O presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, defendeu a revisão de todo o acordo com os Estados Unidos relativo à base das Lajes, na Ilha Terceira e não apenas a sua parte técnica, como admitiu o primeiro-ministro.
“Quando falamos de rever o acordo técnico, estamos a falar, a circunscrever o impacto desta decisão apenas à base das lajes e o que eu acho é que a forma como este processo foi conduzido pelos Estados Unidos da América merece uma resposta mais firme, mais determinada, da parte do Estado português”, disse Vasco Cordeiro, numa entrevista à RTP, acrescentando que, “naturalmente, tem de ser desencadeada a revisão do acordo”.
O presidente do executivo açoriano sublinhou que os EUA confirmaram no início deste mês que vão retirar das Lajes, na ilha Terceira, 500 civis e militares norte-americanos e despedir 500 trabalhadores portugueses, exatamente a mesma decisão que haviam já transmitido a Portugal há dois anos.
“Durante os últimos dois anos, os mais variados níveis de representação política e institucional do nosso país demonstraram aos EUA que esta era uma decisão que necessitava ser modelada, era uma decisão que, como fora anunciada, não deveria ir avante”, sublinhou, repetindo a expressão “monumental bofetada na casa do Estado português”, que utilizou no dia em que se soube da decisão norte-americana.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, defendeu, que os EUA “não podem deixar de atender” ao impacto económico da redução da sua presença na Base das Lajes e admitiu suscitar a revisão do acordo técnico bilateral.
Vasco Cordeiro referiu que o Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os EUA prevê “os mecanismos” para ser acionada a sua revisão e integra várias áreas, que vão desde a utilização das instalações da base das Lajes, a cooperação militar ou investigação e desenvolvimento na área da Defesa.
O presidente do executivo açoriano, que se vai reunir com o Presidente da República, admitiu ainda a possibilidade de a infraestrutura das Lajes ser usada por outro país que não os EUA, como a China, com quem Portugal tem “uma relação diplomática” que é “muito anterior” àquela que tem com Washington.
“Se é certo que, do ponto de vista militar, há muito que nos distingue, do ponto de vista do interesse comercial se calhar, não há assim tanto”, afirmou, admitindo a possibilidade de serem avaliadas “as pretensões que podem existir quanto à rentabilização das instalações que existem nos Açores, no meio do atlântico, para um conjunto de interessados que podem ter uma comunhão de interesses” com os nacionais.
Habitantes receiam “morte da economia da ilha”
Registe-se que os comerciantes e outros moradores na Praia da Vitória, na ilha Terceira (Açores), estão preocupados com as notícias da redução do efetivo militar na base das Lajes, mas salientam que o impacto já se tem feito sentir.
“Vai ser a morte da economia da ilha e até dos Açores, mas principalmente da ilha Terceira. Desde agosto de 2013, que os militares norte-americanos são destacados para as Lajes sem direito ao acompanhamento das famílias e por um período mais reduzido.