Crónica do Recife
Natal é alegria, confraternização, votos de felicidades traduzidos em copos tilintando, iluminações feéricas nas ruas, nos estabelecimentos públicos e particulares, em guirlandas na porta de casa, no pinheirinho iluminado, na troca de presentes, de cartões, de correios eletrônicos, de telefonemas, etc…
Época de música, de muita música. Corais de igrejas nos templos e em praça pública, encenações teatrais. Mesa mais farta, iguarias especialmente preparadas para a época.
Comércio intenso, sorrisos de felicidade, discursos, pregações e muitas outras manifestações de alegria. A arte dos Presépios enternecedores com a figura do menino no berço de palha, a estrela guia, magos, e os animais que cederam espaço para Sagrada Família.
Estranhas vozes celestiais ecoando pelos quatro cantos da terra. Mas tudo isso acontece, é bom lembrar, porque há mais de dois mil anos nascia, em circunstâncias estranhas em Belém de Judá, na manjedoura de uma estrebaria, um menino a quem foi posto o nome de Jesus.
E porquê essas comemorações, esse “transtorno” universal que já dura há mais de dois mil anos? Porque esse menininho não era uma criança qualquer. Era um desejado, um prometido desde a queda no Éden, promessa constantemente relembrada pelos profetas: “e um menino nos nasceu … e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”, como pregava Isaías.
E na plenitude dos tempos dos escrínios divinos, estando Maria de José grávida por virtude do Espirito Santo, teve que se deslocar a Belém para o recenciamento obrigatório. Chegou a hora do parto e não havia hotel, nem pensão, nem casa, nem quarto para acudir ao casal.
A única alternativa foi uma estrebaria e para berço só a manjedoura. E ao mesmo tempo pastores que guardavam os seus rebanhos na vigília da noite, ficaram assustados com sinais estranhos no firmamento. Mas logo uma voz angelical os tranquilizou: “não temais, eis que vos trago novas de grande alegria … hoje vos nasceu na cidade de David, o Salvador, que é Cristo o Senhor. E de imediato apareceu um coro celestial que proclamava: “Glória a Deus nas alturas e Paz na terra entre os homens a quem Ele quer bem” S. Lucas 2:9-15.
Foi o primeiro Natal. Acontecimento inusitado. O Maravilhoso…. o Deus Forte nasce numa estrebaria, sem berço, sem roupa, sem pompa, embora anunciado por anjos, visitado e presenteado por Reis.
Acontecimento que transtornou o mundo. Que implantava uma nova sociedade, mais humana, mais compreensiva, mais esperançosa, mais fraternal, mais transformadora, holística: salvadora do corpo e da alma. Natal que repetimos todos os anos. Festa universal da fraternidade e por isso festa de inclusão.
Viver as alegrias da dádiva do Pai é bom, mas é importante também que as repartamos com o nosso semelhante necessitado e com o aflito e desanimado. Como diz a oração de S. Francisco: “é dando que se recebe”. E porquê tudo isso? São João, o Evangelista, responde: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que lhe deu o Filho unigênito para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a Vida Eterna”.
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