O patriarca emérito José da Cruz Policarpo morreu esta quarta-feira em Lisboa, aos 78 anos..
O atual patriarca emérito de Lisboa morreu na sequência de uma operação a um aneurisma na aorta, num hospital de Lisboa, onde deu entrada depois de se ter sentido mal esta manhã, disse a irmã mais nova de José Policarpo.
Maria do Céu Policarpo adiantou que o irmão deu entrada no hospital do SAMS, do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, na sequência de um aneurisma, e que morreu na sala de operações.
O cardeal José da Cruz Policarpo tinha 78 anos e era atualmente patriarca emérito de Lisboa, depois de ter sido patriarca de Lisboa entre 1998 e 2013.
O assessor do patriarcado, padre Nuno Rosário Fernandes, adiantou que as exéquias vão realizar-se na Sé de Lisboa, na sexta-feira, às 16.00.
José da Cruz Policarpo foi o 16.º Patriarca de Lisboa, cargo que ocupou durante 16 anos, entre 1998 e 2013, tendo sido nomeado Cardeal em 2001.
Ordenado padre aos 25 anos, tornou-se bispo aos 42 e, aos 61, coadjutor do Cardeal-Patriarca de Lisboa, com direito a sucessão, mas nunca foi o que gostaria de ter sido: pároco.
Filho de agricultores proprietários e rendeiros, o seu “modelo” era o pároco que o batizou, visita habitual na casa que partilhava com oito irmãos.
Soube desde muito cedo que queria ser padre e entrou para o seminário depois de concluir a instrução primária, mas o seminário trouxe-lhe, de início, as saudades de casa, que, por vezes, pensou não aguentar.
Afirmou, contudo, que à semelhança do que sucedeu durante a infância, a sua vida de seminarista foi feliz.
Estudou Filosofia e Teologia nos seminários de Santarém, Almada e Olivais, em Lisboa.
Nascido a 26 de fevereiro de 1936 em Alvorninha, freguesia do concelho de Caldas da Rainha, teve como primeira missão dirigir e lecionar num seminário que o Cardeal Cerejeira abriu em Penafirme, Torres Vedras, mas cinco anos depois seguiu para Roma, onde prosseguiu os estudos.
Entre 1966 e 1970 viveu na capital italiana, onde se licenciou em Teologia Dogmática em 1968, pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, com uma tese intitulada “Teologia das Religiões Não-Cristãs”.
Alí defendeu também uma tese de doutoramento em que desenvolvia a ideia de que a “Igreja deve estar atenta à história dos homens e captar nela sinais positivos do Reino de Deus, porque uma sociedade justa não está apenas presente na realidade explícita do Cristianismo, mas acontece também na vida dos homens”.
D. José Policarpo dirigiu durante quase três décadas (1970-1997) a formação dos padres saídos do Seminário dos Olivais. Foi reitor da Universidade Católica de Lisboa durante oito anos, chefiou o projeto da Igreja Católica na TVI e era o braço direito do seu antecessor, o Cardeal-Patriarca D. António Ribeiro, desde 1978, ano em que recebeu a ordenação episcopal como bispo titular de Caliábria.
Ao tomar posse na Sé Patriarcal de Lisboa como arcebispo coadjutor, aproveitou para defender que a Igreja deve “partir para a abertura de novos ritmos pastorais” e declarou-se disposto a entregar à diocese da capital o resto da sua vida.
Protagonista da renovação cultural da Igreja Católica em Portugal, tornou-se patriarca emérito de Lisboa em 2013 e tem cerca de cinquenta obras publicadas, é sócio honorário da Academia das Ciências de Lisboa e académico de mérito da Academia Portuguesa de História.