As vendas de vinho para os Estados Unidos da América voltaram a ultrapassar os 50 milhões de euros em 2012, níveis que representam um crescimento de 34 por cento face a 2009, mais 13 milhões de euros. Em 2011, os EUA bateram a França como o maior consumidor de vinho do mundo e as perspectivas apontam para que o consumo cresça 10 por cento até 2015.
O estudo sobre ‘O Mercado Internacional do Vinho’ elaborado pelo Instituto da Vinha e do Vinho (datado de Abril de 2011), traça o perfil dos principais países importadores de vinho português e dos seus consumidores.
Este documento revela que 74 por cento do valor é da responsabilidade de apenas dois dos targets cujo comportamento principal é caracterizado pelo experimentalismo e pela necessidade de diversificar a base de consumo e de entrar numa lógica mais complexa de avaliação do vinho.
É esta lógica experimentalista e de procura de diversidade, que pode justificar que os vinhos de importação que mais crescem sejam os dos países com uma quota de mercado mais tímida (de que Portugal faz parte), e não dos países já bem estabelecidos como a Itália, França ou a Austrália.
Os mais jovens, até 35 anos, são de forma significativa os que mais investem em vinhos de preço mais elevado (dentro e fora de casa): um grupo alvo que se revela crítico para a construção de valor.
A casta é o critério mais relevante de escolha porque é uma referência simples e objectiva de sabor, colocando a necessidade clara do destaque e prestígio das castas, pela notoriedade e pela diferenciação degustativa.
As regiões são um critério secundário mas que assume relevância para o target mais importante na construção de valor. Tal como as castas, as regiões devem ser objecto de divulgação em termos do valor e estilo de vinhos que representam. A casta e a recomendação de amigos são os critérios mais relevantes na escolha do vinho a comprar.
Crescer 13 milhões de euros
As exportações de vinho português para os Estados Unidos da América fecharam o ano de 2012 com valores muito próximos das vendas registadas em 2002: 51,3 milhões de euros. Este crescimento no consumo de vinhos num dos maiores mercados de vinho do mundo revela bem a vitalidade das vendas internacionais de vinho e como as empresas exportadoras estão atentas aos Estados Unidos da América.
Como já vimos, Portugal exportou vinhos para o território norte-americano no valor de 51,3 milhões de euros em 2012. Em 2011, as vendas internacionais de vinhos atingiram os 47,4 milhões de euros, um crescimento muito interessante.
Aliás, as exportações de vinho para os Estados Unidos da América têm estado sempre acima dos 38 milhões de euros nos últimos dez anos e, curiosamente, os valores das vendas internacionais de 2012 são muito semelhantes às vendas de 2002 (53,2 milhões de euros).
Quando comparadas com as vendas internacionais de 2009, Portugal cresceu 13,1 milhões de euros, ou seja, 34 por cento nas exportações de vinho de 2012.
EUA são o maior consumidorde vinho do mundo
Os Estados Unidos da América tornaram-se o maior consumidor de vinho do mundo em 2011 com um consumo de 2.800 milhões de litros de vinho (13 por cento da produção mundial de vinhos), à frente da França e Itália, de acordo com um estudo realizado pela Vinexpo e pelo International Wine & Spirits Research.
As perspectivas desta entidade sugerem que no período 2011-2015 o consumo de vinho nos EUA cresça 10 por cento e uma vez que a produção de vinho norte-americana é insuficiente para suprir as necessidades do mercado interno, os EUA são representam uma enorme oportunidade.
Por outro lado, este documento destaca o rápido crescimento de mercados consumidores como a China e Hong Kong, cujos valores de 2011 ultrapassaram os do Reino Unido, o que coloca a China como o quinto maior consumidor de vinho do mundo.
As estimativas apontam para que o consumo desta bebida naquele país asiático cresça 54 por cento nos próximos cinco anos. Em consumo anual per capita, a França e Itália continuam a ser os principais países com registos de 50 litros por pessoa por ano, em comparação a 13 litros nos EUA e apenas dois litros na China.
Diversidade de castas ímpar
Qual é a vantagem dos vinhos portugueses? Para o especialista de vinho norte-americano Doug Frost, o segredo dos vinhos produzidos em Portugal “é a grande variedade de castas”, pelo menos 250, uma diversidade que não existe “em mais lado nenhum”.
A revelação deste conhecido especialista norte-americano (Doug Frost é jornalista e uma das três pessoas que detêm a qualificação foi feita à margem do evento “50 Melhores Vinhos Portugueses” que se realizou no início deste ano em Nova Iorque, Estados Unidos da América.
Touriga Nacional e Alvarinho são, para Doug Frost, exemplo de castas que têm demonstrado que “Portugal percebeu que não interessa competir com os grandes produtores de Cabernet e Sauvignon e isso faz todo o sentido”.
Especificidade das castas é desafio profissional
A especificidade das castas nacionais é, no entanto, um desafio comercial. “Portugal tem de fazer um trabalho de formação, que é muito difícil, para introduzir o consumidor às suas castas mais especiais.”
“O Periquita foi o primeiro (vinho português) que conheci, era um vinho que podia levar para qualquer mesa”, diz, acrescentando que foi quando passou a lua de mel em Portugal, em 1985, que descobriu a variedade dos vinhos nacionais.
A visita do americano não foi tranquila: “Fui assaltado no dia que cheguei. Uns amigos emprestaram-me tudo o que precisei. No regresso, duas semanas depois, a única bagagem que despachei foi uma caixa com os vinhos que comprei”, contou.
Desde essa altura, visita Portugal a cada dois anos. No Verão passado, regressou duas vezes para degustar mais de 600 vinhos em provas cegas.
“Durante muitos anos, Portugal foi conhecido pelos seus tintos. Agora, está a produzir uns brancos muito refrescantes que podem ter muito sucesso no mercado americano”, explica.
Dentro da seleção de 50 vinhos, Doug Frost destacou 10 “Top of the Top”, como um Moscatel de 2005 Adega de Palmela, da Adega Cooperativa de Palmela e 10 “Best Values”, como o CSL Sousa Tinto 2009, da Casa Santos Lima.
Negócios na América
A divulgação da lista aconteceu durante um almoço para cerca de 150 pessoas em Manhattan, seguido de uma prova de vinhos para profissionais da indústria e público em que participaram mais de 1000 pessoas.
O presidente da ViniPortugal, Jorge Monteiro destacou a relevância do mercado norte-americano: “É nos Estados Unidos que estão os principais críticos e as publicações mais relevantes. Ter sucesso neste mercado significa ter sucesso em muitos outros países”, declarou. este dirigente abrindo assim as portas deste mercado.