportes (GIT) do Governo de Macau), mas também os novos aterros urbanos, não apenas os propostos pelo Plano Diretor de Macau, como os aterros anteriores gerados por dois planos urbanísticos conduzidos pelos arquitetos portugueses Manuel Vicente e Álvaro Siza. “Este projeto tem como objetivo principal ligar, de modo mais sustentável, os novos aterros urbanos aos anteriores, privilegiando, sobretudo, a relocalização das novas Estações de Metro Ligeiro, as áreas verdes lúdicas e as zonas de passeio de peões junto à água, em articulação com novas áreas de residência e de equipamentos”, explica a nota divulgada pela UC.
Já a investigação sobre os Casinos de Macau visa analisar “a presença destas estruturas no território, particularmente as suas características arquitetónicas e urbanas, sem preconceitos no plano estilístico ou programático” e refletir sobre estes edifícios que dominam a cidade, partindo do Casino Lisboa até às mais recentes construções em Cotai, “inventariando e analisando casos de estudo”, revela Jorge Figueira. O objetivo é criar formas de integração dos casinos, apontar-lhes uma cultura arquitetónica e possibilitar a sua viabilidade para lá do Jogo.
“Parte-se do princípio que se Macau não pode só ser uma ‘cidade do jogo’, também os Casinos não podem ser só uma ‘arquitetura do jogo’, explica a nota da UA. As investigações foram realizadas no âmbito do «Macau-Coimbra Project», integrado na Plataforma de Colaboração para as Indústrias Culturais e Criativas Portugal-RAEM (Região Administrativa Especial de Macau), do programa Inov C da Universidade de Coimbra e financiado pelo QREN.