A Câmara de Lisboa apelou aos lisboetas para entregarem peças de vestuário, como luvas, gorros, cachecóis, casacos e cobertores, nos quartéis de bombeiros da cidade, para apoiar a população sem-abrigo devido ao tempo frio.
Em declarações à agência Lusa, o vereador da segurança e proteção civil da Câmara de Lisboa, Carlos Castro, explicou que a ativação do plano de contingência para os sem-abrigo devido ao tempo frio encontra-se no nível de alerta amarelo, o terceiro mais grave de uma escala de três, razão pela qual as estações de metro e de comboio ainda não foram abertas, uma vez que só serão acionadas no nível laranja.
“Entraremos em contacto com o metro e com os caminhos-de-ferro para abrirem as estações, que já estão identificadas, quando estivermos no nível laranja”, esclareceu.
Neste momento, o plano de contingência está a ser executado através de “cinco equipas de rua da Câmara de Lisboa e também de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS)”, que encaminham as pessoas para o Pavilhão Desportivo do Casal Vistoso, a funcionar 24 horas por dia, e para os centros de acolhimento do município e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que acolhem a população sem-abrigo e onde podem pernoitar.
No Metro dos Restauradores (porta da estação frente à antiga Loja do Cidadão), do Intendente (porta da Rua Andrade) e do Saldanha (porta junto ao Edifício Monumental), assim como na fachada principal da estação de comboios de Santa Apolónia (átrio principal) e na Gare do Oriente (entrada frente ao centro comercial Vasco da Gama) estarão a Equipa Técnica de Intervenção de Rua da associação Vitae, do Movimento ao Serviço da Vida e da Comunidade Vida e Paz, adianta o município.
Segundo o vereador Carlos Castro, “está a correr tudo como o previsto da parte do município e também dos parceiros sociais” que em conjunto fazem intervenção no apoio às pessoas sem-abrigo.
“O plano de contingência vai ficar ativo enquanto se registarem temperaturas baixas com 3 ou menos graus celsius. A partir do momento em que as temperaturas começarem a subir, o plano é desativado”, afirmou.
O vereador da Câmara de Lisboa lançou um apelo aos cidadãos que queiram ajudar a população sem-abrigo a “dirigirem-se a qualquer quartel de bombeiros da cidade, seja do Regimento de Sapadores de Bombeiros, seja dos bombeiros voluntários, para entregar um par de luvas, um gorro, um cachecol, um casaco ou um cobertor”.
No Porto, à semelhança do que acontece há vários anos, perante o aviso de tempo mais frio para os próximos dias, a Câmara do Porto contactou a administração da Metro do Porto pedindo a abertura de uma estação durante o período noturno para acolher os sem-abrigo da cidade, que ficou, contudo, deserta nesta primeira noite.
“A estação esteve aberta toda a noite mas não foi procurada por ninguém”, disse à Lusa o vereador da Proteção Civil da Câmara, Manuel Sampaio Pimentel.
Segundo o vereador, perante o aviso de tempo frio lançado na segunda-feira pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), “até ao dia 01 de janeiro, pelo menos, a estação vai permanecer aberta durante toda a noite”.
Noutras ocasiões, sempre que for necessário, será acionado um plano semelhante, adiantou a fonte.
A par desta medida, disse, “há outros mecanismos que decorrem normalmente perante avisos de tempo mais frio”, como colocar o Batalhão dos Sapadores Bombeiros a realizar rondas pela cidade, acompanhando instituições de solidariedade social que habitualmente apoiam sem-abrigo, nas quais distribuem refeições leves quentes e cobertores.
“No caso de haver um sem-abrigo com necessidade de cuidados especiais os bombeiros estão lá para de imediato fazerem o seu transporte para o hospital”, sublinhou.
Manuel Sampaio Pimentel, que assumiu este mesmo pelouro durante dez anos enquanto vereador dos anteriores executivos liderados pelo social-democrata Rui Rio, adiantou ainda que hoje iniciará contactos com a Santa Casa da Misericórdia do Porto no sentido de “perceber se, em caso de necessidade, tem alguma disponibilidade em acolher temporariamente algum sem-abrigo numa residência”.
Contudo, disse, “há sempre uma grande resistência dos sem-abrigo em querer um acolhimento temporário”.
Nestas medidas previstas para noites mais frias, a Câmara do Porto conta ainda com os parceiros hospitais de S. João e S. António.