A predilecção dos chineses pelo vinho tinto terá várias explicações, mas uma das mais faladas tem a ver com factores culturais: o vermelho é a cor da sorte e da prosperidade. Portugal, com os seus tintos suaves e aromáticos, começa a ganhar cada vez mais relevância no mercado chinês e a verdade é que a China já entrou na lista dos países fora da Europa que mais compram vinho português.
A China consumiu em 2012 um total de 1865 milhões de garrafas de vinho tinto, superando a França para se tornar no maior mercado mundial, revela o estudo da Vinexpo, a associação mundial de vinhos e destilados.
Apesar da paixão chinesa pelos tintos, a tabela dos maiores consumidores de vinho continua a ser liderada por Estados Unidos da América, França e Itália quando se incluem na equação os vinhos brancos, doces, fortificados e espumantes.
Os 155 milhões de caixas de nove garrafas de vinho tinto absorvidos pelo mercado chinês representam um crescimento de 136 por cento relativamente aos números de 2008. A França (150 milhões), a Itália (141 milhões), os Estados Unidos da América (134 milhões) e a Alemanha (112 milhões) ocupam as posições seguintes.
A predilecção dos chineses pelo vinho tinto terá várias explicações, mas uma das mais faladas tem a ver com fatores culturais: o vermelho é a cor da sorte e da prosperidade, enquanto o branco é a cor da morte.
Embora a importação seja a fonte mais importante deste culto do vinho tinto na China, há também uma tendência clara para apostar na viticultura.
Neste momento, a área de vinha naquele gigantesco país asiático já representa mais do dobro da existente em Portugal e a quantidade de vinho produzida chega a colocar a China no quinto posto do ‘ranking’ mundial.
O estudo da Vinexpo realça também que o consumo de vinho continua em alta no mundo: depois de ter aumentado 3,23 por cento entre 2008 e 2012, a expetativa é que o mercado continue a crescer e se chegue a 2017 com uma subida de 4,97 por cento relativamente a 2013.
Os mercados asiáticos (23 por cento até 2017) e norte-americano (14 por cento) são os que registarão maior acréscimo de procura, por contraste com a Europa, em fase de estagnação (-0,14 por cento).
Compra de vinho português cresce 9 milhões de euros
Com 10,4 milhões de euros de vinho português adquirido de Janeiro a Novembro de 2013 por parte dos chineses, este é dos países de fora do continente europeu que mais cresceram na importação de vinho nacional nos últimos anos. Os números registados pelo Instituto Nacional de Estatística realçam um crescimento de 1,2 milhões de euros na compra de vinho português por parte da China em 2013, mais 13 por cento do que os dados de igual período de 2012.
Analisados os valores relativos às importações de vinho português por parte da China, atente-se ao fato de que, em 2008, essas compras de vinho português eram apenas de 1,5 milhões de euros.
Entre 2008 e 2013, de acordo com os dados estatísticos do INE, as exportações de vinho português para a China cresceram 8,9 milhões, um incremento de 593 por cento que não tem paralelo com nenhum outro país asiático na importação de bens alimentares portugueses. Neste período, note-se que o crescimento mais significativo no que concerne a milhões de euros registou-se entre 2010 e 2011, quando as vendas de vinho português para a China cresceram quatro milhões de euros atingindo os 8,2 milhões de euros, um salto percentual de 95 por cento.
Tintos com acção antioxidante
O vinho tinto é rico em flavonóides, que exercem efeitos anti-inflamatórios e têm uma acção antioxidante, reduzindo o risco de doenças como arteriosclerose e trombose. Contém procianidinas que exercem um efeito protector sobre as paredes dos vasos sanguíneos. E o principal elemento é o resveratrol, proveniente das cascas e das sementes das uvas, estando menos presentes no vinho branco, o qual tem sido associado à redução do risco de doenças cardiovasculares, esteatose hepática e cancro da mama.
O vinho tinto é feito com uvas roxas ou pretas, chamadas uvas tintas. A cor avermelhada surge quando o suco incolor entra em contacto com a casca da uva durante a fermentação e absorve esta cor.
Juntamente com a cor, a casca da uva dá ao vinho o tanino, uma substância que tem papel importante no sabor do vinho. A presença do tanino no vinho tinto é a principal diferença entre o vinho tinto e o vinho branco.
Os vinhos tintos costumam ser mais complexos que os vinhos brancos, pois têm algo a mais no seu sabor e possuem uma maior variedade de estilos do que os vinhos brancos.
Isto deve-se ao facto de que os fabricantes têm mais controlo sobre o estilo do vinho (diversas formas de ajustar os processos de fabrico para obter o tipo de vinho que pretendem).
Tinto mantém corpo equilibrado
Dois novos estudos efectuados em Israel e na Alemanha concluíram que o consumo de uma taça de vinho tinto por dia durante a refeição pode trazer benefícios para a saúde.
O primeiro destes estudos foi realizado em Jerusalém e descobriu que harmonizar costelas de peru com vinho tinto previne o aumento de uma substância chamada malondialdeído no plasma sanguíneo – classificada como um radical livre associada ao stresse oxidativo, que, por sua vez, está ligada a doenças como a aterosclerose, o mal de Parkinson e o Alzheimer. Antes deste estudo, uma pesquisa semelhante concluiu que uma pessoa faz refeições ricas em gorduras, se consumir uma taça de vinho tinto junto, apresenta níveis de inflamação nos vasos sanguíneos mais baixos que se as mesmas refeições forem acompanhadas de outras bebidas (como termo de comparação, a pesquisa mostrou que as inflamações aumentam significativamente se o indivíduo bebesse refrigerante durante a refeição).
A pesquisa seguinte, realizada na Alemanha, revelou que os homens que consomem regularmente vinho tinto conseguem manter a forma mais facilmente. Para o estudo, que foi publicado no Annals of Nutrition and Metabolism, foram monitorizados cerca de oito mil homens entre 50 e 59 anos, e aqueles que bebiam vinho regularmente se mostraram mais magros do que os demais. É possível que essa associação ocorra devido ao facto de o vinho ajudar na digestão dos alimentos e no envio dos nutrientes presentes neles para o corpo.
Portugal cresce 35%
Portugal está entre os dez países que mais exportam para o país que mais consome vinho a nível mundial: Estados Unidos da América. De acordo com números que determinam as exportações de vinho entre 2007 e 2011 para os Estados Unidos da América (estudo elaborado pela IWSR – International Wine and Spirit Record), Portugal foi o terceiro país que mais cresceu na exportação deste produto com um valor registado de 35,4 por cento.
Se em 2007 Portugal tinha exportado 705 mil caixas de nove litros (ou 12 garrafas de 750 ml) essas vendas internacionais passaram a 905 mil caixas nove litros (ou 12 garrafas de 750 ml).
No que diz respeito ao crescimento nas exportações de vinho para os Estados Unidos da América, Portugal foi apenas suplantado pela Argentina (mais 107 por cento) e Nova Zelândia (mais 44 por cento).
Austrália (menos 17 por cento), França (menos 16 por cento) e Alemanha (menos 5 por cento) perderam alguma competitividade no que concerne à venda de vinho para os Estados Unidos da América.
Estes números podem ajudar a perceber a tendência no consumo de vinho por país de origem do produto, sendo que os vinhos portugueses ganham cada vez mais adeptos em território norte-americano.
Portugal é 9º exportador mundial de vinho
O mesmo estudo determinou também quem são os dez países que exportam mais vinho ao nível mundial e nesse ranking, Portugal manteve a nona posição que tinha ocupado nesta publicação elaborada pela IWSR – International Wine and Spirit Record.
Em 2007, Portugal exportou 202 milhões de euros e em 2011, o valor das vendas internacionais de vinho foi de 280 milhões de euros, resultando assim num aumento de 38,4 por cento. Nesta tabela, Portugal só foi ultrapassado por países como Argentina, Itália e Estados Unidos da América.
Apesar dos valores de consumo interno de vinho terem vindo a baixar, de forma proeminente ao longo dos anos, este mercado tem atingido valores de vendas nunca antes vistos, devido à exportação que, em 2012, ultrapassou os 700 milhões de euros. Recorde-se que o mercado do vinho em Portugal vale mais de mil milhões de euros, dos quais apenas cerca de 300 milhões de euros são para consumo interno, de acordo com os dados mais recentes.