Paulo Bento aproveitou o encontro particular em Leiria com os Camarões para observar alguns jogadores menos utilizados na seleção como Rafa e Ivan Cavaleiro. O selecionador nacional garante que existe uma “base e alguma estabilidade” mas o grupo final para o Mundial2014 ainda está em aberto.
Além das estreias absolutas dos avançados do Benfica e do Sporting de Braga na convocatória para o confronto em Leiria, Paulo Bento promoveu ainda vários regressos de jogadores que estiveram afastados das mais recentes escolhas de Paulo Bento, casos de Rolando, Miguel Lopes, Ruben Amorim e Edinho.
“[Este jogo] serve para tentarmos competir da melhor maneira possível, conhecendo melhor alguns jogadores que não tiveram oportunidade de estar na seleção, mas que têm tido um trajeto no seu clube e nos sub-21 que lhes permitiu chegar aqui. É verdade que é um estágio muito pequeno, mas era a derradeira oportunidade para termos esse contacto antes da convocatória final”, observou o técnico, ainda antes do encontro, que prescindiu de Rui Patrício, habitual guarda-redes titular.
Mais preocupante é a ausência do ponta de lança Hélder Postiga, segundo melhor marcador de Portugal na fase de qualificação, com seis golos, que não foi chamado para o particular com os Camarões devido a um problema físico, ao contrário do extremo Quaresma, o que, segundo Paulo Bento, “não significa que não possa estar na convocatória” para o Mundial, que será divulgada a 19 de maio.
O selecionador português explicou que “existe uma base e alguma estabilidade” nas suas escolhas, mas procurando sempre manter “um grupo aberto”: “Tenho na minha cabeça uma base de jogadores que tem boas perspetivas de estar na fase final, mas neste momento não é uma lista fechada”.
Paulo Bento justificou a escolha dos adversários para a realização de jogos particulares antes do Campeonato do Mundo, no Brasil, em função dos adversários que encontrará no grupo G da fase final: Alemanha, frente à qual se estreará, a 16 de junho, em Salvador, Estados Unidos, que defrontará a 22, em Manaus, e Gana, último adversário na fase de grupos, a 26, em Brasília.
“O que tivemos em conta para jogar agora com os Camarões foi o facto de termos uma equipa africana na fase final do Mundial e depois jogaremos com a Grécia, o México e a República da Irlanda, duas equipas europeias, como a Alemanha, e o México, que competiu com os Estados Unidos” na fase de qualificação, assinalou Paulo Bento.
O selecionador admitiu a possibilidade de chamar Fernando para a fase final do Mundial2014, sublinhando que o luso-brasileiro não poderia estar convocado para o particular com os Camarões por questões extradesportivas.
“Fernando não está [convocado] nem podia estar pré-convocado por um problema que está à margem da questão desportiva. O mesmo se passa para Fernando ou qualquer outro jogador: o facto de não estar neste momento não significa que não possa estar na convocatória para o Mundial”, disse Paulo Bento, em conferência de imprensa realizada na sede da Federação Portuguesa de Futebol, em Lisboa.
O médio do FC Porto, que manifestou publicamente interesse em representar Portugal, já jogou pela seleção do Brasil no campeonato sul-americano de sub-20, em 2007, necessitando, por isso, de uma autorização da FIFA para poder alinhar pela equipa lusa.
O azar no sorteio para o Euro2016
O selecionador português lamentou “o azar tremendo” de ter de disputar os particulares com a França no primeiro jogo de jornadas duplas de qualificação para o Europeu de 2016, ao contrário dos principais adversários.
Paulo Bento criticou também o conceito da “semana do futebol”, criado pela UEFA para a fase de apuramento para o Campeonato da Europa que se vai realizar em França, porque retira tempo de recuperação às equipas e foi feito sem consultar os selecionadores nacionais.
“Tendo em conta que foi feito por computador, tivemos um azar tremendo, não posso pensar noutra coisa”, observou o treinador nacional, assinalando que a Dinamarca e a Sérvia, os dois maiores rivais na luta pelo apuramento no Grupo I de qualificação, não tiveram idêntico “azar”.
O agrupamento de Portugal, que integra também a Arménia e a Albânia, é o único composto por cinco equipas e por via disso vai receber a anfitriã França para a realização de encontros particulares, sem impacto na classificação.
“A Dinamarca faz um dos jogos com a França já quando acabou a sua fase de qualificação. Não tivemos muita sorte, à parte de que também somos os únicos que jogamos uma jornada dupla com os concorrentes diretos [Sérvia e Dinamarca]”, lamentou, na conferência de imprensa em que anunciou os convocados para o particular com os Camarões.
Paulo Bento, que voltou a rejeitar que o grupo de Portugal possa ser considerado acessível, mesmo considerando que se apuraram os dois primeiros classificados e, eventualmente, o terceiro, questionou também o novo conceito da semana do futebol.
A UEFA alterou o calendário, a fim de permitir a realização de jogos entre quinta-feira e a terça-feira seguinte, em casos de jornada dupla, com oito a 10 partidas por dia e as seleções a jogarem alternadamente à quinta-feira e domingo, sexta-feira e segunda-feira ou sábado e terça-feira.
“Convinha chamar os selecionadores e treinadores para essas conversas para não decidirem alguns que nunca deram um pontapé na bola”, criticou Paulo Bento, explicando que, apesar de poder ser uma experiência agradável para o público, retira 24 horas de recuperação às seleções, obrigando-as a “um grau de exigência tremendo”.